‘A ancestral’: minissérie mistura missão astronauta com salinização das águas enfrentada no Bailique

O Arquipélago do Bailique se tornou o palco de uma grande produção cinematográfica durante 13 dias. A minissérie ‘A ancestral’ é produzida no local e conta uma história de ficção científica sobre uma missão de uma astronauta, inserindo no enredo os problemas atuais enfrentados pela mudança climática no interior do Amapá.

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O projeto é um dos contemplados pela Lei Paulo Gustavo. As gravações foram finalizadas nesta quarta-feira (18) em uma parte do Bioparque da Amazônia, em Macapá.

Sobre a minissérie:

A história se passa cerca de 40 anos no futuro, com duas histórias paralelas que se encontram no Bailique, retratando as mudanças no clima enfrentadas atualmente já completamente avançadas.

“A gente fala de uma realidade alternativa retratando a vida dos últimos moradores do Arquipélago do Bailique. Num mundo onde as mudanças climáticas são muito extremas, a água está completamente salgada, a fauna praticamente se foi, eles não tem caça, não tem insetos e a vida fica muito difícil”, disse Célio Cavalcante, diretor da série.

“A gente fala de uma realidade alternativa retratando a vida dos últimos moradores do Arquipélago do Bailique. Num mundo onde as mudanças climáticas são muito extremas, a água está completamente salgada, a fauna praticamente se foi, eles não tem caça, não tem insetos e a vida fica muito difícil”, disse Célio Cavalcante, diretor da série.

Em outro momento, a história da exploradora de Marte colide com as dificuldades enfrentadas pelos habitantes do interior do Amapá.

“Ao mesmo tempo, está acontecendo a exploração espacial chinesa, quando a China está explorando Marte. Nessas duas histórias que aparentemente não têm nada a ver, que são contemporâneas nessa realidade alternativa, se cruzam no Bailique”, explicou o diretor.

A produção da série contou também com o apoio das comunidades tradicionais do Bailique que cederam espaços e as próprias casas como cenário.

“Nós procuramos alguns recortes, escolhemos casas específicas, paisagens específicas, fazendo o uso do fenômeno das terras caídas para retratar esse mundo de condições extremas. Os cenários, nós não construímos. Eles estão lá, representando a realidade daquelas pessoas de como elas vivem hoje e como vivem em um lugar muito frágil, onde essas mudanças climáticas se evidenciam de forma mais rápida”, complementou o diretor.

O presidente da Associação das Comunidades Tradicionais do Bailique, Geová Alves, disse que a produção é uma forma de registro aos autuais problemas enfrentados pelos moradores, dando uma maior visibilidade à problemática.

“Essa série para a gente tem uma importância muito grande por conta do contexto em que ela tá se inserindo, por ser no Bailique, por mostrar a nossa realidade, nosso modo de vida e também os nossos problemas. Então pra gente foi um prazer muito grande formalizar essa parceria e poder contribuir de alguma forma com esse projeto”, disse.

Além disso, a produção movimentou completamente o local onde foi filmada, nas vilas Macedônia e Progresso, com transporte, alimentação, hospedagem, infraestrutura, comércio local, entre outras necessidades da equipe.

O elenco conta com uma equipe de atores de dentro e fora do Amapá. O Yoran Blaschkauer, é um dos atores que integram o elenco e conta que as experiências no Bailique são únicas.

“Vim especialmente pela primeira vez aqui em Macapá, tá sendo lindo, uma experiência inesquecível, uma equipe maravilhosa. Meu personagem tem o nome de ‘Gringo’, eu sou um norte-americano e biólogo que já esta aqui nessas terras fazendo pesquisa há um bom tempo e tenho essa relação um pouco mais íntima com os nativos daqui e tive a oportunidade de conhecer o Bailique que é apaixonante, com pessoas maravilhosas”, disse.

