Análise: o mundo se tornou mais perigoso para Lula

“Quero dizer que o Brasil está de volta. Para cooperar outra vez com os países mais pobres, sobretudo da África, com investimentos e transferência de tecnologia. Para estreitar novamente relações com nossos irmãos latino-americanos e caribenhos, e construir junto com eles um futuro melhor para nossos povos” — discursou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, recém-eleito, na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP 27, realizada em Sharm el-Sheikh, no Egito, em novembro de 2022.

Antes de tomar posse, sua expectativa era de que voltaria a ser um player da diplomacia mundial, em contraste absoluto com o ex-presidente Jair Bolsonaro, que havia acabado de derrotar nas eleições daquele ano e que transformara o Brasil num “pária mundial”. Ao lado de sua futura ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, Lula nadou como um campeão olímpico na raia ambiental, com a promessa de conter imediatamente a devastação da Amazônia.

“Voltamos para ajudar a construir uma ordem mundial pacífica, assentada no diálogo, no multilateralismo e na multipolaridade”, destacou. Desde então, porém, o mundo se tornou muito mais perigoso, e a política externa brasileira passou a desnudar contradições que atingem a liderança de Lula no plano internacional e, também, ampliam suas dificuldades políticas internas.

Por exemplo, no mesmo momento em que a crise venezuelana se agudizava, Lula classificou como “normal” a situação do país vizinho, ao mesmo tempo em que as imagens da violenta repressão aos protestos da oposição contra a fraude eleitoral, que manteve o presidente Nicolás Maduro no poder, eram transmitidas por todos os meios de comunicação. Desinformação ou cinismo? Sua entrevista deu margem às duas interpretações.

Sim, o mundo ficou mesmo mais perigoso. Nesta quarta-feira, o Itamaraty emitiu nota oficial na qual “condena veementemente” o assassinato do chefe político do Hamas, Ismail Haniyeh. O líder do grupo terrorista foi morto durante um atentado aéreo ocorrido nas primeiras horas da manhã, em Teerã, depois de participar da posse do novo presidente daquele país, Masoud Pezeshkian. Durante a cerimônia de posse, esteve quase ao lado do vice-presidente Geraldo Alckmin, que representou o governo brasileiro. O Irã acusa Israel de ter lançado um foguete no quarto onde o líder palestino dormia.

O ataque cirúrgico a um hóspede oficial da posse do presidente do Irã aumentou a tensão no Oriente Médio, onde a tentativa de Lula no sentido de ter algum protagonismo nas negociações para acabar com a guerra de Gaza se tornou um conflito aberto com Israel. Netanyahu aposta na escalada do conflito para se manter no poder, não tem a menor intenção de dialogar.

Já há muita polêmica sobre a política externa brasileira. A narrativa errática de Lula em improvisos, emoldurada pelo chamado Sul Global, trouxe para o centro do debate um vetusto viés terceiro-mundista, que subordina a questão democrática à velha doutrina anti-imperialista da esquerda latino-americana.

Desde o “pragmatismo responsável” do falecido chanceler Saraiva Guerreiro, que comandou o Itamaraty de 1979 a 1985, o Brasil tem uma política externa independente e pragmática, que não comporta alinhamentos automáticos. O chanceler do governo do general João Batista Figueiredo está para o panteão da Casa de Rio Branco, como Oswaldo Aranha, San Tiago Dantas e Azeredo da Silveira.

Guerreiro deixou como legados o acordo da hidrelétrica de Itaipu, que encerrou o litígio entre o Brasil e o Paraguai com a Argentina, e o acordo nuclear Brasil-Alemanha Ocidental, assinado em 1975, no governo Geisel, apesar das pressões e da oposição dos Estados Unidos.

Àquela época, a política externa era muito criticada internamente, devido ao posicionamento do Itamaraty em relação à África, ao Oriente Médio e aos vizinhos latinos, mas havia um regime autoritário indiferente a pressões da oposição. A política externa de Lula está em linha com essa tradição.

Entretanto, a realidade mundial mudou. O esforço para posicionar o Brasil como líder do Sul Global no Ocidente, já que o protagonismo euroasiático da aliança China-Rússia-Irã é inegável, suscita muitos questionamentos e não tem respaldo nos demais países do Cone Sul. No momento, quem protagoniza esse eixo no subcontinente é a Venezuela de Nicolás Maduro. Não é uma boa companhia.

Do ponto de vista do comércio exterior, nosso principal parceiro comercial é a China, mas os Estados Unidos e a Argentina ainda são os principais mercado de nossa indústria. Uma política externa tendo por centralidade os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), agora ampliado, com a adesão de Arábia Saudita, Argentina, Emirados Árabes, Egito e Etiópia, como defende o assessor especial da Presidência Celso Amorim, desloca o nosso eixo de gravidade do campo da democracia representativa do Ocidente para os regimes autoritários do Oriente, de características “iliberais”, teológicas ou absolutistas, como o que se instalou na Venezuela.

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4 lugares para conhecer no sudoeste da Flórida

Imagine se encantar com praias paradisíacas ricas em vida marinha, passear por charmosas cidades costeiras repletas de história e cultura e desfrutar de uma culinária deliciosa com frutos do mar frescos e toque sulista.

O sudoeste da Flórida engloba cidades como Punta Gorda, Fort Myers e as ilhas Captiva e Sanibel. A região é um verdadeiro paraíso para os amantes da natureza e tranquilidade. Punta Gorda, uma charmosa cidade à beira-mar, atrai visitantes com suas marinas pitorescas e a beleza natural do Babcock Ranch. Já em Fort Myers, os turistas podem explorar o movimentado centro da cidade, repleto de lojas, restaurantes e galerias de arte, além de desfrutar das belas praias da região.

