Tribunais se tornam protagonistas em luta contra mudança climática

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Brasil se aproxima de recorde de mortes por dengue em 2024

O Brasil está próximo de alcançar o triste recorde de maior número de mortes por dengue registrados em um ano. De acordo com o Painel de Monitoramento de Casos de Arboviroses, atualizado diariamente pelo Ministério da Saúde, 2024 acumula 1.116 mortes por dengue. Em todo o ano passado, 1.179 óbitos foram registrados segundo a última atualização dos dados, por volta das 16h desta segunda-feira (8/4).

A série histórica disponível no site do Ministério da Saúde – compreendendo o período de 2000 a 2023 – registra 1.094 casos no ano passado, mas a atualização do documento ocorreu apenas em 12 de janeiro.

Os dados mais atualizados da pasta demonstram o aumento considerável de casos da doença entre a população brasileira. O número de casos prováveis bateu a marca de 2.963.994, valor 79,7% maior que o acumulado em 2023, que registrou 1.649.144 casos.

O coeficiente de incidência chegou a 1.459,7 casos a cada 100 mil habitantes, um aumento de 88,8% em relação ao ano anterior. Por outro lado, a letalidade em casos prováveis diminuiu de 0,07, em 2023, para 0,04, em 2024. A letalidade em casos graves reduziu de 4,83, no ano passado, para 3,93 neste ano.

Em um recorte regional, Minas Gerais está em primeiro lugar no ranking de casos prováveis, registrando a marca de 939.332 casos nestes quatro primeiros meses de 2024. Depois, vêm São Paulo, com 647.702 casos; e Paraná, com 290.012. A capital do país chega em quarto lugar, acumulando um total de 205.571 casos prováveis.

São Paulo está no topo da lista de óbitos, com 220 mortes por dengue. O Distrito Federal segue atrás, com 205; e Minas Gerais com 175 óbitos confirmados pela arbovirose.

No entendimento do infectologista do Hospital Anchieta Manuel Palacios, os fatores que contribuíram para o cenário preocupante incluem as variações climáticas favoráveis ao mosquito transmissor Aedes aegypti, aumento da resistência dos mosquitos aos inseticidas e o aumento da circulação de diferentes sorotipos da dengue, que podem levar à forma grave da doença.

“A intensificação da doença, levando a um aumento de mortes, está correlacionada aos próprios vetores já citados, além dos possíveis atrasos nos diagnósticos e tratamentos”, analisa o médico.

Prever um cenário de queda dos números, na opinião de Palacios, é complexo e depende de diversos fatores. “Isso inclui ações de controle do vetor, mudanças climáticas e eficácia das medidas de saúde pública implementadas, que dependem do Governo Federal e das secretarias de Saúde”, finaliza o infectologista.

*Estagiária sob supervisão de Mariana Niederauer

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O que é a Inteligência Artificial Geral, evolução que é ‘Santo Graal’ da tecnologia

No último ano, a inteligência artificial deixou de ser apenas uma peça de ficção científica ou uma ferramenta restrita às gigantes de tecnologia e caiu no domínio público.

Na verdade, a inteligência artificial já vinha sendo usada no dia a dia das pessoas há anos, mas nem sempre essas tecnologias eram rotuladas com esse nome. As buscas por termos no Google ou assistentes de voz como a Siri são exemplos de inteligência artificial que estão sendo usadas pelo público há anos.

Mas o mundo começou a abrir os olhos para a inteligência artificial a partir de 30 de novembro de 2022, com o lançamento do ChatGPT e suas habilidades quase “humanas” de realizar tarefas. O ChatGPT consegue redigir artigos em qualquer formato – como cartas, relatórios ou até mesmo poemas -, responder perguntas complexas ou resumir o conteúdo de determinados textos.

Outras ferramentas que usam a mesma tecnologia conseguem gerar imagens ou sons novos a partir de ordens expressas dos usuários.

Em um artigo de julho, a revista Nature disse que o ChatGPT conseguiu “quebrar o teste de Turing” – a ideia de uma máquina que consegue interagir com humanos sem que eles percebam que se trata de uma máquina.

Por mais impressionante que seja o ChatGPT – e seus concorrentes que chegaram ao mercado desde então, como o Gemini do Google e o Copilot da Microsoft – quem trabalha desenvolvendo inteligência artificial diz que a humanidade está apenas na infância desta tecnologia.

Até agora todos esses sistemas que citamos nesta reportagem são exemplos de uma mesma categoria conhecida como inteligência artificial “estreita” ou “fraca”. Os computadores conseguem “imitar” o comportamento dos humanos para resolver problemas específicos, como gerar um texto ou analisar grandes volumes de dados.

Mas o próximo passo das empresas de tecnologia e cientistas da computação é mais ambicioso.

Existe uma corrida para se alcançar o que vem sendo chamado de Inteligência Artificial Geral (IAG) — uma nova geração da tecnologia que virou uma espécie de Santo Graal da indústria.

O que é Inteligência Artificial Geral?

A Inteligência Artificial Geral ainda é uma teoria — na prática ela não existe atualmente.

A tecnologia existente hoje permite que computadores realizem tarefas específicas: dirijam um carro, joguem jogos complexos ou respondam perguntas elaboradas.

