Os aparelhos de ar-condicionado à venda no comércio eletrônico já registram queda de preços. O valor médio nas lojas virtuais baixou em fevereiro, o que representa um alívio para o bolso, diante da nova onda de calor que se aproxima. Foi a primeira queda após oito meses de altas seguidas. É o que atesta o Índice Fipe/Buscapé, que mapeia 524 modelos do eletrodoméstico e cerca de 150 milhões de ofertas no varejo on-line brasileiro.
A queda no valor foi de 4,7% no mês passado, em comparação com janeiro, quando o preço havia subido 2,3% em relação ao mês anterior. Em dezembro de 2023, a alta chegou a 7,3% em um mês.
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Esse recuo dos condicionadores de ar ajudou a puxar para baixo a variação anual do índice dos eletroeletrônicos do Fipe/Buscapé, que fechou em queda de 7,3% em fevereiro, em relação ao mesmo mês do ano passado. Entre janeiro e fevereiro deste ano, a queda foi de 0,56%.
Em comparação ao verão passado
Apesar da redução, o preço do ar-condicionado continua elevado em relação ao verão passado. Entre janeiro de 2023 e janeiro de 2024, segundo o índice, o preço médio do eletrodoméstico subiu 19,9%. Os ventiladores também subiram, em média, 2,3% no mesmo período. Outros eletrodomésticos de linha branca ficaram mais baratos em 12 meses, como fogão (-0,3%), geladeira (-3,6%) e lavadora de roupas (-4,3%).
A temperatura acima da média e a frequência maior de ondas de calor neste verão aumentou a demanda por ar-condicionado, puxando os preços para cima. “Os preços da categoria foram pressionados principalmente pelo desequilíbrio entre oferta e demanda, derivado do calor atípico”, afirmou Sergio Crispim, pesquisador e responsável pelo estudo, em nota.
Em geral, os aparelhos fabricados na Zona Franca de Manaus — que concentra 100% da produção nacional — levam dois meses para chegar às prateleiras. O aumento da demanda aconteceu justamente quando uma seca assolava a Amazônia, atrasando ainda mais a distribuição dos produtos.
Liquidações e mudança de estação explicam
Especialistas explicam que, apesar de o verão ainda oferecer o desafio de altas temperaturas, a demanda tende a cair à medida em que se aproxima o outono — a estação dá lugar ao outono no próximo dia 20 de março —, numa correção natural após o frenesi causado pelas ondas de calor.
A redução dos preços também é esperada por conta das liquidações de início de ano, quando lojas baixam os valores para tentar manter um ritmo de vendas razoável depois das tradicionais temporadas de compras do Natal e da Black Friday.
A Pesquisa Mensal do Comércio divulgada ontem pelo IBGE apontou alta de 3,6% nas vendas de móveis e eletrodomésticos em janeiro na comparação com dezembro, acima do índice geral do comércio varejista, de 2,5%. O resultado foi atribuído por analistas às promoções de início de ano.
Além do ar-condicionado, eletrônicos também ficaram mais baratos em fevereiro. Houve queda nos preços de celulares (-14,8%), monitores (-13,2%), notebooks (-12,9%), tablets (-11,6%) e TVs (-9,3%), segundo o Fipe/Buscapé.
O IBGE também apontou queda nos preços de ar-condicionado. Depois de seguidas altas desde setembro do ano passado — com pico de 8,56% em dezembro —, o produto teve deflação de 3,7% na medição do IPCA em fevereiro. Também ficaram mais baratos no mês passado ventiladores (-0,04%), lavadora de roupas (-0,43%) e fogões (-1,66%), segundo o IBGE.
Preço tende a cair mais no inverno
Para o economista André Braz, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a movimentação nos preços do ar-condicionado é normal por conta da sazonalidade de sua necessidade, mas ele desconfia que as mudanças climáticas, com fenômenos como as ondas de calor mais frequentes, afete essa dinâmica:
— É provável que, depois de subir muito (o preço do ar-condicionado) no verão, caia muito no inverno, se a estação se materializar como imaginamos, fria. Mas, quanto menor a queda de temperatura (se o calor persistir), mais resistente o preço fica. Porque, ainda que haja uma diminuição da demanda, ela pode diminuir menos que o esperado — apontou.
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