A ilha de Captiva, com suas praias de areia branca e águas cristalinas, é considerada um refúgio para quem busca sossego. Por sua vez, Sanibel é famosa por oferecer uma atmosfera descontraída e pela grande diversidade de conchas em suas praias, que atraem colecionadores do mundo todo.

Embora cada destino tenha suas características, eles têm em comum uma rica variedade de restaurantes, campos de golfe e opções de hospedagem que vão desde resorts luxuosos até pousadas acolhedoras. Com seu clima ameno durante todo o ano e uma infinidade de atividades para todas as idades, essa região é um destino turístico imperdível para quem busca relaxamento, diversão e contato com a natureza.

1. Fort Myers

O centro de Fort Myers é famoso pelas suas características arquitetônicas (Imagem: Kristi Blokhin | Shutterstock)

Um destino perfeito para uma fuga tropical, essa é a ensolarada Fort Myers, com suas praias deslumbrantes, atividades ao ar livre, culinária deliciosa e uma rica herança cultural. De mergulhos nas águas cristalinas do Golfo do México a passeios pelas históricas residências de inverno de figuras ilustres, a cidade reserva algo especial para todos os gostos.

O charmoso centro histórico de Fort Myers, conhecido como River District, é famoso por suas características arquitetônicas únicas que unem estilos que vão do neoclássico ao Art Déco. Os visitantes podem explorar a área caminhando pelas ruas de paralelepípedos, fazendo compras em lojas descoladas, apreciando as galerias de arte e curtindo a variedade de restaurantes; entre eles, o Ford’s Garage, rede de restaurantes com temática dedicada ao automobilismo retrô.

No final do século XIX, o famoso inventor Thomas Edison comprou uma casa na cidade que logo se tornou um ponto de encontro para a elite industrial americana da época, inclusive Henry Ford seguiu os passos do amigo e também adquiriu uma residência por lá.

As casas de inverno desses dois ilustres inventores, agora conhecidas como Edison & Ford Winter Estates, são consideradas um marco histórico. Reserve pelo menos duas horas para explorar as propriedades, os belos jardins, o laboratório de pesquisa do inventor da lâmpada incandescente e o museu que exibe outras invenções e carros históricos. O passeio é uma forma interativa de conhecer mais sobre a trajetória dessas duas figuras cujas criações fazem parte do nosso dia a dia.

A gastronomia agrada os amantes da boa comida, oferecendo uma diversidade culinária que reflete a rica mistura cultural da região. No histórico McGregor Boulevard, fica o café de mesmo nome e seu pátio arborizado que atrai muitos moradores para curtir um café da manhã caprichado, com destaque para as quiches caseiras. O Snug Harbor Waterfront Restaurant tem um clima descontraído e aposta nos frutos do mar e peixes, em especial o saboroso peixe local “grouper” como carro-chefe.

Fort Myers também é conhecida por suas praias de areia branca e águas cristalinas. A Lovers Key State Park tem um clima mais natural, onde se pode observar a vida selvagem em seu habitat natural. Golfinhos, peixes-boi e uma variedade de aves estão sempre dando o ar da graça.

O parque se tornou um ponto de encontro de fotógrafos de todas as partes. A praia que leva o nome da cidade tem uma pegada mais urbana sendo uma das mais movimentadas da região, mas ainda assim é possível relaxar, nadar em suas águas mornas, praticar esportes aquáticos e assistir ao pôr do sol ao som de música ao vivo em um dos restaurantes da orla como o Lah De Dah Beach Bar & Grill.

2. Sanibel

Sanibel tem o único museu dedicado a conchas e moluscos, o Bailey-Matthews National Shell Museum (Imagem: Jillian Cain Photography | Shutterstock)

As duas ilhas, Sanibel e Captiva Island, estão conectadas por uma ponte e podem ser facilmente acessadas a partir de Fort Myers, seja para um dia de descanso na praia ou de aventura ao ar livre. Mundialmente conhecida pela quantidade e variedade de conchas marinhas especiais, a ilha Sanibel atrai entusiastas de todo o globo.

As correntes do Golfo do México trazem uma vasta coleção atraindo os praticantes de “shellying” (coleta de conchas) em busca das mais exóticas. A experiência de encontrar uma concha rara é um dos motivos que mantêm os colecionadores retornando à ilha ano após ano.

Essa atividade é tão levada a sério que Sanibel é sede do único museu norte americano dedicado exclusivamente às conchas e aos moluscos, o Bailey-Matthews National Shell Museum. Com curadoria do brasileiro José H.leal, Ph.D em Biologia Marinha e Pesca pela universidade de Miami, o local possui uma vasta coleção de conchas vindas de todo o mundo, além de exibições interativas e informativas que reforçam o compromisso da instituição com o respeito pelo meio ambiente. Todas as atividades são projetadas para despertar o interesse e a admiração pela natureza.

A ilha é ideal para caminhadas relaxantes, observação de aves e passeios de bicicleta, que proporcionam uma experiência única de imersão na fauna e flora locais. Além disso, o J.N. “Ding” Darling National Wildlife Refuge é um ponto de parada obrigatório.

O santuário tem uma impressionante diversidade de vida selvagem, desde aves migratórias até jacarés. O percurso guiado revela uma nova maravilha natural a cada parada. Este refúgio não apenas protege ecossistemas preciosos, mas também proporciona uma oportunidade educativa e revitalizante para todos que o visitam.

