O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou nesta quarta-feira (25/9) da reunião de chanceleres do G20, em Nova York. Em seu discurso de abertura, destacou a necessidade de reforma da Organização das Nações Unidas (ONU) e do sistema financeiro global, além de citar as realizações no Brasil na presidência rotativa do G20, bloco que reúne as maiores economias do mundo.
É a primeira vez na história que uma reunião do G20 ocorre na sede das Nações Unidas, aberta a todos os 193 países-membros. A decisão sinaliza a importância da ONU como principal mecanismo de diálogo entre os países, mas também reforça o pleito por reformas estruturais.
“O Brasil mantém firme sua posição histórica: a ONU deve estar sempre no centro da governança global. A organização passa por uma crise de confiança, que precisa ser restabelecida”, declarou Lula. “O Brasil considera apresentar proposta de convocação de uma conferência de revisão da Carta das Nações Unidas com base em seu artigo nº 109”, acrescentou ainda o brasileiro.
A sessão reuniu ministros de Relações Exteriores dos países do G20, e foi conduzida pelo chanceler brasileiro, Mauro Vieira. Antes de Lula, o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, também discursou. Seu país será o próximo a presidir do G20.
Reformar as Nações Unidas está entre as prioridades da presidência brasileira do G20, que vai até novembro. O Brasil defende historicamente a necessidade de aumentar a representação de países menos desenvolvidos na Organização, e aponta que, atualmente, a ONU não está demonstrando capacidade de evitar guerras e propor soluções para os desafios mundiais, como as mudanças climáticas.
“Se os países ricos querem o apoio do mundo em desenvolvimento para o enfrentamento das múltiplas crises do nosso tempo, o Sul Global precisa estar plenamente representado nos principais foros de decisão”, disse ainda o presidente Lula.
O petista citou a necessidade de ampliar o Conselho de Segurança, que atualmente conta apenas com cinco membros permanentes, com direito a voto, e fortalecer a Assembleia Geral, que considera a “instância mais democrática da ONU”, onde todos os países podem expor suas visões.
Para o chefe do Executivo, é preciso também reduzir as taxas de juros de instituições como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI) para países menos desenvolvidos, taxar os super-ricos e reverter a tendência ao protecionismo no comércio internacional.
“Criticar sem agir é um exercício estéril que termina em desalento. Mas admitir que há fissuras a serem reparadas é o primeiro passo para construir algo melhor. Cada dia que passamos com uma estrutura internacional arcaica e excludente é um dia perdido para solucionar as graves crises que assolam a humanidade”, amarrou o presidente Lula.
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