Esplanada vai fechar nesta quinta-feira (28/3) para recepção a Macron

Devido a cerimônia de recepção do presidente da França, Emmanuel Macron, nesta quinta-feira (28/3), a Esplanada dos Ministérios será parcialmente fechada. Os bloqueios no trânsito devem começar a ocorrer a partir das 8h, nas vias S1, na altura do Congresso Nacional e N1, em todos os acessos.

Quem precisa passar pela região, os caminhos podem ser substituídos pelas vias anexas às pistas N2 e S2, nas laterais dos ministérios. Ambas permitem o acesso ao Palácio do Planalto e seus anexos. Os trechos só serão liberados após o encerramento do evento.

Visita

O presidente francês Emmannuel Macron chegou ao Brasil nesta terça-feira (26/3). Ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a primeira agenda de Macron foi em Belém, no Pará, com foco ambiental e em desenvolvimento sustentável. A cidade também sediará a cúpula da COP30 em 2025.

Ambos embarcaram para a Ilha do Combu, onde acompanham a produção artesanal e sustentável do cacau da região e tiveram encontro com representantes indígenas. Houve, ainda, a entrega da condecoração do líder indígena Raoni Metuktire.

A viagem de Macron se estende ainda pelo Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília até 28 de março. No geral, a visita se concentrará em três áreas principais: questões estratégicas, cooperação em relação aos principais desafios globais, principalmente a mudança climática, e relações econômicas.

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Macron chega ao Brasil nesta terça; veja agenda do presidente francês no Pará

O presidente francês Emmannuel Macron chega ao Brasil nesta terça-feira (26/3). Ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a primeira agenda de Macron será em Belém, no Pará, com foco ambiental e em desenvolvimento sustentável. A cidade também sediará a cúpula da COP30 em 2025.

Ambos embarcarão para a Ilha do Combu, onde acompanharão a produção artesanal e sustentável do cacau da região e terão encontro com representantes indígenas. Está prevista ainda a entrega da condecoração do líder indígena Raoni Metuktire.

“Essa visita dará aos dois líderes a oportunidade de compartilhar seus pontos de vista sobre os principais desafios globais, especialmente sobre as questões de proteção da biodiversidade, transição ecológica e descarbonização das economias. Macron está empenhado em manter um diálogo constante e exigente com os principais países emergentes, incluindo o Brasil, um ator fundamental no cenário internacional do ponto de vista demográfico, econômico e diplomático”, apontou, em nota, a embaixada da França no Brasil.

A viagem de Macron se estende ainda pelo Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília até o dia 28 de março. No geral, a visita se concentrará em três áreas principais: questões estratégicas, cooperação em relação aos principais desafios globais, principalmente a mudança climática, e relações econômicas.

“Essa primeira visita de Estado ao Brasil e à América Latina oferece uma oportunidade de dar um novo

impulso à dinâmica das relações franco-brasileiras em todas as frentes, em um momento em que as

tensões e crises internacionais tornam mais necessário do que nunca fortalecer essa parceria

estratégica”, destacou a embaixada.

26/3 – Belém, Pará

16h15

Lula recebe Macron.

16h30

Encontro entre Macron e Lula a bordo de um barco para a ilha de Combu.

17h30

Visita à empresa produtora de cacau Filha de Combu.

18h15

Cerimônia de outorga a Legião de Honra ao Sr. Raoni Metuktire, cacique do povo Kayapo.

19h

Encontro com representantes de povos indígenas.

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Chuvas no ES deixam 15 mortos e milhares desalojados; Lula presta solidariedade

A Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil (Cepdec) do Espírito Santo informou, neste domingo (24/3), que foram confirmadas 15 mortes, sendo 13 em Mimoso do Sul e 2 em Apiacá, em decorrência das fortes chuvas que atingem o estado. Além disso, 4.481 pessoas estão desalojadas e mais de 200 perderam suas casas e estão em abrigo público.

O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, decretou, no sábado (23/3), situação de emergência nos municípios de Alegre, Alfredo Chaves, Apiacá, Atílio Vivacqua, Bom Jesus do Norte, Guaçuí, Jerônimo Monteiro, Mimoso do Sul, Muniz Freire, Muqui, Rio Novo do Sul, São José do Calçado e Vargem Alta. O chefe do Executivo estadual fez um sobrevoo e visitou o município de Mimoso do Sul, uma das cidades mais atingidas pela enxurrada.

“Vimos em Mimoso do Sul uma situação caótica, porque a cidade está sem comunicação devido à falta de energia, que precisou ser cortada. Nosso esforço é para que a gente possa retomar os serviços essenciais, além de resgatar as pessoas nas áreas alagadas e dar alimentação aos atingidos em todas as cidades. Toda a equipe de governo está envolvida neste trabalho de assistência”, afirmou o governador.

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Casagrande também ressaltou que o governo federal ofereceu ajuda. “Acabei de receber a ligação do presidente Lula, que expressou sua solidariedade à nossa população capixaba e reafirmou o apoio do governo federal para juntos superarmos mais esse desafio”, disse o governador.

Nas redes sociais, Lula prestou solidariedade às vítimas e pontuou que situações como as que atingem o Espírito Santo são intensificadas pelas mudanças climáticas. “O sofrimento das famílias que perdem parentes, bens e suas casas em decorrência das chuvas fortes tocam o país. Tragédias que se intensificam com as mudanças climáticas. Estamos trabalhando desde o ano passado para fortalecer a Defesa Civil e assistência do governo federal em momentos de crise, e também para aumentar os recursos de obras de prevenção”, comentou o presidente.

“O governo federal se solidariza com as famílias afetadas e as vidas perdidas e está em contato constante com os governos estaduais e municipais para proteger, prevenir e reparar os danos das enchentes”, comentou Lula.

Para este domingo, a previsão da Defesa Civil é a de que em trechos da região Sul do Espírito Santo e sul da Região Serrana há a probabilidade de 60% para acumulados de chuva de 10 a 30 milímetros. Nas demais regiões, há chance de 60% para 2mm a 10mm em alguns trechos, sendo que pontos isolados podem acumular 10mm a 30mm de chuva.

Já na segunda-feira (25/3), trechos da região Sul e sul da Região Serrana terão até 70% de probabilidade para acumulados de chuva de 10mm a 30 mm. Nas demais regiões, as chances ficam entre 50 e 60% para 2mm a 10mm de chuva.