Outra integrante que deu a vida a uma personagem nativa do Bailique foi a artista Ana Caroline. Ela contou que nos bastidores a admiração ao local gravação ao grande, ainda por se tratar de problemas reais contados de forma ‘descontraída’.

“Meu personagem é um personagem ‘real’, é uma pessoa que é do Bailique, que é essa mulher incrível, uma ativista do Bailique, que atua há muito tempo. Esta sendo uma experiência muito boa, interessante e desafiadora, é uma ficção que trabalha dentro de uma realidade”, contou.

Após o fim da fase das gravações, a minissérie segue para a fase pós-produção e em breve estará disponível em plataformas de streaming. A previsão para o lançamento da obra é dentro de 6 meses, no Bailique e em Macapá.

Problemas além da ficção científica

A obra é um retrato sobre um possível futuro em que as consequências da mudança climática já estão completamente avançadas. O fato é que atualmente, em 2024, as consequências da salinização do Rio Amazonas continuam avançando, o que leva a uma reflexão em que o diretor de ‘A ancestral’ passa aos telespectadores, levantando uma reflexão sobre o presente e um futuro distante, no entanto, possível.

O Arquipélago do Bailique enfrenta uma situação de emergência climática reconhecida nacionalmente no ano de 2023 em que a água potável se encontra completamente indevida para o consumo. Máquinas que ajudam no processo de ‘dessalinização’ estão sendo enviadas para as comunidades. A ajuda busca tratar ao menos 18 mil litros de água por dia.

A mudança se dá por conta dos fenômenos La Niña e El Niño, que causam alterações anormais nos oceanos Pacífico e Atlântico, o que acaba influenciando diretamente nas recentes catástrofes que acontecem no Arquipélago.

Ainda como parte destas consequências, o local enfrentou a seca do Canal do Livramento, na Foz do Rio Amazonas, um dos principais, que é o responsável pela conexão entre 56 comunidades existentes no conjunto de ilhas. O canal ficou intrafegável com as consequências ainda mais agravadas devido ao forte período de estiagem.

Sinopse da minissérie:

Em um futuro não muito distante, acompanhamos a descoberta de restos humanos em Marte, que datam de mais de 10 mil anos atrás. Uma descoberta que traz diversas perguntas, para uma sociedade que não está pronta para absorver tal informação. Enquanto aqui na Terra, no arquipélago do Bailique, Dayane, sua familia e outros moradores, se preparam para ir embora para a capital, Macapá.

São os últimos moradores desse povoado isolado e alheio as notícias, que sofrem com a subida extrema do nível dos mares e salinização do rio Amazonas. Não bastasse isso, enfrentam conflitos locais com um fazendeiro ambicioso que os impede de ter energia elétrica e os proíbe de pescar no rio que os alimentou por gerações. Uma história de resiliência, a luta pela sobrevivência em um momento extremo da humanidade.

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As melhores séries de TV de 2024, segundo críticos da BBC

De uma série de ação eletrizante com Keira Knightley até a última comédia de Ted Danson, passando por um épico do passado do Japão, os críticos da BBC Caryn James (CJ) e Hugh Montgomery (HM) selecionam as melhores séries de TV do ano.

Os números da lista não representam ordem de classificação. Eles foram incluídos apenas para separar as séries com maior clareza.

Aproveite e confira, nesta reportagem, os melhores filmes de 2024, segundo os críticos da BBC. Ainda Estou Aqui está na lista!

1. Industry

‘Industry’: personagens ‘no limite’

A terceira temporada da série ambientada no intenso mundo das altas finanças levou seus personagens moralmente ambíguos ao limite. Ela trouxe questões oportunas como abusos sexuais e mudanças climáticas, até fazer sua própria premissa explodir, com resultados espetaculares.

Marisa Abela e Harry Lawtey aprofundaram seus personagens Yasmin e Robert. Ela luta contra sua culpa infundada pela morte do pai, que fez dela uma pobre princesinha. E Robert, mais do que nunca, parece sem rumo — um triste fracasso profissional no banco de investimentos Pierpoint, onde ele trabalha.