A Inteligência Artificial Geral aproxima os computadores ainda mais dos humanos, com uma capacidade de usar o conhecimento de forma mais abstrata.

“Nós temos muita dificuldade de falar sobre essa inteligência artificial geral, porque ainda não conseguimos nem definir exatamente o que é inteligência. A inteligência artificial seria comparável à humana, mas as máquinas já superam os humanos em muitas atividades”, diz Esther Luna Colombini, professora do Instituto de Computação da Unicamp.

“Elas fazem cálculos muito complexos em tempo recorde, mas não por isso necessariamente elas são mais inteligentes. Ao mesmo tempo, elas são muito ruins para fazer coisas que pra gente parecem triviais, como reconhecer a face de uma pessoa, ou ser capaz de pegar um conceito que você aprendeu e levar isso para outro cenário.”

Essas habilidades mais sofisticadas são justamente o que cientistas da área estão tentando aperfeiçoar.

“A IA Geral vai possuir uma capacidade humana de transformar o conhecimento de uma área para a outra”, explica Ana Cristina Bichara, professora de computação da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio). “Isso é uma capacidade humana. Por exemplo, um médico que entenda de uma certa especialidade é capaz de usar esses conhecimentos para resolver outro problema médico.”

Além disso, a Inteligência Artificial Geral teria outra habilidade tipicamente humana: a de entender o que ela ainda não entende — e buscar maneiras de se aprofundar nessas lacunas.

“Dependendo de como eu enquadro o problema, eu posso achar uma solução ou não. Se eu reenquadrar o problema, eu posso achar soluções inovadoras em que eu não tinha nem pensado.”

Essa capacidade de abstração de pensamento permitiria que a Inteligência Artificial Geral realizasse tarefas que hoje são impossíveis tanto para humanos como para computadores, como encontrar diagnósticos e planos de tratamento específicos para pacientes a partir da análise de dados médicos. Ou descobrir formas de atacar o problema das mudanças climáticas, também a partir de análises aprofundadas sobre dados já disponíveis hoje.

Diante de um problema científico, a atual inteligência “estreita” só é capaz de realizar experimentos e testar hipóteses de acordo com ideias elaboradas por humanos. Caso houvesse a inteligência artificial geral, que se pretende criar, a própria máquina seria capaz de elaborar hipóteses — algo impensável hoje.

Como chegar lá?

Um dos grandes problemas de se atingir o desejado Santo Graal da Inteligência Artificial Geral é que não existe hoje clareza sobre qual seria o princípio tecnológico que permitiria que uma máquina tivesse um grau de abstração parecido com o dos humanos.

A atual tecnologia — a inteligência artificial estreita — é baseada em um modelo matemático de redes neurais, que segue princípios matemáticos. Algumas das teorias que sugeriam que seria possível chegar a essa tecnologia são bem antigas, ainda dos anos 1950. Mas realizar uma tarefa complexa exigia um nível de processamento de dados que as máquinas só começaram a ter recentemente.

Por exemplo, digamos que se tente fazer um computador reconhecer dígitos escritos a mão por humanos – de 0 a 9. Essa capacidade é banal para uma pessoa, mas razoavelmente complexa para uma máquina.

O processo das redes neurais, que permite que uma máquina faça isso, é separado em diferentes camadas.

Na primeira camada (chamada de “input layer”), é colocada uma imagem do dígito escrita à mão. Na última camada (a “output layer”), coloca-se o dígito correto – o número que queremos que o computador produza como resposta.

Entre as duas camadas, há diversas camadas ocultas (“hidden layers”) que fazem todo o trabalho. Aqui, a imagem é dividida em pequenas partes — e cada uma dessas partes é descrita em termos matemáticos. Em cada uma das camadas ocultas, essas partes vão sendo estudadas. comparadas com o número final desejado e aprimoradas.

Por exemplo, um dígito “1” costuma ser escrito com um rabisco vertical longo. Ao identificar rabiscos assim, o computador vai “aprendendo” que rabiscos verticais longos provavelmente se referem ao número “1”. E ele “aprende” as características de todos os números, baseados nessas pequenas partes.

Essa tarefa é repetida diversas vezes, e a cada erro, o modelo matemático usado pelo computador vai sendo corrigido, até atingir uma eficiência grande.

É esse aprendizado “profundo” que faz com que uma máquina consiga realizar tarefas que parecem humanas.

E no caso da Inteligência Artificial Geral?

No caso da Inteligência Artificial Geral não existe sequer um princípio teórico bem definido.

Cientistas estão testando diferentes ideias que permitiriam que as máquinas emulassem comportamentos humanos bem mais complexos do que apenas a lógica — como criatividade, percepção e aprendizado.

Alguns acreditam que seria possível alcançar essa tecnologia desenvolvendo ainda mais as atuais redes neurais artificiais — com maior sofisticação dos modelos e maior capacidade de processamento das máquinas. No exemplo anterior, isso seria alcançado aumentando o número de camadas na rede neural.

Mas alguns dizem que isso por si só não seria suficiente para se dar um salto tecnológico dessa magnitude no campo da inteligência artificial. Seria preciso, por exemplo, construir modelos e computadores que se assemelham mais com os humanos na forma como percebem o mundo ao seu redor e fazem conexões entre os objetos.