Mimoso do Sul, cidade do interior do Espírito Santo, já registrou o acumulado de 231,8mm de chuvas nas últimas 24 horas. O temporal que atingiu o sul do estado fez com que grande parte do esperado para o sábado inteiro fosse observado ainda pela manhã. No município, vários veículos foram arrastados pelo temporal, incluindo um caminhão do Corpo de Bombeiros.

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O enigma das esculturas das ‘rainhas’ da Era do Gelo

É uma noite típica na caverna Hohle Fels, perto do ano 38.000 a.C.

No lado de fora, há uma estepe gelada e estéril — um cenário congelado, com poucas árvores, vigiado por leões e ursos das cavernas.

Mas, no lado de dentro, está se desenvolvendo uma acolhedora cena doméstica.

Um grupo de caçadores-coletores descansa em uma ampla sala de estar natural, completa, com teto que parece o de uma catedral, com cerca de 30 metros de altura. O salão é iluminado pelo brilho trêmulo de uma fogueira.

Uma mulher acaricia despreocupadamente um pequeno boneco de marfim pendurado no pescoço — seu pertence mais valioso. Por perto, alguém talha ferramentas de pedra.

O som rouco e inquietante de uma flauta de ossos de abutre permeia o ambiente, tomado pelo cheiro de carne de mamute assada.

Esta é uma cena plausível. Ela pode realmente ter acontecido.

Cerca de 40 mil anos se passaram até que arqueólogos escavassem aquele mesmo local — uma caverna de calcário que, hoje, fica no sudoeste da Alemanha — e descobrissem seis estranhos fragmentos de marfim, enterrados sob uma camada de três metros de sedimentos.

Os fragmentos eram minúsculos. Eles foram colados de volta e formaram uma estatueta: uma mulher com apenas 6 cm de altura e um anel no topo, em vez da cabeça — provavelmente, para poder ser usada como pingente.

Trata-se da Vênus de Hohle Fels, que se acredita ser a mais antiga representação de um ser humano já encontrada.

A descoberta ocorreu em 2008 e é uma das mais recentes dentre centenas de achados similares, que começaram a ser desenterrados no século 19: as estatuetas de Vênus.

Essas pequenas esculturas, normalmente, não têm rosto e nem mesmo cabeça. Muitas vezes, suas características sexuais são exageradas, com seios protuberantes, grandes nádegas, quadris largos, vulvas claramente definidas e dobras de gordura em torno da cintura.

Elas foram encontradas ou desenterradas em toda a Europa e na Ásia, desde o sopé verdejante dos Pireneus, entre a França e a Espanha, até as selvagens terras onduladas da Sibéria central, na Rússia.

Mas o mais notável talvez seja que a imensa maioria das obras de arte — muito mais numerosas do que qualquer outra representação da nossa espécie da Idade da Pedra que tenha chegado até nós — ilustra mulheres.

“É muito surpreendente… 99% delas são mulheres”, afirma a professora de pré-história da humanidade Katharina Rebay-Salisbury, da Universidade de Viena, na Áustria.

Este é o enigma das estatuetas de Vênus, que já dura 160 anos. Quem as terá feito e por quê?

Seriam elas deusas “mães” em miniatura, representações tangíveis da fecundidade feminina? Ou serão simplesmente ícones sexuais do paleolítico, as primeiras mulheres a serem transformadas em objetos, figurativa e literalmente?

Padrão surpreendente

Uma das primeiras estatuetas de Vênus desenterrada pelos arqueólogos foi encontrada no vale do Vézère, no sul da França, em 1864. A região é conhecida como o berço da humanidade, devido à alta densidade de sítios pré-históricos.

A estatueta foi encontrada por um marquês curioso, que estava cavando o terreno que havia acabado de passar por uma escavação arqueológica profissional.

A esguia miniatura é incomum, pois parece representar o tronco nu de uma jovem. Acredita-se que ela tenha sido feita pela cultura magdaleniana, que teve uma existência relativamente confortável e rica em produções artísticas, cerca de 11 mil a 17 mil anos atrás.

O marquês a batizou de “Vênus impudica”, aparentemente uma referência amarga às “Vênus pudicas” da arte clássica — estátuas de mulheres tentando cobrir sua nudez, muitas vezes sem muito sucesso.

De lá para cá, foram descobertas mais de 200 estatuetas de Vênus, feitas de argila ou esculpidas em uma grande variedade de materiais, como marfim, azeviche, chifres, ossos e diversos tipos de rochas.

Algumas são simples e mostram apenas indícios da forma feminina, mas outras foram produzidas com grande cuidado e maestria artística.

Mas o que atrai os pesquisadores há mais de um século e meio não são tanto as suas diferenças, mas as similaridades.

“Eu acho que elas são fascinantes porque são muito difundidas e [foram produzidas] em um espaço de tempo muito grande”, afirma Rebay-Salisbury. “Temos estatuetas que parecem do ano 17.000 a.C. e de 38.000 a.C. Como é possível relacionar esse espaço de tempo inacreditável?”

Essa diferença corresponde a mais de quatro vezes o período entre os dias atuais e o Antigo Egito, por exemplo. E o intervalo é ainda mais surpreendente se considerarmos que as culturas da Idade da Pedra não tinham acesso às tecnologias modernas de registro e transmissão de informações por períodos tão longos, como a escrita.

Um exemplo é a Vênus de Willendorf, descoberta às margens do rio Danúbio, no nordeste da Áustria, em agosto de 1908.

Com seios em forma de pêndulo, acúmulo de gordura no meio do corpo e grandes nádegas, ela foi interpretada como uma representação realista de uma mulher seriamente obesa.

Ela não tem os pés e o rosto, mas seus braços alongados com mãos estilizadas de três dedos repousam sobre os seios. Sua cabeça é coberta com o que alguns especialistas acreditam que seja um chapéu detalhadamente tecido.

Quando foi descoberta, ela ainda estava coberta com ocre vermelho, um pigmento pré-histórico que teria dado à sua pele um tom de terracota. Mas ele foi inadvertidamente retirado em um procedimento de limpeza excessivamente cuidadoso.

Já a Vênus de Hohle Fels é cerca de 14 mil anos mais antiga – e, mesmo assim, tem muitas características idênticas.