Kit Harington trouxe dinamismo ao elenco, interpretando um aristocrata charmoso e manipulador, fundador de uma start-up verde. Ele deixa Yasmin e Robert inquietos.

O final da temporada (atenção! spoiler à frente!), com a falência da Pierpoint e o drástico corte dos laços entre os participantes parecia ser o final da série, mas não foi o que aconteceu. Uma nova temporada está a caminho, o que vai significar a reconstrução da vida dos personagens.

Neste caso, destruir tudo para começar de novo é o sinal de uma ótima série, cheia de confiança. (CJ)

Industry está disponível no Brasil no Max e na Amazon Prime Vídeo.

2. Um Espião Infiltrado

‘Um Espião Infiltrado’: astro de ‘The Good Place’ está de volta, investigando um roubo de joias.

Esta talvez seja a série mais amena da lista, mas, nem por isso, menos poderosa. A mais recente série de comédia do criador de The Good Place (2016-2020), Michael Schur, traz de volta o astro Ted Danson.

Ele interpreta um arquiteto aposentado, que sofre com a perda da esposa e passa por uma mudança de vida, ao ser contratado por um detetive particular. Sua tarefa é entrar em uma casa de repouso como espião e ajudar a investigar um roubo de joias.

Schur atinge perfeito equilíbrio entre a leveza da comédia e um estudo comovente — às vezes, silenciosamente devastador — das provas e atribulações da terceira idade, incluindo a solidão e a deterioração mental, além da perda dos colegas e amigos.

Mas isso não significa que a série não tenha seus momentos inquietantes. Os moradores da casa são interpretados por um elenco completo de astros veteranos de Hollywood, como Sally Struthers, Stephen McKinley Henderson e John Getz — e são cheios de entusiasmo.

Neste nosso mundo obcecado pela juventude, vamos esperar que o sucesso de Um Espião Infiltrado seja um lembrete aos produtores e executivos de que uma parte do público está disposta a ver mais séries ancoradas por talentos da terceira idade. (HM)

Um Espião Infiltrado está disponível no Brasil na Netflix.

3. Black Doves

‘Black Doves’: ‘mais do que suspense’.

Existem diversas séries de espionagem no streaming. Mas só Black Doves tem no elenco Keira Knightley e Ben Whishaw, o que já é um reforço eletrizante para esta inteligente série de ação.

O roteiro é improvável, mas envolvente. Helen (Knightley) é casada com o ministro britânico da Defesa. Ela o espiona há uma década para uma companhia mercenária chamada Black Doves.

Quando seu amante é assassinado, seu antigo colega Sam (Whishaw) é convocado para protegê-la. A série constrói a trama com base nas suas angustiantes histórias do passado e estabelece uma amizade comovente entre eles, sem nunca perder as intrigas de vista. Parece que há um assassino em cada canto da série.

Sarah Lancashire acrescenta um tom sinistro ao roteiro, como o contato de Helen e Sam na Black Doves.

Trabalhar para a empresa leva a dupla a se vender para quem pagar mais. Mas o curioso é que a série faz o espectador criar simpatia por eles, especialmente Sam, com seu relacionamento rompido e seu ex-parceiro, Michael.

Como toda boa história de espionagem, Black Doves vai além do suspense, abordando temas como o amor, a lealdade, as falsas identidades e a política internacional. (CJ)

Black Doves está disponível no Brasil na Netflix.

4. Colin from Accounts

‘Colin from Accounts’ detalha os desafios e atribulações de um casal de Sydney, na Austrália.

Esta série de comédia australiana aparece na nossa lista de melhores séries pelo segundo ano consecutivo. E, certamente, ela só melhorou em 2024.

Depois da expectativa da primeira temporada (“será que eles vão ficar juntos?”), Ashley e Gordon, agora, são um casal consolidado. E é aqui que a angústia realmente começa para eles em Sydney.