As grandes empresas de tecnologia — Google, Meta, Microsoft e Amazon, além de diversas outras startups — estão em uma corrida bilionária para atingir o “Santo Graal” da computação.

Por enquanto não existe sequer uma perspectiva de quando a IAG seria criada. Mas há pessoas preocupadas com o potencial destrutivo que ela poderia ter.

Ian Hogwarth é diretor de uma fundação recém-criada pelo governo britânico para pesquisar inteligência artificial. Em um artigo publicado no ano passado no jornal Financial Times, ele alertou que a Inteligência Artificial Geral seria uma espécie de “Deus em forma de inteligência artificial” — por conta de seus poderes quase ilimitados.

“Recentemente, a competição entre algumas empresas para criar uma IA semelhante a Deus se acelerou muito. Elas ainda não sabem como perseguir esse objetivo com segurança e não estão sendo supervisionadas. Elas estão correndo em direção à linha de chegada sem entender o que pode estar do outro lado.”

A preocupação é que sistemas de inteligência artificial como esses poderiam causar danos grandes à humanidade, seja por serem totalmente imprevisíveis ou por poderem ser desenvolvidos por agentes com más intenções. Preocupações semelhantes estão por trás de um pedido feito no ano passado por diversas personalidades do mundo da tecnologia, como Elon Musk e Steve Wozniak, para que pesquisas sobre IA sejam interrompidas por seis meses.

A OpenAI, empresa por trás do ChatGPT, ressalta na página sobre seu projeto de Inteligência Artificial Geral os perigos que existem na tecnologia.

“A IAG também apresentaria sérios riscos de uso indevido, acidentes drásticos e perturbações sociais. Dado que a vantagem da IAG é tão grande, não acreditamos que seja possível ou desejável que a sociedade interrompa o seu desenvolvimento para sempre; em vez disso, a sociedade e os desenvolvedores precisam descobrir como fazer do jeito certo.”

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Falta de rumo de Lula 3 causa o barraco do BBB 24 da Petrobras

Os assuntos mais importantes da Petrobras são política de preços, pesquisa e plano de investimento —quanto vai para petróleo, combustíveis fósseis ou energia renovável. A petroleira é a única estatal, talvez a única empresa do país, que se possa chamar de “estratégica”, como a esquerda gosta de dizer até de barraca de dogão.

Mais importante é a política nacional de petróleo e energia. Isto é, saber quanto mais petróleo se vai explorar e quais as alternativas econômicas que preservem a segurança do abastecimento de energia. Ou saber o que se vai fazer de impostos, dividendos e outros dinheiros petrolíferos. Por ora, tais receitas mal ajudam a cobrir as despesas do governo muito deficitário. Como seria possível, então, que a exploração de petróleo ajudasse a bancar pesquisa e desenvolvimento de energias renováveis? O que se pode fazer a respeito?

Não há política nacional de petróleo e energia, apenas disputas desorganizadas em um governo que já vai completar um terço de mandato. Petrobras, Meio Ambiente, Minas e Energia, Casa Civil e Fazenda, para citar os mais influentes, no caso, têm ideias diferentes ou mesmo opostas a respeito. Não há decisão de rumo e projeto.

Não há nem mesmo política para Petrobras, apenas desejos de Luiz Inácio Lula da Silva. No limite, tais vontades vagas são incompatíveis com normas e com a solidez econômica da Petrobras. De imediato, tais desejos estimulam a politicalha, esse salseiro vexaminoso que prejudica também o crédito da petroleira e mesmo o do governo.

Folha Mercado

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Nosso maior interesse vai para o BBB 24 da Petrobras. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, espezinha o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, para quem soltou em público, nesta Folha, um “sabe com quem está falando?” e um “ponha-se no seu luga r”. O presidente da Petrobras pede a Lula que decida quem manda no barraco. Lula “se irrita”, não gosta de ser “emparedado”, vaza pelas mídias. Prates ou seus amigos choramingam anonimamente: Prates está “machucado”. O drama cafona e irrelevante jorra. Informações sigilosas vazam.

Silveira é amiguinho do casal presidencial. Bajula o presidente, que quer “obras” da Petrobras: navio, refinaria, gasoduto, fábrica de lampião, sabe-se lá. Por vários motivos, pois, entre eles o desejo de mandar mais na empresa, Silveira se sente à vontade de dinamitar Prates, que tentava conciliar estatutos e interesses (e pressões internas) da empresa com os desejos de Lula quanto a preços e investimentos.

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A vulgaridade do “reality” aumenta. Uma turma vaza veneno sobre Prates, suas nomeações heterodoxas na empresa, várias de petistas e sindicalistas, tendo, porém, deixado “bolsonaristas” em cargos relevantes. Outra turma vaza que Silveira e amigos seus no conselho da empresa são quase-bolsonaristas (nem bem isso são: agem de acordo com a oportunidade de poder). Etc.

Entra Aloizio Mercadante na história, que talvez substituísse Prates. No paredão, ele “desagrada” ao mercado; na fofoca amiga, teria dito a Prates que não vai lhe passar uma rasteira e que está “moderado” no BNDES.