Com seios extremamente proeminentes e uma grande quantidade de gordura corporal, como a Vênus de Willendorf, ela foi esculpida sem os pés e o rosto. Ambas também têm umbigos realistas e vulvas claramente marcadas.

Rebay-Salisbury explica que estas são as características clássicas das estatuetas de Vênus: cabeças, pés e braços reduzidos, com ênfase nas qualidades reprodutivas.

Diversas ideias

Nos 160 anos que se passaram desde a descoberta da primeira estatueta de Vênus, não faltaram especulações sobre o seu propósito.

A noção de que elas fossem simplesmente objetos pornográficos, idealizados basicamente para o olhar masculino, permanece uma explicação popular há décadas, ao lado da visão de que as obras de arte representariam a fertilidade.

Mas existem também ideias mais surpreendentes, como a sugestão de que as esculturas não têm cabeça nem pés porque eram autorretratos feitos pelas próprias mulheres, que esculpiam o que viam nelas mesmas.

Neste caso, o exagero no tamanho dos seios, da barriga e da vulva seria puramente o resultado da visão do olho feminino.

Rebay-Salisbury acredita que as estatuetas de Vênus sejam um reflexo do estilo de vida das pessoas da época. Uma ideia é que elas talvez fossem talismãs para proteção do lar, segundo ela.

Os estudiosos acreditam que as pessoas não costumavam formar assentamentos permanentes até o neolítico, quando o surgimento da agricultura permitiu que as pessoas produzissem alimento suficiente para permanecer no mesmo lugar todo o ano.

“Por isso, a ideia é que você tenha uma figura que fique para trás em um acampamento ocupado sazonalmente e meio que tome conta do lar”, explica ela.

Esta teoria também fornece uma explicação clara de como as estatuetas de Vênus continuaram seguindo o mesmo padrão por dezenas de milhares de anos.

Em vez serem transmitidas de uma pessoa para outra em uma cultura contínua que durasse por milênios, as estatuetas de proteção permaneciam nos seus locais principais, como as aconchegantes cavernas, e podem ter sido repetidamente descobertas pelos novos grupos sucessivos que moraram ali, segundo Rebay-Salisbury.

Outra interpretação envolve a busca de indicações sobre a função das esculturas nas condições ambientais da época em que elas foram produzidas.

Como a maioria das estatuetas, acredita-se que a Vênus de Willendorf tenha sido produzida pelo povo gravetiano, um sofisticado grupo de caçadores-coletores que habitou a Europa no pico da última era glacial.

Durante esse período extremo, grande parte da Europa estava totalmente congelada ou encapsulada nas geleiras crescentes.

O professor de medicina renal Richard Johnson, do Campus de Medicina Anschutz da Universidade do Colorado, nos Estados Unidos, é especialista em obesidade.

Sua ideia é que, talvez, as estatuetas de Vênus possam ter servido de símbolos de resiliência naquela época difícil. Existem evidências de que a população da Idade da Pedra tenha passado fome e começado a diminuir durante esse período.

Neste contexto, o maior percentual de gordura corporal teria sido uma importante vantagem para a sobrevivência. Afinal, é para isso que a gordura surgiu na evolução.

Em conjunto com seus colegas, Johnson analisou a relação entre a cintura e os quadris das estatuetas de Vênus encontradas na Eurásia. Ele concluiu que as esculturas criadas durante o avanço das geleiras e a queda das temperaturas normalmente exibem níveis mais altos de obesidade do que as elaboradas durante períodos com menos dificuldades climáticas.

“O motivo de ilustrar as mulheres é a necessidade de que elas tenham gordura suficiente para atravessar a gravidez”, explica Johnson.

“Chegamos até a cogitar a ideia de que algumas mulheres em uma tribo – a rainha, por exemplo – fossem escolhidas [para tratamento especial], recebendo conscientemente alimentos que pudessem ajudá-las a criar gordura, para garantir às demais que elas teriam alimento suficiente”, afirma ele.

Se isso for verdade, ele aposta no consumo de iguarias com alto teor de frutose, uma antevisão pré-histórica de um caminho comum para a obesidade hoje em dia. Mas essas mulheres de alta posição teriam recebido alimentos de fontes naturais, como o mel.

Visão do passado

As estatuetas de Vênus não são misteriosas apenas devido ao que elas representam. Elas também podem revelar detalhes fascinantes da vida diária de dezenas de milhares de anos atrás.

A Vênus de Willendorf foi descoberta na Áustria, mas a análise da rocha utilizada — um tipo de calcário chamado oólito — indica que ela teria se originado na Itália, possivelmente retirada da lateral de um vale em Sega di Ala, perto do lago de Garda, no sul dos Alpes, perto do ano 26.000 a.C.

Esta conclusão mostra que uma grande cadeia de montanhas separa o local da mineração da matéria-prima e o destino da escultura, onde ela foi encontrada.

Ou um grupo de caçadores-coletores atravessou a pé esse imenso obstáculo geográfico – uma viagem de cerca de 930 km – ou, de alguma forma, eles encontraram um caminho através das montanhas durante uma das idades do gelo.

Qualquer uma dessas façanhas poderá nos fazer reformular as espécies de viagens que o povo gravetiano era capaz de empreender.

Paralelamente, outras estatuetas de Vênus revelaram visões surpreendentes da tecnologia disponível entre os seres humanos durante a Idade da Pedra.

No imaginário coletivo, as roupas daquela época eram feitas de couro e pele de animais. Mas, na realidade, elas podem ter sido mais sofisticadas.

Algumas mulheres são ilustradas vestindo roupas que parecem ser feitas de fibras vegetais, incluindo saias, chapéus e tops. Muitas delas parecem ter sido criadas com técnicas complexas de tecelagem.

Mas uma escultura traz consigo uma visão particularmente sugestiva do passado: a impressão digital de uma criança que viveu 25 mil anos atrás.

A Vênus de Dolní V?stonice foi descoberta em um assentamento pré-histórico de caçadores de mamutes no sopé do Monte Devin, hoje na República Checa. Essa estatueta de cerâmica foi elaborada com uma mistura de ossos moídos e argila e, aparentemente, foi manuseada por um jovem membro do grupo antes de ir ao fogo.

Talvez as próprias crianças a tenham feito ou talvez estivessem brincando com ela como se fosse uma boneca. De qualquer forma, embora sua cultura tenha desaparecido há muito tempo, suas marcas permaneceram.