3. Captiva Island

Captiva é conhecida por seu charme e ambientes mais reservados (Imagem: John Apte | Shutterstock)

Captiva está situada a aproximadamente 40 quilômetros de Fort Myers, cidade mais próxima com um aeroporto internacional, facilitando o acesso para turistas de todo o mundo. De Miami, a distância é de cerca de 250 quilômetros, enquanto, de Tampa, são aproximadamente 230 quilômetros.

A ilha é conhecida por seu charme pitoresco e ambientes mais reservados. Um dos seus principais atrativos são as praias de areia branca e fina, banhadas por águas cristalinas do Golfo do México. Entre as mais visitadas, destacam-se a Turner Beach e a Alison Hagerup Beach Park, ideais para a prática de atividades como natação, snorkeling e pesca.

Como em toda a região, a gastronomia é um ponto alto e, em Captiva, não é diferente. O restaurante Green Flash é conhecido por sua localização privilegiada com vista para a Baía de Pine Island. Este restaurante é ideal para uma refeição mais sofisticada, pois o seu menu destaca frutos do mar frescos e pratos gourmet que agradam aos paladares mais exigentes. Já o RC Otter tem uma vibe casual ideal para famílias e amigos que desejam desfrutar de uma refeição em um ambiente descontraído. O restaurante é famoso por seu cardápio diversificado que inclui pratos de inspiração sulista.

Uma ótima ideia é dar uma “esticadinha” até a Cabbage Key, pequena ilha acessível apenas de barco. Ao chegar, você será recebido por uma vegetação exuberante, peixes-boi, pássaros e uma atmosfera relaxante. Explore as trilhas naturais, suba o mirante para uma vista panorâmica de tirar o fôlego e não deixe de visitar o icônico restaurante, famoso por seus deliciosos hambúrgueres e inúmeras notas de um dólar decorando as paredes. Um legítimo refúgio tranquilo longe do agito da vida cotidiana.

4. Punta Gorda

Punta Gorda mistura o charme do litoral com a cena artística (Imagem: Anthony George Visuals | Shutterstock)

Localizado às margens do Golfo do México, é um destino que encanta com uma mistura única de charme litorâneo e uma vibrante cena artística. A cidade é conhecida por suas belas praias, como a Fisherman‘s Village, onde os visitantes podem não só desfrutar do sol, areias macias e águas cristalinas, mas também de um complexo comercial com uma série de lojas, restaurantes, marina e até um hotel, proporcionando um ambiente agradável para passear e desfrutar da culinária local.

Já a Praia de Englewood é uma das mais visitadas da região. Além da areia branca e água verde-esmeralda, você encontra boa estrutura de banheiros e chuveiros, além de muitos restaurantes próximos, mas lembre-se que a maioria das praias dos Estados Unidos não possui comércio, por isso a dica é levar todos os itens de que você vai precisar.

Punta Gorda também é um paraíso para os praticantes de esportes aquáticos. Os visitantes podem desfrutar de diversos passeios no Rio Peace. No tour guiado de caiaque em Dom Pedro Island, é possível conhecer mais sobre a fauna e a flora locais, e nem precisa ter muita sorte para assistir a um show dos acrobatas locais, os golfinhos. Com certeza, vai ficar na memória por muito tempo.

Se a sua pegada é mais contemplativa, a pedida é um passeio no Red Tiki Sunset, uma espécie de quiosque flutuante onde você pode curtir o pôr do sol entre amigos desfrutando de drinks e até dar uma palinha no karaokê.

Ainda para os apreciadores da vida selvagem, o passeio ecológico a bordo do ônibus pelo Babcock Ranch é uma experiência imperdível. Situado em uma vasta área de preservação ambiental, o rancho oferece uma imersão única no ecossistema. Durante o passeio, os visitantes têm a oportunidade de observar de perto a rica fauna local, incluindo centenas de jacarés, pássaros, veados, porcos selvagens e uma flora exuberante que compõem a paisagem. Guias experientes compartilham conhecimentos sobre a história e a importância da conservação ambiental, tornando o passeio não apenas um deleite visual, mas também uma aula ao ar livre sobre a preservação do nosso planeta.

Os visitantes que possuem uma veia artística mais aflorada precisam conhecer o Peace River Botanical & Sculpture Gardens. Este jardim botânico impressionante combina a beleza natural de plantas exóticas e nativas com esculturas contemporâneas de artistas renomados, criando um ambiente de tranquilidade e inspiração.

Outra parada é o Centro de Artes Visuais de Punta Gorda, que oferece uma profunda imersão cultural, apresentando exposições de arte local e internacional, além de oficinas e eventos que estimulam a criatividade e o gosto da comunidade pelas artes. Vale checar as atividades disponíveis e participar de uma das aulas. Juntos, esses dois atrativos proporcionam um dia enriquecedor e relaxante, perfeito para quem deseja explorar a riqueza cultural e natural da região.

Punta Gorda possui uma cena gastronômica diversificada, com restaurantes que vão desde os mais casuais até opções sofisticadas e à beira-mar. Entre os mais casuais, o Perch 360, localizado no rooftop do The Wyvern Hotel, oferece refeições variadas e rápidas ou mesmo drinks e petiscos para curtir com os amigos, vale conferir a programação noturna da casa.