O país adora fofoca, novela, barraco e reality, das elites toscas ao restante do povo. Disputa de poder e intriga são compreensíveis e mais interessantes do que balanços, eficiência, transição energética e política de desenvolvimento. Causa desânimo terminal que a burrice da conversa seja tão grande mesmo nisso que se chama de elite nacional.

Dentro e fora do governo, nos ministérios, no BNDES, na Petrobras etc., há gente séria e capaz de pensar uma política. O governo, porém, é uma desordem jeca, amigo de ideias provincianas e erradas de desenvolvimento. Lula, coadjuvado por vassalos atrasados e ignaros, deixou essa baderna daninha acontecer.

vinicius.torres@grupofolha.com.br

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Reduzindo desperdício alimentar

O relatório do Índice de Desperdício Alimentar do Programa Mundial das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP) de 2024 traz uma mensagem contundente e urgente: estamos desperdiçando uma quantidade alarmante de comida em todo o mundo. Publicado pela primeira vez em 2021, em sua nova versão, o relatório utiliza dados mais recentes e abrangentes para atualizar a escala do desperdício de alimentos em todo o mundo. Tem mais desperdício de alimentos do que pessoas passando fome!

Os dados de 2022 mostram que 1 bilhão de toneladas de alimentos foi desperdiçada. Cerca de um quinto dos alimentos disponíveis para os consumidores teve esse destino no varejo, nos serviços alimentares e pelas famílias. A maior parte do desperdício alimentar mundial provém dos agregados familiares, totalizando 631 milhões de toneladas — ou seja, até 60% do total. Os setores dos serviços alimentares e do comércio retalhista foram responsáveis por 290 e 131 milhões de toneladas, respectivamente. Em média, cada pessoa desperdiça 79kg de alimentos por ano, que equivalem a 1,3 refeição por dia para todas as pessoas no mundo afetadas pela fome.

Segundo o relatório, o desperdício não é apenas um problema dos “países ricos”, e o maior fosso está nas variações entre as populações urbanas e rurais. Os que moram no campo desperdiçam menos, e isso pode estar relacionado à reciclagem de restos de comida para animais e à compostagem doméstica. Os países mais quentes registram maior desperdício per capita nos agregados familiares em função do consumo de alimentos frescos e da falta de refrigeração e locais adequados para a conservação.

O texto destaca também que só o desperdício de alimentos gera até 10% das emissões globais de gases com efeito de estufa — quase cinco vezes o total de emissões em comparação com o setor da aviação. Portanto, é essencial reduzir essas emissões que têm impacto na economia global, agravam as alterações climáticas e acarretam em perda de biodiversidade e poluição.

O compromisso dos países com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelece que devemos reduzir pela metade as perdas e o desperdício de alimentos até 2030. As perdas de alimentos dizem respeito às situações involuntárias que ocorrem na esfera da produção e distribuição e estão relacionadas aos problemas de acondicionamento, logística ou manuseio.

O desperdício de alimentos, por sua vez, ocorre de forma voluntária nos elos de comercialização, serviços de alimentação ou nos lares das pessoas. Nesse caso, a medição do desperdício exige uma metodologia mais acurada, pois temos que separar as partes comestíveis dos alimentos do que seria não aproveitado. Trata-se de uma questão multifacetada que leva a uma abordagem holística e coordenada, mas que, ao mesmo tempo, pode apresentar resultados imediatos quando enfrentada por ações de governo em parceria com a sociedade.

A redução do desperdício de alimentos não é apenas uma questão de responsabilidade individual. Exige mudanças sistêmicas e políticas públicas permanentes. Ações conjuntas de intervenção em áreas específicas e regulação provocam resultados imediatos na redução dos desperdícios. Bons exemplos podem ser encontrados na Europa, que pune os varejistas e industriais que descartam alimentos considerados bons para o consumo. Outras medidas são a inclusão de informações sobre a data de validade e formas de conservação, além de incentivar os Bancos de Alimentos e Colheitas Urbanas, equipamentos que “ligam” o alimento que está sendo desperdiçado aos indivíduos em situação de vulnerabilidade alimentar.

Para erradicar a fome até o final da década e alcançar o ODS 2 Fome Zero, é essencial reduzir desperdício de alimentos em todos os níveis, desde os esforços direcionados em áreas urbanas até a colaboração internacional entre países e ao longo das cadeias de abastecimento. É preciso trabalhar junto, em nível local e global, e criar sistemas alimentares mais saudáveis e sustentáveis para todos. Juntos, é possível transformar os sistemas alimentares e alcançar um mundo em que nenhuma pessoa passe fome, e todos tenham acesso a alimentos nutritivos e saudáveis.

Antes de terminar, um alerta: não vamos incorrer no autoengano de imaginar que, acabando com o desperdício de alimentos, vamos acabar com a fome no mundo. A fome, hoje, é um problema de acesso, não de falta de alimentos, fundamentalmente pela miséria de uma parte importante da população que tem rendimentos muito abaixo do mínimo necessário para garantir a sua sobrevivência. Em resumo: alimentos existem, mas os mais pobres não podem comprá-los! O caso brasileiro é o melhor exemplo disso!