Quadro inconstante

Atualmente, os pesquisadores simplesmente não detêm informações suficientes sobre as estatuetas de Vênus para chegar a qualquer conclusão sobre o seu propósito. Por isso, nossas interpretações podem revelar realidades constrangedoras sobre nós mesmos.

“Elas são meio que espelhos”, afirma Katharina Rebay-Salisbury. Ela estudou como, desde a sua descoberta, as obras de arte refletiram as preocupações e obsessões do momento cultural de cada época.

Durante a era colonial, a Vênus de Willendorf foi descrita como uma “mulher esteatopígia”, uma expressão racista usada para descrever o tipo de corpo de certos grupos étnicos.

Depois, com o surgimento do feminismo, essas estatuetas passaram a ser vistas como deusas. E, hoje, existe a indicação de que elas estivessem relacionadas com mudanças climáticas – embora Richard Johnson acredite que esta teoria seja sustentada por mais evidências científicas do que a maioria.

“Talvez eu seja muito pós-moderna a este respeito quando digo que todas as pessoas podem ler nas esculturas o que quiserem e se sentir inspiradas por elas”, diz Rebay-Salisbury.

E, por estranho que possa parecer, essa visão prática das estatuetas de Vênus pode ser mais fiel às suas origens pré-históricas do que a busca por um único significado simbólico claramente definido.

“Acho que elas serviam a diversos propósitos no passado e continuam a fazer o mesmo.”

Rebay-Salisbury menciona o exemplo da estatueta de Vênus descoberta perto da cidade de Piatra Neam?, no vale de Bistri?a, na Romênia.

Ela foi esculpida há 17 mil anos – ou seja, existem 9 mil anos e 1 mil km de distância entre ela e a Vênus de Willendorf. Ainda assim, esta escultura é surpreendentemente similar, com uma diferença: seu desenho é completamente plano, como se o original tivesse sido atropelado por um caminhão.

“E a única forma de explicar isso é que as pessoas realmente devem ter descoberto [outras estatuetas de Vênus] no passado e produzido algo similar”, explica a professora. Ela ressalta que os artistas responsáveis pelos dois objetos podem ter tido intenções completamente diferentes ao ilustrar uma mulher.

De fato, existem evidências de que, até em uma mesma cultura, pode ter havido vários tipos de estatuetas de Vênus, possivelmente representando diferentes papéis femininos e significados simbólicos.

Uma análise inicial identificou quatro tipos distintos, diferenciados por sutilezas de postura, encontrados em apenas dois locais arqueológicos intimamente relacionados entre si no sudoeste da Rússia.

Naturalmente, Rebay-Salisbury tem sua própria estatueta de Vênus: uma réplica dourada impressa em 3D da Vênus de Willendorf, sobre sua mesa de trabalho.

“É simplesmente muito bonito tê-la nas mãos… ela claramente foi feita para ser manuseada”, ela conta.

Cópias atuais das esculturas são presentes populares e costumam ser vendidas online como “deusas mães”. E, a julgar pela longevidade das estatuetas originais, o entusiasmo por essas obras de arte não irá desaparecer tão cedo.

Leia a versão original desta reportagem (em inglês) na BBC Future

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ONU convida brasileiros a participarem da Hora do Planeta neste sábado

A Organização das Nações Unidas (ONU) realiza neste sábado (23/3), às 20h30, a “Hora do Planeta”, um movimento mundial simbólico que objetiva conscientizar a sociedade sobre as mudanças climáticas. O ato consiste em apagar todas as luzes das casas por uma hora. No Brasil, entidades aderiram ao desafio e convidam a população a participar por meio das redes sociais.

A campanha de 2024 pede “uma hora à Terra”, promovendo ações positivas para o planeta enquanto fazem algo que amam, além de apagar as luzes. Com a hashtag #ÉTempoDeRestaurar, a WWF-Brasil, responsável pela campanha no país, chama os brasileiros a combatarem o racismo ambiental, defendendo a justiça socioambiental, a restauração da natureza e a proteção das espécies.

“Não é possível cuidar do meio ambiente sem colocar as pessoas no centro das decisões. Para que mais e mais cidadãos estejam conectados e engajados na defesa da natureza, temos de compartilhar informações e conhecimento. Podemos aprender e compartilhar muito mais para agir. É hora de aliançar. Uma aliança de todos os povos pela vida. Queremos que as pessoas tenham conscientização e o sentimento de pertencimento”, declara Gabriela Yamaguchi, diretora de Engajamento da organização WWF-Brasil.

A Hora do Planeta nasceu em 2007 em Sydney, na Austrália. Aqui no Brasil, a ação acontece desde 2009, sob a coordenação do WWF-Brasil.

Turma da Mônica na Hora do Planeta

HQ da Turma da Mônica conta história da Hora do Planeta

A WWF-Brasil fez uma parceria com a Mauricio de Sousa Produções para lançar a história em quadrinhos Chico Bento em A Maior Hora do Planeta. O caipirinha fica ciente dos atuais desafios ambientais em um passeio e deixa claro a importância de conservar os recursos naturais do planeta. A revista é a nº 51 e pode ser adquirida nas bancas de jornal.

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Águas do Rio testa estratégia do rio Pinheiros em despoluição da baía de Guanabara

A Águas do Rio, principal concessionária de saneamento do Rio de Janeiro, iniciou no fim do ano passado testes com tecnologias usadas no projeto de limpeza do rio Pinheiros para acelerar a despoluição da baía de Guanabara.

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Desde novembro, a empresa usa a estação de tratamento de esgoto da Pavuna para despoluir o rio de mesmo nome, estratégia das unidades de recuperação utilizadas em São Paulo. Em janeiro, também passou a fazer injeção de oxigênio no rio Joana, na Tijuca, para reduzir a matéria orgânica gerada pelo lançamento de esgoto.

As duas estratégias são auxiliares à principal de despoluição no Rio de Janeiro, assim como foram em São Paulo. Elas fazem parte do orçamento total de R$ 2,7 bilhões para o projeto.

A Águas do Rio tem até 2026 para barrar o lançamento dos dejetos nos corpos hídricos que deságuam na baía de Guanabara por meio dos chamados coletores de tempo seco. Eles têm esse nome porque operam apenas em dias sem chuva, usando a rede pluvial para encaminhar o esgoto para as estações de tratamento.