O Burg’rBar para café da manhã e já foi eleito o melhor cheeseburger da cidade. O Sand Bar Tiki Grille em Englewood Beach e seus pratos à base de frutos do mar como o Lobster Roll são uma ótima opção pós-praia. Para os paladares mais sofisticados, o 88 Keys, também no The Wyvern Hotel, serve pratos da cozinha internacional com um toque contemporâneo. O ambiente é bem classudo e conta com adega e piano bar.

Outra opção deliciosa é o Blue Lime, um dos inúmeros restaurantes que fazem parte do novíssimo resort Sunseeker. A casa tem raízes mexicanas e uma estação volante de guacamole comandada por uma brasileira. Os pratos, a carta de drinks e a vista, acredite, surpreendem a todos!

O sudoeste da Flórida é muito democrático e tem uma personalidade marcante com algo de legal para todos os perfis e as idades, fato que torna a região um destino ideal para quem busca relaxar, explorar a natureza, mergulhar na história e desfrutar de uma vibrante cena cultural.

Parafraseando Thomas Edison: “Florida is as about as near to Heaven as any man can get”. Em tradução livre, “A Flórida é o mais perto do paraíso que qualquer homem pode chegar”. Sem dúvida, mergulhar nesse universo turístico do sudoeste da Flórida é uma experiência que promete surpreender e encantar os visitantes do Brasil e de todo o mundo.

Por Camila Karam – revista Qual Viagem

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Artigo: No xadrez da transição energética, seremos dama ou peão?

ARNALDO JARDIM

No tabuleiro global da transição energética, o Brasil tem as peças certas, mas enfrenta um jogo complexo de desafios e oportunidades. Com um subsolo rico em minerais estratégicos e um vasto potencial de energia renovável, o país tem tudo para ser um líder na mudança para uma matriz energética mais verde. No entanto, obstáculos regulatórios e fiscais ameaçam essa trajetória promissora.

Nas reuniões da Frente Parlamentar da Mineração Sustentável, buscamos soluções para que o Brasil se destaque no cenário da transição energética. Temos um subsolo rico em minerais estratégicos essenciais, como nióbio, lítio, grafite, terras raras, entre outros, fundamentais para a fabricação de baterias, turbinas eólicas e novas tecnologias verdes. Somado a isso, temos um parque hidrelétrico bem estruturado, um imenso potencial de energia solar e eólica, bem como um ambiente geopolítico estável, sem conflitos bélicos ou desastres naturais de grande escala.

A realidade, entretanto, apresenta-se desafiadora. A recente Reforma Tributária introduziu o imposto seletivo sobre a mineração e temos, agora, o risco de aumento da carga tributária do setor. Isso representa uma ameaça direta à competitividade global dos produtos e insumos brasileiros, podendo desencadear a fuga de investimentos, impactar a segurança jurídica dos negócios, aumentar os custos de produção e, consequentemente, elevar os preços para os consumidores. Além disso, a alta carga tributária continua representando uma barreira significativa. São necessários incentivos adequados e legislações mais coerentes, capazes de garantir segurança jurídica para a indústria, de modo que nossos insumos e produtos minerais sejam mais competitivos no mercado internacional.

Outro desafio é a falta de conhecimento de todo o potencial mineral do país, sendo preciso mais investimentos em mapeamento geológico em todas as escalas. Essa medida é importante não só para as estratégias econômicas, mas para o planejamento urbano, a gestão ambiental e, principalmente, para garantir a segurança e soberania nacional. Medidas de estímulo ao financiamento da pesquisa mineral são fundamentais se almejamos não apenas extrair seus recursos, mas transformá?los em produtos de alto valor agregado.

Nesse sentido, a Frente Parlamentar da Mineração Sustentável (FPMin) lançou a campanha #ANMForteJá, pelo fortalecimento e estruturação da Agência Nacional de Mineração (ANM). Com um deficit de mais de 1.400 servidores e um orçamento aquém de suas necessidades, ainda falta muito para termos uma ANM com capacidade de contribuir com a transição energética. Além de destravar o desenvolvimento da mineração, o fortalecimento é vital para a regulação e a fiscalização eficiente do setor.

A mais recente ação da FPMin para alavancar a produção mineral do Brasil será a realização do seminário Minerais Críticos e Estratégicos: Desafios e Fomento à Produção, marcado para hoje, em parceria com a Comissão Especial da Transição Energética e Produção do Hidrogênio Verde (Ceenergia), que terá a participação de representantes da academia, do Poder Executivo, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do setor produtivo.

É preciso agir com assertividade no momento de mudanças climáticas que o mundo atravessa. A mineração sustentável emerge não como uma jogada opcional, mas como um movimento essencial, sem o qual não é possível assumir um papel de protagonismo. Nesse jogo, a vitória será medida pela capacidade de transformar potencial em ação concreta, avançando, passo a passo, em direção a um legado de inovação e sustentabilidade.

* Deputado federal (Cidadania-SP), diretor da Frente Parlamentar da Mineração Sustentável (FPMin) e presidente da Comissão Especial da Transição Energética e Produção do Hidrogênio Verde (Ceenergia)

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Evento gratuito em homenagem ao Dia do Gari será nesta quinta-feira (16/5)

Os responsáveis por deixar Brasília limpa e segura vão receber um evento gratuito em homenagem à profissão que exercem. O dia do Gari, marcado para 16 de maio, será comemorado no Pavilhão do Parque da Cidade, a partir das 7h30 com a expectativa de reunir mais de cinco mil pessoas. O encontro é organizado pela Cerrado Livre e conta com apoio do Serviço de Limpeza Urbana do Distrito Federal (SLU) e da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa (Ceac).