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Brasileiro que foi à Finlândia 50 vezes explica segredo da felicidade do país

Considerada sete vezes consecutivas o país mais feliz do mundo, a Finlândia atrai turistas de todo o mundo que querem descobrir os segredos do contentamento fornecidos pelo local. Um deles é Marco Brotto, brasileiro e caçados de auroras boreais. Ele já foi ao país mais de 50 vezes e comenta o resultado do relatório anual World Happiness, que coroou, mais uma vez, a nação finlandesa como a mais feliz.

“Durante boa parte do ano eu viajo por cinco dos sete países mais felizes do mundo: Finlândia, Dinamarca, Islândia, Noruega e Suécia. O que me chama atenção é perceber que nesses lugares a felicidade não significa pessoas sorrindo ou festando. A felicidade é o quanto elas se sentem amparadas, realizadas e seguras com a vida que levam”, disse.

Para ele, os principais motivos pelos quais os países do ártico firmaram-se nos primeiros lugares do ranking da ONU, está a autossuficiência das pessoas. ‘“Os Nórdicos têm condições de escolher o que querem ou precisam fazer, obviamente dentro da Lei. A autossuficiência é muito grande. Felicidade, para eles, é ter saúde, condições físicas, financeiras e de tempo para tranquilamente desfrutar sua vida, sem depender de outras pessoas e amparadas pelo Estado”, completou.

Nos últimos 12 anos, Brotto já fez 145 expedições, em centenas de viagens pela região, levando grupos de brasileiros interessados em ver a aurora boreal. “Enquanto celebramos os feitos da Finlândia e de outros países líderes em felicidade, somos lembrados do valor intrínseco de cuidar não apenas de nós mesmos, mas também uns dos outros e do mundo ao nosso redor”, finaliza.

O ranking foi divulgado em 20 de março pelo relatório anual World Happiness, que rankeia a felicidade em diversas nações. O estudo é da Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU).

Logo após a Finlândia, aparecem Dinamarca, Islândia, Suécia, Israel, Países Baixos e Noruega. O relatório se baseia na avaliação que as pessoas fazem da própria felicidade e em dados econômicos e sociais. Ele considera seis fatores: bem-estar, apoio social, renda, saúde, liberdade, generosidade e ausência de corrupção.

*Estagiária sob supervisão de Talita de Souza

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Brasil reduziu em 36% a perda de florestas em 2023, mostra estudo

O Brasil reduziu, em 2023, cerca de 36% da perda de floresta primária na comparação com 2022. O país atingiu, com isso, o nível mais baixo de desmatamento desde 2015, indica estudo divulgado nesta quinta-feira (4).

Planeta em transe

Uma newsletter com o que você precisa saber sobre mudanças climáticas

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Os dados foram produzidos pela Global Forest Watch, plataforma da ONG WRI (World Resources Institute), em parceria com o Laboratório de Análise e Descoberta Global de Terras (Glad, na sigla em inglês), da Universidade de Maryland.

Mikaela Weisse, diretora do projeto Global Forest Watch, destaca que as florestas tropicais primárias representam os ecossistemas mais importantes para evitar a emissão de carbono e a perda de biodiversidade. “São as ferramentas mais efetivas para combater as mudanças climáticas”, resume.

As florestas tropicais primárias se caracterizam pela grande quantidade anual de chuvas, temperaturas médias elevadas, solo pobre em nutrientes e riqueza em biodiversidade. No Brasil, o maior exemplo é a floresta amazônica.

Weisse atribui a redução do desmate no Brasil em 2023 ao papel do governo federal. Neste primeiro ano de gestão, Lula (PT) e seus ministérios reforçaram o combate ao crime ambiental e reconheceram novos territórios indígenas. Apesar disso, o cerrado e o pantanal (maior planície alagada do mundo) tiveram perdas drásticas de vegetação.

“O declínio foi mais forte no bioma da amazônia, com 39% menos perda de florestas primárias em 2023 do que no ano anterior, mas, infelizmente, nem todos os biomas brasileiros viram a mesma tendência”, diz a diretora.

“No cerrado, que é o epicentro da produção agrícola no Brasil, houve um aumento de 6% na perda de cobertura arbórea entre 2022 e 2023, e o bioma do pantanal também viu um pico na perda florestal devido a incêndios no ano passado”, ressalta.

Em escala mundial, o Brasil representou 43% da perda total de florestas tropicais em 2022, índice que caiu para 30% em 2023.

Outro país que se destacou no estudo do WRI pelas mudanças de políticas na proteção das florestas foi a Colômbia, com 49% na redução de perda de floresta tropical primária em 2023, sob a liderança do presidente Gustavo Petro.

Entretanto, o mundo permanece distante de alcançar suas metas de zerar o desmatamento até 2030, conforme a Declaração dos Líderes de Glasgow. Os trópicos perderam 3,7 milhões de hectares de floresta primária, uma área quase do tamanho do Butão, equivalente a dez campos de futebol por minuto.

As reduções do Brasil e da Colômbia foram contrabalançadas por aumentos em Bolívia, Laos, Nicarágua e outros países. Saltos extraordinários em perdas de florestas ocorreram fora dos trópicos também, como no caso do Canadá, que teve recordes de incêndios.