O contrato de concessão também prevê a ampliação da rede exclusiva de esgoto para 90% da população até 2033.

Como a Folha mostrou em setembro, a construção dos coletores de tempo seco está em atraso por falta de aprovação dos projetos na Agenersa (Agência Reguladora de Energia e Saneamento Básico). A concessionária, porém, garante que entregará a estrutura no prazo acordado.

A injeção de oxigênio é a tecnologia mais nova para auxiliar no objetivo. Ela consiste na captação de parte da vazão do rio, para fazer o beneficiamento com oxigênio em tanques e devolver a água para o leito.

“O que mata o rio é a demanda biológica por oxigênio. Há uma carga orgânica tão grande que toda a biota dissolvida lá consume todo o oxigênio disponível na água e o rio fica morto. Aquele cheiro forte vem porque, na ausência de oxigênio, as bactérias anaeróbicas geram metano”, diz Sinval Andrade, diretor institucional da empresa.

“Quando você coloca oxigênio, aquelas bactérias anaeróbicas deixam de ser as mais populosas, e as que vivem de oxigênio passam a popular e a consumir a matéria orgânica.”

Os tanques de oxigênio da Águas do Rio estão instalados num canto do antigo estádio de atletismo Célio de Barros, ao lado do estádio do Maracanã. O rio Joana passa em frente ao complexo esportivo.

Os testes verificam qual a capacidade de depuração da água ao longo de um quilômetro. O objetivo é avaliar a tecnologia e os custos de sua utilização.

O rio Joana deságua no canal do Mangue, que termina na baía. Em São Paulo, porém, a tecnologia foi usada no próprio rio Pinheiros.

De acordo com Cristina Zuffo, superintendente de pesquisa, desenvolvimento e inovação, a injeção de oxigênio serviu como uma “barreira final” para a poluição no corpo hídrico.

“O rio Pinheiros tem várias peculiaridades. Ele não tem uma velocidade muito elevada, é mais raso, o que demandava um incremento de oxigênio também no próprio rio para que a gente conseguisse melhorar ainda mais a qualidade “, afirma ela.

A injeção ocorre próxima à usina elevatória São Paulo, ponto mais profundo do rio. A tecnologia é norte-americana e foi usada pela primeira vez no Brasil no projeto Novo Rio Pinheiros.

As unidades de recuperação, por sua vez, já foram utilizadas no passado pela Prefeitura de São Paulo em pequenos córregos da capital, segundo Nivaldo Rodrigues da Costa Junior, superintendente de Engenharia Operacional.

Elas basicamente desviam parte do curso do rio para dentro de uma estação de tratamento, que devolve a água mais limpa. Essas unidades atenderam a 5 dos 25 córregos que deságuam no rio Pinheiros. Elas foram instaladas apenas em locais onde a ampliação da coleta exclusiva de esgoto ou a instalação de coletores de tempo seco não eram viáveis.

“Elas fizeram parte da composição do projeto. O foco principal é, além de levar a universalização do saneamento, trazer o benefício ambiental e despoluição do rio. A unidade de recuperação não é uma estação de tratamento de esgoto, nem de água. É algo específico para recuperar o rio”, explica.

No Rio de Janeiro, a estratégia é testada no rio Pavuna, divisa com Duque de Caxias, que deságua direto na baía.

“Todas essas são estratégias complementares. No passado, a gente achava que saneamento era fazer obra. Saneamento é um exercício de operar. A obra é um percalço que a gente tem que viver. Aquele transtorno momentâneo para prestar aquele serviço”, diz Andrade.

Zuffo ressalta que “uma tecnologia só não é milagrosa” e afirma que a base do projeto do rio Pinheiros foi ampliar a rede de coleta de esgoto em 650 mil casas e comércios, atendendo a 1,8 milhão de pessoas. No Rio de Janeiro, a meta é ampliar o serviço para 90% da população até 2033, em linha com o novo marco regulatório do setor.

“Precisa de uma série de ações para atingir o resultado final. Obras de infraestrutura, ampliação de estações de tratamento de esgoto, unidades de recuperação [de rios] quando não é possível entrar nas comunidades, e novas tecnologias, como a injeção de oxigênio, para fazer um polimento final de qualquer resquício que tenha sobrado, para garantir um bom corpo hídrico”, diz ela.

Os projetos de despoluição da baía de Guanabara superam 40 anos. Após a concessão dos serviços de saneamento, em 2021, o governo estadual mudou a estratégia para alcançar o objetivo

Em vez de buscar construir rede de exclusivas para coletar o esgoto nas residências e comércios, optou-se pela montagem de estruturas que barrem o despejo dos dejetos no leito do rio por meio das galerias pluviais, para água de chuva. A estratégia funciona apenas em dias secos, o que dá origem ao seu nome (coletores de tempo seco).

A concessionária afirma que concluirá as obras no prazo. Porém, em documento enviado à Agenersa, previu um atraso de dois anos na conclusão das intervenções.

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Embratur encabeça programa piloto para ampliação da conectividade aérea internacional

Embratur encabeça programa piloto para ampliação da conectividade aérea internacional (Jaqueline Gil é diretora de Marketing Internacional, Negócios e Sustentabilidade da Embratur, agência responsável pela execução do programa. (Foto: divulgação))

Conectividade internacional: foi publicado no Diário Oficial da União (DOU), nesta quarta-feira (20), o primeiro edital do Programa de Aceleração do Turismo Internacional (PATI), iniciativa que prevê a realização de parceria público-privada com as companhias aéreas e aeroportos para a ampliação no número de assentos e voos internacionais com destino ao Brasil.

O programa é executado pela Embratur, com recursos do Fundo Nacional de Aviação Civil (FNAC) oriundos de parceria entre os ministérios do Turismo e o de Portos e Aeroportos. Nesta primeira fase, de testes e ajustes da nova ferramenta de atração de voos, a previsão de investimento é de ao menos R$ 7 milhões, sendo metade custeado com recursos públicos.

O edital público do PATI convida as companhias aéreas e aeroportos (em parceria com as companhias) a lançarem novos voos internacionais com destino ao Brasil, e apresentarem propostas de investimento em promoção destes novos voos, com ações como campanhas publicitárias no país de origem dos voos e realização de viagens promocionais com jornalistas, influenciadores digitais e operadores de turismo estrangeiros no destino dos voos, dentre outras possibilidades.