“Os objetivos do evento incluem celebrar e reconhecer a importância histórica e cultural dos garis na comunidade, promover a inclusão social e a coesão comunitária, fomentar a economia criativa e o desenvolvimento sustentável no DF, oferecer uma experiência cultural de alta qualidade, acessível a todos os públicos, e estimular a inovação, a criatividade e o empreendedorismo no setor cultural”, explica André Rangel, presidente da Cerrado Livre.

O projeto promove uma campanha, intitulada “Dia sem lixo”, que convida as pessoas a não colocarem o lixo para fora nesta desta, como forma de homenagem.

O evento será iniciado com um café da manhã, às 8h, e a entrada será liberada trinta minutos antes. Duas apresentações musicais estão confirmadas, sendo uma delas do cantor Rainner, às 09h, e outra da dupla Wilian e Marlon, às 11h. Haverá ainda a presença do governador Ibaneis Rocha e de deputados às 10h para o cerimonial. Às 12h, será servido um almoço, finalizando a comemoração.

Ações serão realizadas para inclusão de pessoas com deficiência, como rampas de acesso, estacionamento reservado, banheiros adaptados e comunicação inclusiva com audiodescrição.

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Barroso: “O agronegócio depende da Floresta Amazônica”

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, afirmou, nesta segunda-feira (13/5), que não há conflito entre a preservação ambiental e o agronegócio, já que a atividade econômica depende da proteção da Amazônia.

“É um equívoco achar que há uma tensão entre proteção ambiental e agronegócio. Não existe. O agronegócio depende da Floresta Amazônica”, declarou o ministro em um evento do J20, grupo das Supremas Cortes dos países do G20, grupo das maiores economias do mundo.

Segundo o magistrado, o Brasil ainda não tem condições para se tornar uma liderança industrial ou tecnológica, porém “pode e deve ser a grande liderança global em matéria de mudança climática e proteção ambiental”.

Barroso defendeu que, ainda que o Judiciário não tenha a atribuições de elaborar políticas públicas de enfrentamento às mudanças climáticas, magistrados podem atuar na proteção de direitos, na destinação de recursos e em determinações em situações em que o Executivo e o Legislativo sejam considerados omissos.

Tragédias como as queimadas no Canadá, as inundações no Rio Grande do Sul e a seca na Amazônia foram apontadas pelo ministro como exemplos de que é preciso agir e que o tema extrapolou a esfera científica para tomar o protagonismo em debates internacionais.

“No primeiro momento, em diferentes partes do mundo, o Judiciário considerou o tema como uma questão política a ser tratada pelo parlamento e pelo Executivo. Isso está mudando e acho que está mudando por três razões. Em primeiro lugar, pela percepção de que a proteção do meio ambiente é uma questão de direito fundamental. Olha o que está acontecendo no Rio Grande do Sul. Envolve um dos principais direitos fundamentais que é o direito à vida. As pessoas estão morrendo por conta da mudança climática”, pontuou o magistrado, que também indicou que a dificuldade da política em priorizar ações a longo prazo é um fator dificultador na preservação do meio ambiente.

“É da natureza da política o prazo eleitoral ao passo que o dano que se produz no meio ambiente hoje só vai efetivamente produzir seus resultados negativos daqui a 20 ou 30 anos. Portanto, muitas vezes, falta à política majoritária um incentivo necessário para medidas que são difíceis de tomar”, opinou.

Barroso pediu “solidariedade” das plataformas digitais, em meio à disseminação de fake news envolvendo a tragédia climática no Rio Grande do Sul. “A proliferação de fake news em relação à tragédia climática no Sul é uma derrota de espírito. É uma perversão da alma alguém fazer maldades com uma situação que já é tão gravosa. No momento sensível como esse que estamos vivendo, nós precisamos de uma solidariedade geral, inclusive das plataformas digitais.”

Em uma semana, como disse o ministro, o Supremo, com a contribuição do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), enviou R$ 106 milhões à Defesa Civil gaúcha.

“O Judiciário pôde ajudar com essas contribuições. Mas não se salva o mundo da mudança climática com decisões judiciais. O Judiciário não é o protagonista dessa história, embora possa proferir decisões pontuais e importantes”, observou o presidente do STF.

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A perigosa fauna marinha da Austrália, fonte de antídotos para os humanos

O efeito da picada de uma pequena água-viva Irukandji pode ser tão forte que uma pessoa não consegue respirar, como se tivesse um elefante sentado no peito, e a dor é tão intensa que faz a pessoa desejar morrer, diz o cientista australiano Jamie Seymour, que já sentiu isso pessoalmente 11 vezes.

Esses são os riscos do trabalho que, entre outras etapas, envolve extrair o veneno dessas temíveis criaturas marinhas para salvar vidas, explicou o toxicologista da Universidade James Cook, na Austrália.

Dezenas de águas-vivas Irukandji, algumas do tamanho de uma semente de gergelim, flutuam em tanques de água em um laboratório desta universidade no estado de Queensland.

Em outro tanque, um dos peixes mais venenosos do mundo: o peixe-pedra e sua espinha dorsal mortal. Seu veneno pode matar seres humanos, embora na Austrália não tenham sido registrados casos fatais. Seymour já foi picado e sobreviveu.

Sua equipe estuda os animais mais mortais da Austrália para tentar compreendê-los e ajudar a proteger as pessoas. “A Austrália é, sem dúvida, o continente mais venenoso do mundo”, afirma Seymour à AFP.