No geral, os trópicos perderam 9% menos floresta tropical primária em 2023 do que no ano anterior. Porém, a taxa permaneceu estável se comparada aos anos de 2019 e 2021. Nas últimas duas décadas, o mundo perdeu de 3 milhões a 4 milhões de hectares de floresta tropical a cada ano, segundo o WRI.

Só a República Democrática do Congo perdeu mais de 500 mil de hectares de floresta tropical primária em 2023. A bacia do Congo, localizada na África Central, ocupando seis países, permanece, contudo, como um sumidouro de carbono, o que significa que a floresta absorve mais gás do que emite.

Para Teodyl Nkuintchua, líder de estratégia e engajamento da bacia do Congo no WRI, embora a taxa da República Democrática do Congo tenha crescido apenas 3% em 2023, o pequeno aumento contínuo, ao longo de muitos anos, se acumula e gera preocupação.

“As florestas tropicais são a espinha dorsal dos meios de subsistência dos povos originários e das comunidades locais em toda a África, e isso é especialmente verdadeiro na bacia do Congo”, diz Nkuintchua.

Na Bolívia, a perda aumentou em 27%, atingindo batendo recorde pelo terceiro ano consecutivo. O país teve a terceira maior perda de florestas primárias entre os países tropicais, apesar de ter menos da metade da área florestal da República Democrática do Congo ou da Indonésia.

A perda relacionada ao fogo representou 51% do total da Bolívia em 2023, à medida que o clima quente recorde levou incêndios provocados por humanos a se espalharem pelas florestas. A produção agrícola, especialmente a soja, também é um dos principais impulsionadores do desmate no país andino.

A Indonésia aumentou em 27% a sua perda em 2023, ano de El Niño, embora a taxa permaneça historicamente baixa em comparação com a dos meados da década de 2010. O fenômeno climático levou a preocupações quanto a uma nova temporada de incêndios, como em 2015, mas os impactos foram menos severos do que os inicialmente previstos.

Além disso, Laos e Nicarágua viram um aumento na perda de florestas primárias nos últimos anos, incluindo 2023. Os dois países têm taxas excepcionalmente altas em relação ao seu tamanho, perdendo 1,9% e 4,2%, respectivamente, de suas florestas primárias. Os saltos nesses países são, em grande parte, resultado da expansão agrícola.

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Confira 7 dicas para cuidar dos cabelos no outono

Durante o outono, é importante prestar atenção aos cuidados com o cabelo, já que as mudanças climáticas podem afetar a aparência e a saúde dos fios. Uma das principais preocupações durante essa estação é a queda excessiva, que pode ser causada por diversos fatores, como o clima mais seco e a falta de umidade no ar.

“Mas, o que agrava mesmo são ventos comuns dessa temporada, que fazem com que os fios percam a umidade e se tornem mais secos e quebradiços, além do uso da temperatura da água mais quente, que também prejudica o cabelo como um todo”, explica o hair stylist Luigi Moretto. Todavia, o especialista lembra que é normal a perda de 60 a 100 fios de cabelo por dia.

Contudo, há maneiras de evitar as quedas e os danos maiores aos cabelos nesta época do ano. Confira!

1. Atenção à lavagem dos fios

Para cuidar dos cabelos no outono, a dica básica está relacionada à lavagem. “O ideal é higienizar os fios, pelo menos, quatro vezes na semana, intercalando os dias sempre utilizando a água em temperatura mais amena, já que a água quente deixa os fios mais ressecados e o couro cabeludo mais oleoso”, afirma Luigi Moretto.

2. Cuidado ao pentear

Geralmente, o cabelo fica mais frágil quando molhado, sendo importante cuidado ao penteá-lo. “Para evitar maiores problemas, a dica é não pentear o cabelo no chuveiro, visto que, quando está molhado, ele fica frágil […] e, ao desembaraçar o fio nesta hora, a tendência é puxar os fios e quebrá-los”, avisa. O hair stylist também alerta que o trauma de um fio quebrado pode afetar a raiz, ocasionando a queda. Por isso, secar com a toalha e só depois desembaraçar pode ser uma ótima saída.

Óleos vegetais podem ser utilizados para fazer umectação nos cabelos (Imagem: Prostock-studio | Shutterstock)

3. Foco na umectação

Outra maneira inteligente de blindar os fios e protegê-los contra as oscilações de temperaturas é fazer umectação uma hora antes de lavar os cabelos. “Vale usar óleo de rícino e o óleo de coco, por exemplo, que ajudam a não agredir, além de evitar ir para a cama com os fios molhados, já que isso aumenta a chance de proliferação de fungos, caspa, além de quebra dos fios”, avisa.

4. Proteja-se do calor

Como o período ainda é propício para o aumento de frizz, o hair stylist aconselha aumentar o uso de leave-in e protetores térmicos antes de usar ferramentas de calor, como secadores e chapinhas.

5. Hidrate regularmente

Durante o outono, hidratar o cabelo é essencial. Para isso, os produtos com óleos são os mais indicados, pois hidratam profundamente os fios, evitando o ressecamento típico do período, ao passo que mantém a maciez e brilho.

6. Proteja os cabelos do vento

O vento é um dos grandes vilões dos cabelos no outono, pois faz com que os fios fiquem embaraçados e fracos. Uma das maneiras mais eficazes de protegê-los é utilizando acessórios, como lenços, chapéus ou bonés.