Como o programa de fomento à conectividade irá funcionar

A contrapartida da Embratur é financeira: com recursos do FNAC, a Agência vai custear parte das ações de promoção destas novas rotas aéreas. Serão R$ 40 por cada assento em novo voo que pouse no Brasil durante o período de 27 de outubro de 2024 a 29 de março de 2025. O edital prevê pontuações crescentes para as propostas que projetem o investimento privado maior que o público, ao tempo que estabelece penalidade na pontuação das propostas com contrapartidas menores que o valor investido pela Embratur.

Um programa com essas características nunca foi realizado no Brasil. Políticas de fomento similares, executadas por países como Reino Unido, Espanha, Irlanda e Suécia, serviram de referência para a produção do PATI.

Durante a cerimônia de lançamento do PATI, o presidente da Embratur, Marcelo Freixo, destacou que “o alcance das metas de crescimento do turismo internacional no Brasil está intrinsecamente associado a um fator de mercado, que é a conectividade aérea.” “Não adianta o crescente interesse internacional em conhecer o Brasil se não houver voo direto ou com conexões curtas, em preço competitivo. Com esse programa, adaptamos para nossa realidade as melhores práticas internacionais de atração de novos voos”, complementou Freixo.

O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, também acredita que o programa irá ajudar a aumentar o número de visitantes internacionais, gerando mais emprego e renda para a população. “O Brasil tem uma grande janela de oportunidades com o mercado internacional para, cada vez mais, poder trazer turistas e estrangeiros. (…) Estamos trabalhando para, ao lado das concessionárias, ampliar esse plano de investimentos para, cada vez mais, terem aeroportos estruturados, sobretudo aeroportos que vão receber o turista estrangeiro que vem

visitar o Brasil”, ressaltou.

Para a secretária-executiva do Ministério do Turismo, Ana Carla Machado Lopes, o lançamento do edital pode representar um divisor de águas na ampliação da nossa conectividade internacional. “Marcamos o início de uma inédita estratégia de atração de voos e de visitantes internacionais no Brasil. (…) O incentivo à ampliação de voos e assentos disponíveis em aeronaves representa o passo fundamental rumo à adequada conectividade do Brasil com o mundo”, afirmou.

Conectividade internacional: de olho no mercado

Para pleitear o recurso, a companhia tem que garantir um crescimento da malha aérea, em comparação à da temporada 2023/2024, e os recursos estarão vinculados aos novos assentos. O edital também estabelece critérios que privilegiam voos que decolem de países considerados “mercados estratégicos”, porque já emitem uma grande quantidade de turistas para o Brasil ou porque são grandes emissores internacionais, ainda que não possuam atualmente grande relevância para o turismo do país.

É o caso, por exemplo, da Alemanha e da China, segundo e terceiro maiores emissores de turistas no mundo, mas que ocupam apenas a oitava e a vigésima posição entre os que mais visitam o Brasil, respectivamente. Em 2023, mais de 60% dos turistas alemães que visitaram o Brasil vieram em voos com conexão em outros países da Europa, o que evidencia a baixa conectividade com este país. Já os voos da China para o Brasil retomarão apenas em maio deste ano.

Como forma de induzir a ampliação da conectividade entre a maior quantidade de países, com voos diretos para diferentes destinos no Brasil, também serão privilegiadas para participar do PATI as propostas de criação de rotas que decolem de aeroportos que não tem voo direto para o Brasil, ou de países que não tem voo direto para o aeroporto brasileiro. A frequência semanal maior do voo também é premiada com maior pontuação, assim como a conveniência do horário de chegada e partida, com preferência para o intervalo entre 9h e 18h, mais atrativo para os turistas que chegam ao país.

Sustentabilidade também é critério

Por fim, serão melhor ranqueadas as propostas que usarem aeronaves mais modernas, que emitem menos carbono na atmosfera, e as empresas que assumiram acordos para o alcance dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU, com políticas de sustentabilidade e meio ambiente, combate ao tráfico de pessoas, atendimento à mulher, inclusão social e diversidade.

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Apenas dez países e territórios têm qualidade do ar dentro do recomendado pela OMS

Apenas 10 países e territórios de uma lista de 134 atingiram os padrões da OMS (Organização Mundial da Saúde) para poluição do ar no ano passado, de acordo com dados de qualidade do ar compilados pela IQAir, uma empresa suíça.

A poluição estudada é chamada de material particulado fino, ou PM2.5, porque se refere a partículas sólidas com menos de 2,5 micrômetros de tamanho: pequenas o suficiente para entrar na corrente sanguínea. O PM2.5 é a forma mais letal de poluição do ar, levando a milhões de mortes prematuras a cada ano.

Planeta em transe

Uma newsletter com o que você precisa saber sobre mudanças climáticas

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“A poluição do ar e as mudanças climáticas têm a mesma causa, que são os combustíveis fósseis”, disse Glory Dolphin Hammes, CEO da divisão norte-americana da IQAir.

A Organização Mundial da Saúde estabelece uma diretriz de que as pessoas não devem respirar mais do que 5 microgramas de material particulado fino por metro cúbico de ar, em média, ao longo de um ano. A Agência de Proteção Ambiental dos EUA recentemente propôs endurecer o padrão de 12 para 9 microgramas por metro cúbico.

Os poucos oásis de ar limpo que atendem às diretrizes da OMS são principalmente ilhas, bem como a Austrália e os países nórdicos da Europa, Finlândia e Estônia. Entre os que não atingem o padrão recomendado, onde a grande maioria da população humana vive, os países com pior qualidade do ar foram principalmente os da Ásia e da África.

Os quatro países mais poluídos no ranking da IQAir para 2023 —Bangladesh, Paquistão, Índia e Tajiquistão — estão no sul e no centro da Ásia.

Sensores de qualidade do ar em quase um terço das cidades da região apontaram concentrações de material particulado fino mais de dez vezes acima da diretriz da OMS. Isso foi uma proporção “vastamente superior a qualquer outra região”, escreveram os autores do relatório.

Os pesquisadores apontaram o tráfego de veículos, emissões de carvão e industriais, especialmente de fornos de tijolos, como principais fontes da poluição da região. Agricultores queimando sazonalmente seus resíduos de colheita contribuem para o problema, assim como domicílios que queimam madeira e esterco para aquecimento e cozimento.