Passeando entre os tanques, o cientista vai mostrando suas perigosas criaturas, incluindo algumas águas-vivas cubomedusas, comumente chamadas de vespas-do-mar, cujo veneno pode matar uma pessoa em apenas 10 minutos.

– Extração do veneno –

Apesar da quantidade de animais venenosos na Austrália, as mortes são relativamente raras.

Os dados oficiais mostram que, entre 2001 e 2017, houve em média 32 mortes por ano relacionadas a animais, embora a maioria causada por cavalos e vacas.

Desde 1883, foram registradas duas mortes por águas-vivas Irukandji e cerca de 70 por cubomedusas.

Para efeito de comparação, apenas em 2022 houve 4.700 mortes por drogas, álcool ou acidentes de trânsito na Austrália, segundo dados do governo.

“Há chances razoáveis de ser picado ou mordido por um animal na Austrália, mas as chances de morrer são muito baixas”, diz Seymour.

Sua equipe é a única a extrair o veneno desses animais letais para transformá-lo em antídotos.

No caso das cubomedusas, o processo é complicado. Os pesquisadores precisam remover seus tentáculos, congelá-los a seco e extrair o veneno quando ele solidifica.

A extração do veneno do peixe-pedra é mais delicada. Os cientistas devem inserir uma seringa nas glândulas venenosas do animal vivo enquanto o seguram com uma toalha.

O veneno é enviado para um centro no estado de Victoria, que fica responsável pelo seu processamento.

Inicialmente, um membro da equipe injeta uma pequena quantidade do veneno em um animal, como um cavalo, por seis meses, que desenvolve anticorpos naturais.

Em seguida, os cientistas retiram o plasma do animal, extraem os anticorpos, removem as impurezas e os transformam em antídoto para humanos.

– Mudanças climáticas –

Esses antídotos são enviados para hospitais na Austrália e em outras nações do Pacífico para serem administrados a pacientes que foram picados ou mordidos por algum desses animais.

“Temos alguns dos melhores contravenenos do mundo, sem dúvida”, orgulha-se Seymour.

A mudança climática pode tornar esses tipos de remédios cada vez mais necessários, alertam os cientistas.

Há cerca de 60 anos, as águas-vivas Irukandji costumavam circular pelas águas australianas entre novembro e dezembro. Com o aumento das temperaturas oceânicas, sua presença pode se estender até março.

Os alunos de Seymour descobriram que essas mudanças de temperatura também alteram o nível de toxicidade do veneno.

“Por exemplo, se eu preparar um antídoto para um animal a 20 graus e for picado por um animal que vive em um ambiente de 30 graus, esse contraveneno não funcionará”, conclui.

Estudos científicos demonstraram que o veneno dessas criaturas também poderia ser usado para tratar outras doenças, embora seja uma área de pesquisa pouco financiada.

O veneno “deve ser pensado como um ensopado de vegetais. Existem muitos componentes diferentes”, diz Seymour.

“O que estamos tentando fazer é separar esses componentes e descobrir o que acontece”, explicou.

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Desastres ambientais: tragédia no Sul já é a 2ª maior dos últimos 10 anos no país

A tragédia que atinge o Rio Grande do Sul deixou pelo menos 136 mortos e 141 estão desaparecidos, até este sábado (11/5). Ao todo, são 333 mil desalojados, 71 mil em abrigos. Essa já é considerada o maior desastre ambiental da história do estado.

A enchente em Porto Alegre bateu o recorde histórico de 1941, quando o nível do Guaíba chegou a 4,76cm. Na época, dos 272 mil habitantes de Porto Alegre, 70 mil ficaram desabrigados. Em termos de Brasil, a tragédia no Sul já está entre as 10 com mais mortes. Nos últimos 10 anos, somente a tragédia de Petrópolis, em 2022, teve mais fatalidades, contabilizando 241 vidas perdidas.

Uma pesquisa da Quaest divulgada na quinta-feira (9/5) apontou que 99% dos entrevistados acreditam que as enchentes no Rio Grande do Sul possuem ligação com as mudanças climáticas. De acordo com um relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM), agência especializada da Organização das Nações Unidas (ONU), lançado na quarta-feira (8/5), o Brasil registrou 12 eventos climáticos extremos, sendo nove deles considerados incomuns e dois sem precedentes, em 2023.

A associação do desastre ambiental com as mudanças climáticas foi reforçado por um estudo publicado na sexta-feira (10/5) por um consórcio de cientistas. O levantamento analisou o padrão histórico de eventos meteorológicos na região desde 1979 e concluiu que as enchentes no Brasil são um evento cujas características locais podem ser atribuídas principalmente às mudanças climáticas provocadas pelo homem.

A maior tragédia climática do Brasil ocorreu em 1967 na região da Serra das Araras, no Rio de Janeiro. A estimativa é que duas mil pessoas tenham morridos nos deslizamentos de terra. A tragédia é considerada pela ONU como um dos dez piores deslizamentos de terra dos últimos cem anos.

As enchentes e deslizamentos que atingiram a região serrana do Rio de Janeiro em 2011 deixou 916 mortes. Foram atingidos os munícipios de oram Nova Friburgo, Teresópolis, Petrópolis, Sumidouro, São José do Vale do Rio Preto, Bom Jardim e Cachoeiras de Macacu, na Região Serrana, e Areal, na Região Centro-Sul do estado.

Os deslizamentos que atingiram Caraguatuba, em São Paulo, em 1967 deixaram 436 mortos, mas estimasse que tenha tido muito mais mortos, já que muitos corpos não puderam ser encontrados em meio a lama.

