Turismo sustentável como proposta para explorar cavernas brasileiras

Turismo sustentável como proposta para explorar cavernas brasileiras (Curso realizado no Parna de Ubajara (Foto: Vitor Moura))

Conexão com as belezas naturais, encontro com formações geológicas surpreendentes e únicas, um passeio pela cultura e história do Brasil. Esse roteiro é um pequena amostra do que os turistas poderão encontrar ao decidirem conhecer as diversas paisagens subterrâneas espalhadas pelo país. Seja nos parques nacionais Cavernas do Peruaçu, Ubajara ou em qualquer outra unidade de conservação com cavernas abertas à visitação, a riqueza natural desses locais é como um presente a quem os visita. Para permitir que a presença de turistas possa continuar sendo conciliada à conservação desses ambientes e das espécies existentes, dois espeleólogos promovem um curso que busca recuperar cavernas degradadas e ordenar a visitação, minimizando possíveis impactos, são eles Luciana Alt e Vitor Moura.

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Os autores do livro “Introdução às Práticas de Conservação e Recuperação Ambiental em Cavernas Turísticas” promovem cursos voltados para condutores de visitantes, brigadistas, servidores públicos entre outros profissionais que atuam nesses ambientes naturais nas atividades de gestão, instalação e manutenção de infraestrutura ou atividades de uso público. O objetivo é estimular a prática do turismo sustentável em ambientes subterrâneos. A iniciativa faz parte do Plano de Ação Nacional para Conservação do Patrimônio Espeleológico Brasileiro (PAN Cavernas do Brasil).

Segundo o espeleólogo Vitor Moura, é fundamental que os visitantes compreendam a fragilidade e a baixa resiliência inerente aos ambientes cavernícolas. Entre os principais impactos negativos observados nas cavernas, estão pisoteamentos em grandes áreas, pichações e quebra de espeleotemas. “Quando o turista entra numa caverna, geralmente ele não sabe que esse é um ambiente muito frágil e vulnerável. Qualquer dano que for feito, provavelmente não haverá recuperação ou a recuperação será muito difícil. Se o turista souber disso, ele poderá ter uma noção de conservação melhor. Essa é a ideia central do curso. Fazer um dano em uma caverna é muito fácil, mas recuperar é muito difícil ou impossível”, afirma Vitor.

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Entre os lugares onde o curso de conservação e recuperação de cavernas já foi realizado estão o Parque Nacional de Ubajara (CE) e o Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira (Petar – SP). Entre as atividades desenvolvidas durante a ação, Luciana Alt explica que “é fundamental não utilizar produtos químicos e não realizar ações que porventura amplifiquem ou agravem os danos existentes ou causem novos danos”. Além disso, são usadas técnicas de mapeamento de impactos, monitoramento, limpeza de espeleotemas e remoção de pixações.

Luciana Alt e Vitor Moura, durante curso realizado no Petar (Foto Jackson Delphino)

Vitor e Luciana também dizem que no curso de conservação e recuperação de cavernas é dado um enfoque muito grande em monitoramento e mapeamento de impactos, mais do que é feito no exterior. Segundo os espeleólogos, esse é o principal diferencial aqui no país. “As ações de conservação que existem fora do Brasil são mais de recuperação de danos efetivamente, não há tanto essa preocupação que a gente tem com o monitoramento”, afirmou Vitor.

PAN Cavernas do Brasil

Além do curso de conservação e recuperação de cavernas, o PAN Cavernas do Brasil possui 44 ações, que são distribuídas em quatro objetivos específicos, visando cumprir o objetivo geral: prevenir, reduzir e mitigar os impactos e danos antrópicos sobre o patrimônio espeleológico brasileiro, espécies e ambientes associados, em cinco anos. Além disso, contempla 169 táxons nacionalmente ameaçados de extinção, estabelecendo seu objetivo geral, objetivos específicos, prazo de execução, formas de implementação, supervisão e revisão.

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