China Reverteu Ganhos Recentes

Uma mudança notável em 2023 foi um aumento de 6,3% na poluição do ar da China em comparação com 2022, após pelo menos cinco anos de melhoria. Pequim teve um aumento de 14% na poluição por PM2.5 no ano passado.

O governo anunciou uma “guerra contra a poluição” em 2014 e vinha progredindo desde então. Mas a maior queda na poluição por PM2.5 da China aconteceu em 2020, quando a pandemia forçou grande parte da atividade econômica do país a desacelerar ou fechar. Dolphin Hammes atribuiu o aumento do ano passado a uma economia em reabertura.

E os desafios permanecem: 11 cidades na China relataram níveis de poluição do ar no ano passado que excederam as diretrizes da OMS em dez vezes ou mais. A pior foi Hotan, em Xinjiang.

Grandes Lacunas nos Dados

Os pesquisadores da IQAir analisam dados de mais de 30 mil estações de monitoramento de qualidade do ar e sensores em 134 países, territórios e regiões disputadas. Algumas dessas estações de monitoramento são administradas por agências governamentais, enquanto outras são supervisionadas por organizações sem fins lucrativos, escolas, empresas privadas e cientistas cidadãos.

Existem grandes lacunas no monitoramento da qualidade do ar ao nível do solo na África e no Oriente Médio, incluindo regiões onde dados de satélite mostram alguns dos níveis mais altos de poluição do ar na Terra.

Enquanto a IQAir trabalha para adicionar dados de mais cidades e países nos próximos anos, “o pior pode estar por vir em termos do que estamos medindo”, disse Dolphin Hammes.

Fumaça de Incêndios Florestais: um Problema Crescente

Embora a América do Norte seja uma das regiões mais limpas do mundo, em 2023 incêndios florestais queimaram 4% das florestas do Canadá, uma área aproximadamente do tamanho de metade da Alemanha, e prejudicaram significativamente a qualidade do ar.

Normalmente, a lista de cidades mais poluídas da América do Norte é dominada pelos Estados Unidos. Mas, no ano passado, as 13 primeiras posições foram ocupadas por cidades canadenses, muitas delas em Alberta.

Nos Estados Unidos, cidades no Meio-Oeste e nos estados do Atlântico Médio também receberam quantidades significativas de poluição por PM2.5 da fumaça de incêndios florestais que se deslocou pela fronteira.

Riscos da Exposição a Curto Prazo

Não é apenas a exposição crônica à poluição do ar que prejudica a saúde das pessoas.

Para pessoas vulneráveis como bebês e idosos, ou aqueles com comorbidades, respirar grandes quantidades de poluição por material particulado fino por apenas algumas horas ou dias às vezes pode ser mortal. Cerca de um milhão de mortes prematuras por ano podem ser atribuídas à exposição a curto prazo de PM2.5, de acordo com um estudo global recente publicado na The Lancet Planetary Health.

O problema é pior no leste e sul da Ásia, bem como na África Ocidental.

Sem considerar as exposições a curto prazo, “podemos estar subestimando a carga de mortalidade da poluição do ar”, disse Yuming Guo, professor da Universidade Monash em Melbourne, Austrália, e um dos autores do estudo.

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Petro nega intenção de estender seu mandato com reforma constitucional na Colômbia

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, negou, nesta segunda-feira (18), ter a intenção de estender seu mandato diante dos temores despertados na oposição por sua proposta de reformar a Constituição.

Em meio a um choque de poderes com o Congresso, o presidente afirmou, na semana passada, que a Colômbia “tem que ir a uma Assembleia Nacional Constituinte”, que segundo seus adversários, é uma janela para ampliar seu mandato de quatro anos para depois de agosto de 2026.

“O processo constituinte convocado não é nem para mudar a Constituição de 91 [1991], nem para me perpetuar no poder”, respondeu o presidente nesta segunda em sua conta na plataforma X.

Na Colômbia, a reeleição presidencial foi permitida durante os mandatos de Álvaro Uribe (2002-2010) e Juan Manuel Santos (2010-2018). Mas, foi novamente eliminada em 2015, durante o governo deste último.

No poder desde 2022, o presidente relativizou suas declarações em entrevista ao jornal El Tiempo e assegurou que a reforma, na verdade, contempla vários pontos que “requerem atenção urgente”.

Entre eles, a implementação do acordo de paz que levou ao desarmamento da guerrilha das Farc, em 2016, acelerar a reforma agrária, modificar o sistema judicial e incluir um capítulo sobre mudanças climáticas e descarbonização da economia.

Petro também tem sido duramente criticado nas redes sociais, pois antes de chegar ao poder, prometeu não convocar uma Constituinte. Veículos de comunicação divulgaram entrevistas nas quais o então candidato descarta essa possibilidade e pede para não ser comparado a um “ditador de esquerda”.

“Muito cuidado! Querem uma Constituinte para prolongar o mandato presidencial e se perpetuar” no poder, escreveu no X o ex-presidente Iván Duque (2018-2022).

Petro se defendeu, afirmando que seu governo notou que os “poderes constituídos” estão “fortemente penetrados pelo regime de corrupção”, e que, por isso, um “processo constituinte” é necessário.

Segundo a legislação, o processo para modificar a Constituição deve ser apresentado por ato legislativo no Congresso, onde Petro perdeu a maioria.

O presidente antecipou que vai convocar “o povo à mobilização, à rua” e “ao debate”.

“Eu sou um poder constituído, não sou o poder constituinte. Não é um problema de maiorias, é um problema de força popular”, acrescentou.

Especialistas afirmam que se trata de uma medida desesperada do primeiro presidente de esquerda do país diante da dificuldade de materializar suas promessas de campanha.

A Constituição colombiana, de 1991, foi redigida após a desmobilização da guerrilha urbana M-19, à qual Petro pertenceu na juventude.

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Boulos põe Marina Silva na campanha de SP e mira eleitor de ‘Marina do Novo’

Na disputa pela Prefeitura de São Paulo, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) vai colocar a ministra Marina Silva em sua pré-campanha por meio de dois eventos, no próximo sábado (23), para marcar o apoio da Rede —partido que já compõe a federação com o PSOL.