7. Não durma com o cabelo molhado

Após lavar os cabelos, seque-os seguindo a dica anterior sobre os secadores, pois a umidade enfraquece os fios, aumenta a quebra e o frizz. Também não utilize acessórios que abafem os cabelos, deixe-os respirar.

Por Mayra Barreto Cinel

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R$ 20: Alto Paraíso de Goiás passa a cobrar Taxa de Conservação Ambiental (TCA)

No último dia 26 de março, o prefeito Marcus Adilson Rinco de Alto Paraíso de Goiás assinou o Decreto Nº 2.224/2024, que “dispõe sobre a regulamentação do artigo 211 do Código Tributário Municipal, no que tange à fiscalização do pagamento da taxa de ambiental e estabelece a obrigatoriedade do uso da plataforma de controle de entrada e saída de turistas pelos atrativos turísticos do município, conforme inserido pela Lei Complementar nº 064/2023”. A Taxa de Conservação Ambiental (TCA), segundo o documento, visa promover o desenvolvimento sustentável local, priorizando a proteção de Alto Paraíso de Goiás.

Com o TCA, “fica estabelecida a obrigatoriedade para todos os atrativos turísticos do município de Alto Paraíso de Goiás de utilizar a plataforma de controle de entrada e saída de turistas, desenvolvida e disponibilizada pela Prefeitura Municipal, sem custo para adesão”.

O período de cadastro dos atrativos turísticos no sistema se estende de 26 de março a 15 de abril de 2024. Durante este tempo, haverá um período de adaptação de seis meses a partir da data de cadastro, durante o qual não serão aplicadas penalidades aos atrativos turísticos pelo uso e cadastramento na plataforma.

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Os valores da taxa são estabelecidos em R$ 20,00 por visitante para estadias de até uma semana (7 dias) em Alto Paraíso de Goiás. Caso a estadia exceda uma semana, a taxa será cobrada novamente. Para facilitar o pagamento antecipado da taxa e evitar filas, foi criado um site específico. O pagamento pode ser realizado através de um aplicativo ou diretamente na página da internet.

Após efetuado o pagamento, um QR code será gerado e deverá ser apresentado nas portarias instaladas na entrada da Vila de São Jorge e nos demais atrativos. A verificação do pagamento da TCA pelos turistas e visitantes será realizada através de QR Code, consulta por CPF ou pelo número gerado pelo sistema.

Estão isentos da taxa os idosos acima de 60 anos e crianças menores de 12 anos, pessoas com deficiência física ou mobilidade reduzida, residentes locais e outros grupos específicos, desde que cumpram os requisitos estabelecidos. Aqueles que se recusarem a pagar a taxa estarão sujeitos a multas e inscrição em dívida ativa.

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Amazon planeja investir US$ 150 bilhões em data centers para suprir demanda de IA

A Amazon. planeja gastar quase US$ 150 bilhões nos próximos 15 anos em data centers para aumentar sua capacidade de lidar com o aumento na demanda por aplicativos de inteligência artificial e outros serviços digitais.

A farra de gastos é uma demonstração de força, já que a empresa busca manter sua posição no mercado de serviços em nuvem, onde detém cerca do dobro da participação do segundo colocado, a Microsoft Corp.

O crescimento das vendas na Amazon Web Services desacelerou para uma mínima recorde no ano passado, à medida que os clientes empresariais reduziram custos e adiaram projetos de modernização. Agora, os gastos estão começando a aumentar novamente, e a Amazon está ansiosa para garantir terrenos e eletricidade para suas instalações que consomem muita energia.

“Estamos expandindo significativamente a capacidade”, disse Kevin Miller, vice-presidente da AWS que supervisiona os data centers da empresa. “Acho que isso nos dá a capacidade de ficar mais próximos dos clientes.”

Nos últimos dois anos, de acordo com um levantamento da Bloomberg, a Amazon se comprometeu a gastar US$ 148 bilhões (R$ 740 bilhões) para construir e operar data centers ao redor do mundo. A empresa planeja expandir os hubs de fazendas de servidores existentes no norte da Virgínia e em Oregon, no Estados Unidos, bem como se expandir para novas áreas, incluindo Mississippi, Arábia Saudita e Malásia.

O investimento planejado da Amazon em fazendas de servidores supera em muito os compromissos públicos da Microsoft e da Alphabet, controladora do Google, embora nenhuma das empresas divulgue consistentemente os gastos relacionados a data centers como a Amazon. Porta-vozes da Microsoft e do Google se recusaram a fornecer números comparáveis e acrescentaram que cada empresa provavelmente inclui custos diferentes em suas estimativas.

Em meio a cortes de custos mais amplos na Amazon, os gastos de capital da AWS em data centers diminuíram 2% em 2023 —pela primeira vez— mesmo quando a Microsoft aumentou seus próprios gastos em mais de 50%, de acordo com a empresa de pesquisa Dell’Oro Group. Mas o diretor financeiro da Amazon disse no mês passado que os gastos de capital aumentariam neste ano para apoiar o crescimento da AWS, incluindo projetos relacionados à inteligência artificial.