Também foi em 1967 que um temporal no Rio de Janeiro causou um desabamento no bairro de Laranjeiras. Mais de 300 pessoas morreram quando uma casa e dois edíficios caíram.

Um ano antes, uma enchente deixou 250 mortos na cidade do Rio de Janeiro. Mais de 50 mil pessoas ficaram desabrigadas.

Em fevereiro de 2022, 241 pessoas morreram nos deslizamentos que atingiram Petrópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro. Foram registrados 775 deslizamentos de terra em toda a cidade.

Fortes chuvas que atingiram o estado do Rio de Janeiro em abril de 2010 deixaram 231 mortos em vários munícipios.

As enchentes que atingem o Rio Grande do Sul em maio deste ano já deixaram 136 mortos. Outras 141 continuam desaparecidas e 756 estão feridas. Outras 141 continuam desaparecidas e 756 estão feridas.

Ao todo, 444 municípios foram afetados pelas enchentes e 71.398 pessoas estão em abrigos. Outras 333.928 estão desalojadas,

Mais de 1,5 milhão de pessoas foram atingidas pelas enchentes no Vale do Itajaí em 2008. 135 pessoas morreram.

Os estados de Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte sofreram com deslizamentos em 2022. O estado mais atingido foi Pernambuco, que contabilizou 128 mortes.

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Crise climática: “Negacionismo roubou 30 anos de ações efetivas”, diz especialista

Convidada do Podcast do Correio desta sexta-feira (10/5), a bióloga Mercedes Bustamante, ex-diretora da Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), professora da Universidade de Brasília (UnB) e pesquisadora de mudanças climáticas, explicou como as questões urgentes e que cercam a atual crise climática têm provocado tragédias como a do Rio Grande do Sul.

Na bancada com os jornalistas Mayara Souto e Victor Correia, a bióloga foi questionada sobre a mobilização global para enfrentar os efeitos das mudanças climáticas, em que foi enfática ao apontar o negacionismo climático como um obstáculo. “O negacionismo climático nos roubou quase 30 anos de ações efetivas contra mudanças do tempo. No lugar de estarmos discutindo as soluções e as implementações, nós tivemos que explicar a parte mais básica da ciência e do clima. Isso toma tempo dos pesquisadores e toma espaço na mídia que poderia estar sendo usado para discutir soluções”, critica.

As chuvas intensas que causaram a tragédia no Rio Grande do Sul têm interação entre frentes frias, massas de ar quente seco e os impactos do aquecimento global, que resultaram em precipitações sobre uma área extensa do estado. De acordo com a especialista, há a possibilidade de prever e lidar com desastres naturais como enchentes, com planos de contingência e adaptação. Ela enfatizou a necessidade de alojamentos seguros, suprimento de água e a proteção das infraestruturas críticas para mitigar os impactos devastadores desses eventos.

“O Rio Grande do Sul já era colocado nos modelos climáticos como uma região que sofreria muito com os extremos, tanto de secas, quanto de inundações. Eu espero que essa seja a lição aprendida que, a duras penas, vão ter de haver planos de contingência. A gente precisa ter alojamentos para mulheres e crianças. A gente precisa ter condições e suprimento de água. As infraestruturas críticas são todos aqueles setores que causam um colapso geral da economia e da sociedade. Transporte, comunicação, água potável, sistema de saúde, distribuição de alimentos. Não basta que as pessoas saiam de casa”, diz.

A relação entre mudanças climáticas e urbanização tem prejudicado cidades impermeabilizadas e mal preparadas para chuvas intensas, que tendem a ser cada vez maiores. Bustamante sublinhou que repensar o planejamento urbano e investir em infraestruturas resilientes é o que deve ser feito para enfrentar os novos padrões de precipitação.

Assita ao episódio:

“Uma das questões que vem sendo discutida quanto ao aquecimento global é qual a relação dele com a intensificação e com a maior frequência de fenômenos. Vão ter mais extremos de temperatura que geraram essas grandes chuvas. É importante pensar que o nosso processo de urbanização, a forma como nós construímos as cidades e ocupamos os territórios, foram baseadas num clima que a gente não vai ter mais. Aqueles eventos que talvez acontecessem uma vez a cada 100 anos, agora, a cada grau de aquecimento, vão aumentar em frequência e intensidade. Aquilo que era algo raro vai se tornar mais frequente”, aponta.

Ao discutir a reconstrução de áreas afetadas por desastres naturais em novas localizações, a especialista explicou a complexidade do processo e a necessidade de considerar não apenas aspectos físicos, mas também emocionais e sociais. Por isso, a importância de prevenir desastres futuros e repensar o desenvolvimento urbano de maneira sustentável.

“Quando você desloca as pessoas, não é simplesmente construir uma casa nova, é deslocar memórias e histórias que estão associadas àquele território. Há milhões de pessoas vivendo em regiões que são consideradas vulneráveis depois do processo de evacuação ou migração. O Brasil precisa estar atento. Precisamos ter prevenção de desastres e melhoria da urbanização. Quando acontecem essas enchentes, há um problema crítico que é a qualidade da água. Boa parte das cidades brasileiras ainda têm problema de saneamento básico”, observa.

“Toda ação é válida. Tem que ver o seu espaço de ação e atuar. Não é o governo sozinho e não é a sociedade sozinha. Se não for uma ação coletiva e ampla, vai demorar mais tempo”, conclui.