A série traz uma bela sensação de realidade, detalhando as dificuldades e atribulações do relacionamento. Desde as negociações com a outra metade da família até os sentimentos de rejeição sexual, as situações parecem suavemente exageradas para causar risos.

Além do desempenho encantador e, às vezes, comovente do casal da vida real, formado pelos atores Harriet Dyer e Patrick Brammall, o elenco de atores coadjuvantes é inspirador.

Ele inclui Helen Thomson como Lynelle — a brilhante mãe egocêntrica de Ashley que passa a ser uma espécie de ativista anti-MeToo — e Genevieve Hegney como Chiara, parceira comercial de Gordon que vive uma crise de meia idade.

E, é claro, a série apresenta Zak e Buster Feddersen interpretando Colin, o cão border terrier sobre rodas do título, testemunha exausta e estoica que tudo vê na série. Eles precisam ganhar imediatamente um Emmy — ou, pelo menos, um osso de presente. (HM)

Colin from Accounts está disponível no Brasil na Amazon Prime Vídeo.

5. Não Diga Nada

‘Não Diga Nada’ é um drama tenso e intimista.

Baseada no livro rigorosamente pesquisado do jornalista e escritor americano Patrick Radden Keefe, de 2018, esta é uma série corajosa e extraordinária, que se recusa a permanecer na sua zona de conforto.

O drama ficcional se atreve a invadir a mente dos mais altos membros do IRA, o Exército Republicano Irlandês. Eles defendem terrorismo e assassinato como armas políticas na Irlanda do Norte dos anos 1970.

No centro da trama, está Dolours Price. Ao lado de sua irmã Marian, ela cumpriu pena de prisão por participar de um ataque a bomba a um carro em Londres.

A verdadeira Marian Price declarou que pretende processar o Disney+ devido à série, que a mostra atirando em Jean McConville, mãe de 10 filhos que foi sequestrada e desapareceu em seguida. Price sempre negou ter cometido o crime e sua irmã morreu em 2013.

Os atores interpretam com paixão os personagens. Lola Petticrew captura a sincera convicção da jovem Dolours e Maxine Peake é particularmente comovente como Dolours mais velha, que lamenta alguns dos seus atos do passado e se pergunta o que ela realmente conseguiu com aquilo.

Além da tensão do drama, a série é intimista e repleta de ponderações. (CJ)

Não Diga Nada está disponível no Brasil no Disney+.

6. Slow Horses

‘Slow Horses’ já foi renovada para mais duas temporadas.

Em 2024, a Apple continuou investindo pesado em séries glamourosas, com elencos de primeira linha, mas que são raramente mencionadas nas conversas culturais.

Mas esta comédia dramática britânica de espionagem, fiel e autodepreciativa, baseada nos livros do escritor Mick Herron sobre um grupo de rejeitados do MI5 (o serviço de inteligência britânico), continua sendo o melhor representante do canal.

Agora na sua quarta temporada, esta mistura de irônico humor britânico e ações arriscadas é mais perfeitamente equilibrada do que nunca.

Seu elenco continua a receber excelentes aquisições. Elas incluem Ruth Bradley, como Emma Flyte, a oficial de segurança de fala incisiva do MI5, e Hugo Weaving, como o perverso Frank Harkness.

É verdade que o desgrenhado chefe dos espiões Jackson Lamb (Gary Oldman) e o entusiasmado River Cartwright (Jack Lowden) são as peças centrais da série. Mas o segredo de Slow Horses é exatamente o seu conjunto.

Em um mundo dominado pelo streaming, com poucas séries conseguindo mais do que duas temporadas, a boa notícia é que Slow Horses já foi renovada para a quinta e a sexta temporada. Os espiões estão realmente fazendo sucesso. (HM)

Slow Horses está disponível no Brasil na Apple TV+.

7. Rivais

‘Rivais’ foi criada para ‘alegrar as pessoas’.