Pela manhã, num ato eleitoral da Rede, a ministra do Meio Ambiente vai formalizar seu apoio a Boulos e entregar a ele uma série de compromissos socioambientais que devem ser incorporados às suas propostas para a cidade.

Em seguida, durante a tarde, ela participa da primeira plenária com apoiadores e especialistas para a montagem do plano de governo do deputado, que terá a questão ambiental e as mudanças climáticas como temas.

A entrada de Marina Silva para reforçar a pré-campanha de Boulos ocorre no momento em que o capital eleitoral da ministra foi possivelmente captado pela última pesquisa Datafolha, que mostrou Boulos e o prefeito Ricardo Nunes (MDB) empatados tecnicamente na liderança, com 30% e 29%.

No segundo pelotão de postulantes, a suplente de deputada federal Marina Helena (Novo) marcou 7%, resultado comemorado por ela e seus aliados. Mas, para a diretora do Datafolha, Luciana Chong, parte dos entrevistados pode ter se enganado e entendido que o nome em questão era o de Marina Silva, que foi presidenciável em três eleições.

Procurada pela Folha, Marina Helena descarta tal hipótese e diz que vem ganhando tração eleitoral em eventos e entrevistas e também por ser, em sua opinião, a única opção da direita paulistana.

De qualquer forma, a equipe de Boulos planeja dar destaque e peso à aliança com Marina Silva —aliados do deputado apontam que os dados da pesquisa reforçam o papel da ministra na eleição da capital paulista. As agendas com ela, no entanto, já estavam marcadas mesmo antes da divulgação do Datafolha.

A leitura na pré-campanha do PSOL é a de que, numa eleição apertada como acreditam que deve ser a da capital, a lembrança da ministra pode fazer a diferença. Em 2022, Marina Silva concorreu a deputada federal por São Paulo e foi eleita com 237.526 votos, sendo a 24ª mais votada do país.

“A Marina Silva é um ativo muito importante, ela dialoga com muitos públicos”, afirma o deputado estadual Donato (PT), um dos coordenadores do programa de Boulos.

A equipe do deputado do PSOL avalia que, enquanto ele concentra votos na elite progressista, figuras como o presidente Lula (PT) podem ajudá-lo a chegar nas classes mais pobres e menos escolarizadas –mesmo potencial de Marina Silva, que além disso ainda pode alcançar o público evangélico.

“A gente ficou contente pela Marina Silva ter essa preferência [no Datafolha], essa boa lembrança, e por estar conosco. É uma figura agregadora, expressa a seriedade no trato da política, é mulher, evangélica”, afirma o deputado estadual Simão Pedro (PT).

“O tema que ela expressa [meio ambiente e mudanças climáticas] começa a entrar cada vez mais na agenda política e na cabeça das pessoas”, completa.

Além de Marina Silva, outros nomes da Rede devem participar do ato de apoio a Boulos no sábado, como Joênia Wapichana, presidente da Funai, e Ricardo Galvão, presidente do CNPq.

O apoio da Rede ao pré-candidato do PSOL já era, na verdade, tido como certo, visto que os dois partidos formaram uma federação em maio de 2022. Segundo a legislação eleitoral, as legendas da federação devem atuar conjuntamente em torno de um programa comum até 2026.

Em uma pesquisa que trouxe más notícias para Boulos, como o avanço de Nunes no eleitorado e a rejeição do deputado, de 34%, a pontuação de Marina Helena no Datafolha passou a ser vista no entorno do deputado como um ponto positivo do levantamento.

Há alguns indícios de que as Marinas foram confundidas pelo eleitor, como o fato de Marina Helena ter maior índice de conhecimento entre os eleitores menos escolarizados do que entre os mais instruídos, o que vai na contramão da tendência habitual.

Enquanto Marina Silva é ministra do governo Lula, Marina Helena milita na direita. Foi diretora de Desestatização do Ministério da Economia no governo Jair Bolsonaro e CEO do Instituto Millenium.

Na pesquisa Datafolha, 9% responderam incorretamente que Lula apoia Marina Helena –índice que sobe para 27% entre eleitores que declaram voto nela, sendo que, nesse grupo, 19% afirmam que o petista apoia Boulos.

Além disso, 72% dos que declararam voto nela dizem que não votariam num candidato apoiado por Bolsonaro de jeito nenhum (11% votariam com certeza em alguém apoiado pelo ex-presidente).

Ainda no eleitorado de Marina Helena, 31% escolheriam com certeza um candidato apoiado por Lula e 34% não escolheriam de jeito nenhum.

A pré-candidata do Novo diz à Folha que “parece bastante absurdo” que tenha havido qualquer confusão. “A gente tomou muito cuidado com isso. Meu sobrenome é Santos, estou usando ‘Helena’ para evitar esse tipo de erro. Helena é muito distante de Silva.”

Quando questionada sobre o reforço de Marina Silva na campanha de Boulos para apropriação do eventual eleitorado da ministra, Marina Helena reage: “Boa sorte para eles, eu não acredito que seja isso”. “Somos figuras completamente diferentes, defendemos pautas até de maneira oposta”, completa.

Marina Helena lembra ainda que, na eleição de 2020, a candidata da Rede, apoiada por Marina Silva, era a atual deputada estadual Marina Helou, que marcava 1% no Datafolha e teve 22.073 votos (0,41%). Ou seja, embora tivesse o nome Marina, não havia erro do eleitor.

Integrantes da Rede, porém, argumentam que, naquela eleição, Marina Silva não estava em evidência nacional como agora e afirmam que o partido Novo passou a identificar Marina Helena apenas como “Marina” em suas redes, estratégia que a pré-candidata diz que não é e nem será usada.

Marina Helena atribui sua intenção de voto à exposição que tem tido nas redes, na mídia e ao rodar a cidade.

“A gente traz essa proposta de ética e gestão para a cidade, vejo que isso teve uma ressonância. Também sinto que o eleitor estava carente de uma opção de direita”, afirma ela, mencionando que Kim Kataguiri (União Brasil) pode não ser candidato e que Nunes, apesar de apoiado por Bolsonaro, se declara de centro.

O Datafolha ouviu 1.090 eleitores na capital paulista entre 7 e 8 de março. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou menos. A pesquisa está registrada na Justiça Eleitoral sob o protocolo SP-08862/2024.

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