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Grande parte da expansão dos data centers da Amazon visa atender a um aumento na demanda por serviços corporativos como armazenamento de arquivos e bancos de dados. Mas as instalações, juntamente com chips avançados e caros, também fornecerão a potência de computação necessária para um esperado boom na inteligência artificial generativa.

A Microsoft e o Google são amplamente vistos como líderes na comercialização de software capaz de gerar texto e insights. Mas a Amazon está construindo suas próprias ferramentas para rivalizar com o ChatGPT, da OpenAI, e se associou a outras empresas para alimentar serviços de IA com seus servidores. Como resultado, a Amazon espera obter dezenas de bilhões de dólares em receita relacionada à IA.

A AWS instalou seus primeiros data centers na Virgínia, nas proximidades de Washington. Lar do primeiro intercâmbio comercial de tráfego na web, a área continua sendo um hub crucial para streaming de vídeo e dados corporativos e governamentais. Posteriormente, a Amazon abriu data centers na zona rural do leste de Oregon, aproveitando a energia hidrelétrica barata e amplos incentivos fiscais. Desde então, Virgínia e Oregon receberam cerca de quatro de cada cinco dólares que a AWS gasta em infraestrutura nos EUA.

A Amazon planeja gastar dezenas de bilhões a mais nesses estados, mas está se tornando mais difícil garantir eletricidade lá. Os data centers consomem muita energia, e sua expansão está pressionando as empresas de serviços públicos. Por alguns meses em 2022, a Dominion Energy Inc., que alimenta o corredor de data centers da Virgínia, não conseguiu acompanhar, pausando conexões para instalações que estavam prontas para entrar em operação. A empresa de serviços públicos espera que a demanda quase dobre nos próximos 15 anos, com o crescimento impulsionado principalmente por data centers.

Em Oregon, o uso de eletricidade pelos data centers da Amazon excede a parcela da energia hidrelétrica local, forçando-a a comprar eletricidade gerada por gás natural, informou um jornal local no início deste ano.

Em fevereiro, a empresa disse que gastaria cerca de US$ 10 bilhões em dois campi de data centers no Mississippi. Anunciado como o maior projeto corporativo na história do estado, o esforço da AWS plantará raízes no sul dos EUA, uma região que viu relativamente pouco gasto com data centers fora de grandes cidades como Dallas e Atlanta.

No início deste mês, o operador de uma usina nuclear de 40 anos no rio Susquehanna, na Pensilvânia, disse que a AWS concordou em gastar US$ 650 milhões para adquirir um campus de data center conectado à instalação.

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Em Round Rock, Texas, a AWS recentemente obteve aprovação de zoneamento para construir um centro de dados e subestação elétrica ao lado de um depósito de entrega em uma parte de uma antiga fazenda que a empresa adquiriu durante uma onda de gastos na era da pandemia. Se o projeto avançar, será a primeira vez que a empresa colocará tais instalações na mesma propriedade.

“Agora é apenas uma corrida louca por qualquer lugar que tenha energia em breve”, disse Charles Fitzgerald, ex-gerente da Microsoft e investidor baseado em Seattle que acompanha os gastos das empresas de nuvem.

Mesmo enquanto se expandem, a Amazon e outras empresas estão encontrando uma crescente oposição aos centros de dados. Grande parte da atual animosidade está centrada na Virgínia, onde os moradores reclamam do zumbido incessante das fazendas de servidores e os preservacionistas lamentam a invasão das instalações expansivas em locais de batalha da Guerra Civil. Mas bolsões de resistência estão surgindo em outras partes dos EUA e podem crescer à medida que mais e mais centros de dados entram em operação —quer sejam construídos pela Amazon ou não.

Defensores de energia renovável também afirmam que a pressa para construir novas instalações deu nova vida a antigas usinas movidas por combustíveis fósseis que aquecem o planeta e até ajudou a justificar a construção de novas. No Mississippi, por exemplo, a Amazon pagará para ajudar a concessionária local a construir fazendas solares, mas a empresa também operará os centros de dados com uma nova usina de energia a gás natural que provavelmente funcionará por décadas.

“Empresas como a Amazon terão que usar seu poder de compra para realmente forçar as concessionárias a mudar seu comportamento”, disse Daniel Tait, gerente de pesquisa e comunicações do Energy and Policy Institute, um órgão de controle de concessionárias que apoia energias renováveis. “Não estão apenas induzindo mais uso de combustíveis fósseis, mas estão criando o precedente de que todos que vierem depois farão o mesmo.”

Nos últimos anos, a Amazon tem sido a maior compradora corporativa de energia renovável do mundo, como parte de um compromisso de alimentar todas as suas operações com eletricidade renovável até 2025. Mas esses projetos podem estar longe de seus centros de dados, um descompasso entre oferta e demanda que atormenta a rede elétrica fragmentada e envelhecida dos EUA.

O chefe de centro de dados da Amazon, Miller, disse que a empresa continuava a avaliar projetos de energia limpa além de fazendas eólicas e solares, incluindo armazenamento de baterias e energia nuclear, que podem substituir as usinas movidas a combustíveis fósseis. Ele se comprometeu a trabalhar com as concessionárias e encontrar uma maneira de “corresponder nossa necessidade de energia com energia renovável e livre de carbono”.

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