Ninguém fica mais surpreso do que eu por encontrar Rivais na lista das melhores séries do ano.

Sem ser artística nem ambiciosa, esta adaptação do romance da escritora britânica Jilly Cooper (1988), sobre sexo e poder entre os ricos cidadãos do fictício condado inglês de Rutshire, pode ser o exemplo de escapismo mais divertido do ano.

A série funciona principalmente graças aos atores e sua alegre interpretação dos exagerados personagens, no mundo das propriedades rurais e dos excessos dos anos 1980.

Entre seus destaques, está David Tennant, como o desprezível dono de uma rede de televisão. Aidan Turner interpreta um apresentador que recebe um alto salário, mas está descontente, e Alex Hassell vive um ministro dos Esportes do governo Margaret Thatcher (1979-1990), que adora jogar tênis nu e é amante de muitas mulheres.

Repleto de alianças instáveis, casos secretos e sexo em todos os lugares possíveis e imagináveis, a série é uma brincadeira totalmente envolvente.

Cooper declarou recentemente ao jornal The New York Times que seu objetivo ao escrever o romance foi simplesmente “alegrar as pessoas”. Sua versão na tela não poderia ter chegado em um momento melhor. (CJ)

Rivais está disponível no Brasil no Disney+.

8. O Dia do Chacal

‘O Dia do Chacal’ é uma adaptação do romance de Frederick Forsyth, sucesso dos anos 1970.

Esta atualização contemporânea em 10 partes do romance de Frederick Forsyth (1971), sobre um assassino internacional, é o glamouroso e igualmente irresistível lado B de Slow Horses.

Eddie Redmayne interpreta o criminoso e se diverte muito com alguns dos seus disfarces prostéticos, destinados a transformar o Chacal em um personagem curiosamente enigmático. Ele alterna entre o homem de família com terna e sincera aparência e o violento assassino a sangue frio.

Já Lashana Lynch é perfeita em todos os aspectos, como a agente que segue sua pista. É muito gratificante observar como sua personagem Bianca é moralmente comprometida e repleta de indiferença. Ela deixa o espectador inquieto, fazendo James Bond se parecer mais com Mary Poppins.

Na verdade, o criador e roteirista Ronan Bennett — também responsável por Top Boy (2023), da Netflix — brindou a série com um distinto ar de filme de 007, desde os estilosos créditos de abertura, com seu tema musical clássico de jazz, até as sequências de ação brilhantemente filmadas, como a perseguição de carros em Munique, na Alemanha.

Mas talvez o mais surpreendente seja que o drama doméstico, apesar de não tão intenso, também é atraente, com a dedicada atuação da atriz espanhola Úrsula Corberó, que traz a desconfiada esposa do Chacal e seus conflitos.

É uma série dramática de sucesso da melhor qualidade. (HM)

O Dia do Chacal está disponível no Brasil no Disney+.

9. A Diplomata

‘A Diplomata’ mistura dramas pessoais com a política internacional.

Em sua segunda temporada, esta série de roteiro incisivo continua sendo uma brilhante combinação de política global e dramas pessoais. E apresenta viradas inteligentes e novas surpresas.

Kate Wyler (Keri Russell), a contrariada embaixadora norte-americana no Reino Unido, parece ser a pessoa mais inteligente em qualquer salão. Mas ela avaliou mal alguns detalhes, como quem bombardeou um navio de guerra britânico, o tamanho da sua ambição e como ela é dependente do seu relacionamento com Hal (Rufus Sewell), o marido que ela quase abandonou.

As intrigas políticas são educadas, mas explosivas, e Kate toma conhecimento de que políticos americanos e britânicos foram cúmplices do bombardeio.

Um dos melhores momentos da série é uma forte discussão entre Kate e Hal sobre a vice-presidência do país, oferecida a ela pela Casa Branca.

Allison Janney mostra firmeza como a atual vice-presidente, Grace Penn. Seus diálogos inflexíveis com Kate sobre mulheres e o poder também estão entre as melhores cenas da série.