*Estagiária sob a supervisão de Mariana Niederauer

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Trump prometeu a petroleiras revogar políticas ambientais de Biden

O ex-presidente dos Estados Unidos e candidato republicano Donald Trump pediu a executivos da indústria do petróleo que arrecadassem 1 bilhão de dólares para a sua campanha, com a promessa de revogar as regulamentações ambientais impostas pelo governo de Joe Biden se for reeleito, informou nesta quinta-feira (09) o jornal “The Washington Post”.

O jornal citou fontes segundo as quais a reunião teria acontecido no mês passado, no clube Mar-a-Lago de Trump, na Flórida. A campanha não confirmou nem negou à AFP o conteúdo do artigo.

“Joe Biden é controlado por extremistas ambientais que tentam implementar a agenda energética mais radical da História e obrigam os americanos a comprar veículos elétricos que não podem pagar”, disse Karoline Leavitt, porta-voz da campanha. Já a campanha de Biden acusou Trump de “vender famílias trabalhadoras para as grandes petroleiras em troca de cheques para a sua campanha”.

Segundo o Washington Post, Trump prometeu acabar imediatamente com o congelamento de licenças para novas exportações de gás natural liquefeito (GNL) imposto pelo governo Biden. Também antecipou a executivos de cerca de duas dezenas de empresas, entre elas Venture Global, Cheniere Energy, Chevron e Exxon, que leiloaria mais concessões de petróleo no Golfo do México e revogaria as restrições de perfuração no Ártico do Alasca.

A Lei de Redução da Inflação de 2022, que foi o plano de ação climática de Biden, canaliza cerca de 370 bilhões de dólares em subsídios para a transição energética dos Estados Unidos. Já Trump colocou em dúvida a ciência por trás das mudanças climáticas e retirou os Estados Unidos do acordo de Paris para limitar o aquecimento global.

“Ele age como um vilão das histórias em quadrinhos, oferecendo-se para vender o destino do planeta por um cheque de US$ 1 bilhão”, criticou o grupo climático Evergreen Action. “Está pronto para entregar uma caneta à Exxon e Chevron para redigirem as políticas que vão atrasar o progresso climático dos Estados Unidos e envenenar nossas comunidades.”

A campanha de Biden chamou Trump de “fantoche de seus maiores doadores”. “Ele não luta pelo que é melhor para as famílias americanas, pela energia mais barata ou pelo nosso clima, importa-se apenas com uma vitória nestas eleições.”

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Desmatamento da Amazônia cai 21,8% em um ano; Pantanal reduz 9,2%

O índice de desmatamento na Amazônia caiu 21,8% em um ano, segundo dados divulgados pelo governo federal nesta quarta-feira (8/5). Conforme os números do sistema Prodes, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), de agosto de 2022 a julho de 2023 foi desmatada uma área de 9.064 km², número inferior aos 11.594 km² registrados um ano antes.

A área desmatada na Amazônia no último ano é a menor registrada desde 2019. Em novembro do ano passado, o governo já tinha divulgado uma estimativa desta taxa, que mostrava uma queda de 22,3%. A variação, segundo o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, está dentro da margem de erro.

Já no Pantanal, outro bioma importante do País, a queda foi menos expressiva. No último período analisado, foram desmatados 723 km², número que representa uma redução de 9,2% em relação ao período anterior.

A principal estratégia do governo para reduzir o desmate na área foi o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm), que reúne ações em eixos como fiscalização, monitoramento e desenvolvimento da bioeconomia local, entre outros.

A meta de zerar o desmatamento na região até 2030 é uma promessa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e uma das principais vitrines do Brasil na discussão global sobre clima.

“Esses resultados são a combinação de instrumentos: as ações de fiscalização, mas também as ações voltadas para outros eixos do PPCDAm. Como, por exemplo, instrumentos econômicos e creditícios, aporte de recursos para que a gente possa fazer uma abordagem positiva, ajudando a mudar modelos de desenvolvimento, criando alternativas de base sustentável”, afirmou a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva.

No caso do Cerrado, as taxas confirmadas já tinham sido divulgadas pelo governo no ano passado e mostravam um aumento de 3% do desmatamento no bioma. No último período analisado, o desmate do Cerrado chegou a 11.011 Km², ante 10.688 Km² na medição anterior.

Durante a apresentação dos dados, a ministra Marina Silva falou sobre a importância do combate ao desmatamento no âmbito das políticas relacionadas às mudanças climáticas. Marina afirmou que o governo trabalha na construção de um “PPClima”, em referência ao PPCDAm, para preparar municípios para eventos extremos causados pelo clima. A ministra mencionou a situação do Rio Grande do Sul, onde até o momento 100 pessoas morreram em decorrência de enchentes.

“O que vamos fazer com município 100% alagado no Rio Grande do Sul? Não tem medida de prevenção que dê conta de uma situação dessa. Isso está acontecendo em função da ação humana. Se não revertermos os processos que levam à mudança do clima, teremos uma situação muito difícil”, afirmou.

A ministra afirmou que o plano começou a ser desenhado em fevereiro de 2023 após o desastre em São Sebastião, no litoral norte de São Paulo, quando 64 pessoas morreram em decorrência das fortes chuvas.

“Não é um plano que terá como ser definitivo. Será um plano dinâmico, até porque há uma dinâmica em si mesma do próprio sistema climático, de tudo que está acontecendo. E ele, com certeza, será no plano transversal, como o PPCDAm. Com certeza terá uma uma governança que dê capacidade e agilidade para que as ações sejam implementadas”, explicou Marina.

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