Uma reviravolta de cair o queixo nos lança em direção à terceira temporada. Resta saber como tudo irá se encaixar em um cenário político diferente — fica no ar um aberto e fascinante ponto de interrogação. (CJ)

A Diplomata está disponível no Brasil na Netflix.

10. Feud: Capote vs. The Swans

‘Feud: Capote vs. The Swans’ conta a história das damas da sociedade que tiveram seus segredos íntimos revelados pelo abelhudo escritor americano Truman Capote

O império do superprodutor Ryan Murphy na TV vem caindo há algum tempo — pelo menos, artisticamente falando, com a produção de séries cada vez mais vulgares e sensacionalistas — e em velocidade crescente.

Para citar um exemplo, foi lançado em setembro a mais recente temporada da sua série Monstros, sobre assassinos famosos. Ela é dedicada aos irmãos Menéndez.

Mas ele já havia mostrado este ano que ainda pode produzir dramas inteligentes e profundos, como este estudo do abelhudo escritor americano Truman Capote (1924-1984) e seu círculo de amigas da alta sociedade, chamadas por ele de “cisnes”.

O roteirista Jon Robin Baitz mostra Capote caindo em desgraça em meados dos anos 1970, depois da publicação de um trecho do seu romance inacabado Súplicas Atendidas (Ed. L&PM, 2009). O livro continha retratos escandalosos e pouco velados das suas confidentes íntimas.

Tom Hollander é simplesmente magnífico interpretando Capote. Ele captura a voz, os maneirismo, a superioridade cáustica e a carência infantil do escritor. Já os cisnes são interpretados de forma soberba, com variados graus de superioridade, por Naomi Watts, Chloe Sevigny, Calista Flockhart e Diane Lane.

Em última análise, a série é uma análise do mundo particular das “famílias ricas” no limiar da sua relevância. E o fato de conseguir evocar tristeza com o destino dos personagens, mesmo com sua constante deformidade moral, demonstra seu lado romântico. (HM)

Feud: Capote vs. The Swans está disponível no Brasil no Disney+.

11. True Detective: Terra Noturna

‘True Detective’: ‘Renovada e cativante’, com final ‘de cair o queixo’.

Se a quarta temporada de True Detective tivesse incluído apenas aquela inesquecível palavra “corpúsculo” para designar as vítimas de assassinato preservadas no gelo, já teria sido suficiente. Mas a série foi renovada e foi muito além disso.

Jodie Foster se reafirma como a amarga chefe de polícia de uma pequena cidade do Alasca. Ela lidera as investigações de um caso de assassinatos múltiplos cada vez mais assustadores.

A série se passa em uma época do ano em que o sol não se levanta por duas semanas naquela região. Sua bela fotografia no azul noturno faz o espectador sentir o frio do local, levado para um mundo em que cientistas especializados em alta tecnologia moram lado a lado com os habitantes locais e suas crenças sobrenaturais.

Poderíamos passar horas desvendando as pistas e as conexões com a temporada original da série, de 2014, como muitos têm feito. Mas, neste contexto, não é necessário.

A roteirista e diretora mexicana Issa López trouxe nova energia para esta franquia. Ela fez com que a série ficasse renovada e cativante, do seu início assustador até o final, que é de cair o queixo. (CJ)

True Detective: Terra Noturna está disponível no Brasil no Max e na Amazon Prime Vídeo.

12. Xógum: A Gloriosa Saga do Japão

‘Xógum: A Gloriosa Saga do Japão’: sucessora de ‘Game of Thrones’?

Quando Game of Thrones (2011-2019) chegou ao fim, surgiram longas discussões sobre qual série poderia sucedê-la. Várias séries fantásticas disputavam o posto, como o spin-off de O Senhor dos Anéis (Os Anéis de Poder, da Amazon), e a própria série derivada de Game of Thrones (A Casa do Dragão, da HBO).

Cinco anos depois, sua sucessora mais convincente acabou sendo uma série sem nenhum sinal de fantasia.

Xógum: A Grande Saga do Japão é um drama histórico sobre o Japão real do século 17. Ela preserva a rígida visão de mundo de Thrones, seus visuais épicos e o intenso interesse pelas manobras políticas.

O romance histórico (Ed. Arqueiro, 2008) escrito por James Clavell (1921-1994) já havia inspirado uma minissérie de imenso sucesso nos anos 1980. Xógum conta a história de John Blackthorne (interpretado por Cosmo Jarvis, à la Richard Burton), um navegador britânico que naufraga no litoral japonês e se envolve em uma batalha pelo poder entre membros do conselho governante do país.

A ação que se segue é deslumbrantemente filmada, brilhantemente interpretada — e decididamente brutal. As diversas maquinações dos personagens acabam gerando cenas de violência sem a menor hesitação.

Todo o elenco é brilhante, desde Hiroyuki Sanada, como o combatido conselheiro Lord Yoshii Toranaga, até Anna Sawai, como a tradutora e amante de Blackthorne, Mariko.

A produção foi originalmente idealizada como uma série fechada, mas seu sucesso foi tão grande que a FX já anunciou planos para mais duas temporadas. Vamos esperar que eles consigam manter o nível desta primeira. (HM)

Xógum: A Gloriosa Saga do Japão está disponível no Brasil no Disney+.

13. Bebê Rena

‘Bebê Rena’: ‘tensão excruciante’.

A história de terror autobiográfica de Richard Gadd parecia ter caído de paraquedas na Netflix. Mas ela se tornou, merecidamente, um dos maiores, mais comentados e mais perturbadores sucessos do ano.

Gadd criou e interpreta um problemático humorista chamado Donny Dunn, que faz amizade com Martha. Ela entra no bar onde ele trabalha, cria uma fantasia sobre um relacionamento entre os dois e começa a persegui-lo com e-mails que quase destroem a sua vida.

Jessica Gunning interpreta Martha de forma excepcional, ao mesmo tempo ameaçadora e digna de compaixão, em meio aos seus delírios.

A tensão cresce ao longo da série, até atingir um ponto excruciante. Donny também sofre agressões sexuais repetidamente, em detalhes de virar o estômago, por um produtor de TV que promete alavancar sua carreira.

A série causou controvérsias depois que os espectadores pesquisaram na internet e encontraram Fiona Harvey, supostamente a versão de Martha na vida real. Ela concedeu entrevistas à imprensa e, agora, está processando a Netflix por difamação, negligência e violação de privacidade.

Abalos da vida real à parte, Bebê Rena é arte confessional na sua forma mais cativante. (CJ)

Bebê Rena está disponível no Brasil na Netflix.

14. Fallout

Ella Purnell em ‘Fallout’: ‘estrela em formação’.

No ano passado, a série da HBO The Last of Us pôs fim à tradição de adaptações de videogame inferiores ao original, apresentando uma versão cativante do jogo de ação e aventura.

E eis que surge agora uma adaptação surpreendentemente elegante para a TV de uma franquia de games pós-apocalípticos, que certamente fez ainda mais sucesso que o jogo: uma versão sorrateiramente engraçada da série de videogame Fallout, que imagina um mundo devastado por uma guerra nuclear, com algumas pessoas vivendo em abrigos luminosos no subsolo.

A atriz britânica Ella Purnell lidera o elenco como uma moradora do abrigo 33. Com seus olhos brilhantes, ela é forçada a seguir em uma missão reveladora para a superfície da Terra, a fim de resgatar seu pai, que foi raptado.

Naquele Velho Oeste futurístico, ela entra em contato com um inquieto soldado (Aaron Moten) e um “morto-vivo” caçador de recompensas (Walton Goggins), entre outros personagens.

Fallout é coproduzida por Lisa Joy e Jonathan Nolan, criadores da série Westworld (2016-2022) — que é similar, mas inferior. É uma experiência impressionante e imersiva, que não deixa a dever ao material fonte, mas com ritmo narrativo próprio.

Para completar, Purnell é uma verdadeira estrela em formação e Goggins é uma revelação na sua interpretação em duas linhas de tempo. (HM)

Fallout está disponível no Brasil na Amazon Prime Vídeo.

15. Ripley

‘Ripley’: ‘visuais gloriosos’.

Andrew Scott interpreta de forma fascinante o mortal charlatão Tom Ripley nesta versão hitchcockiana do romance O Talentoso Ripley (Ed. Cia. de Bolso, 2012), da escritora americana Patricia Highsmith (1921-1995).

Ambientada em Nápoles e Roma nos anos 1960, a dramática cinematografia em preto e branco, do cineasta ganhador do Oscar Robert Elswit, captura perfeitamente o belo mundo sombrio onde vive Ripley, um vigarista de pequenos golpes de Nova York, que avança até se tornar adepto da dolce vita.

Quando Ripley rouba a identidade do seu rico e preguiçoso amigo Dickie Greenleaf (Johnny Flynn), um simples olhar para o rosto de Scott consegue revelar as muitas trapaças cometidas pelo personagem.

Flynn, Dakota Fanning e Eliot Sumner interpretam brilhantemente as pessoas que são exploradas por Ripley.

Em estilo muito diferente do memorável filme de 1999 (O Talentoso Ripley), com sua farta iluminação, Steven Zaillian escreveu e dirigiu a série de forma fascinante, oferecendo os visuais mais gloriosos possíveis. (CJ)

Ripley está disponível no Brasil na Netflix.

16. Um Dia

‘Um Dia’ mostra os altos e baixos do relacionamento de dois amigos ao longo dos anos.

Nenhuma série despertou tanto as emoções em 2024 quanto esta adaptação do romance do escritor britânico David Nicholls (Ed. Intrínseca, 2011).

A produção mostra os altos e baixos do relacionamento de dois amigos, Dexter e Emma, por 20 anos, desde a universidade. Ela acompanha a dupla no mesmo dia, 15 de julho, todos os anos.

A série começa nos anos 1980 e oferece uma deslumbrante viagem no tempo para os espectadores de uma certa idade. A ambientação é completa, ao som de uma trilha sonora vencedora e cuidadosamente escolhida, com músicas de sucesso de cada período.

Mas, no fundo, o que compõe a obra são as interpretações cativantes dos dois artistas principais, tanto individualmente quanto em conjunto.

Depois de se tornar uma promessa para o público na segunda temporada de The White Lotus (2022), Leo Woodall vive o arrogante Dexter, um garoto de programa refinado e compreensivo, mas convincentemente irritante.

Já Ambika Mod chamou a atenção pela primeira vez no drama médico This is Going to Hurt (2022). Agora, ela parte para se tornar uma estrela interpretando Emma, uma personagem inteligente, mas vulnerável.

E atenção: se você não sabe o que acontece na série, prepare-se para as lágrimas. (HM)

Um Dia está disponível no Brasil na Netflix.

17. Monsieur Spade

Sam Spade é um detetive particular ‘com coração por baixo do seu imenso sangue-frio’.

Uma das mais improváveis premissas para uma série de TV trouxe também uma das mais deliciosas surpresas do ano.

Clive Owen interpreta com ironia o detetive particular Sam Spade, criado pelo escritor americano Dashiell Hammett (1894-1961). O personagem foi transportado da São Francisco decadente dos anos 1940 para uma pequena cidade francesa da década de 1960.

Sem imitar o consagrado e durão Spade de Humphrey Bogart (1899-1957) no filme Relíquia Macabra (1941), Owen oferece um personagem perspicaz e emocionalmente frio — mas, às vezes, também confuso, especialmente quando tenta dominar o idioma francês.

Existem relacionamentos pessoais complexos — uma amante glamourosa (Chiara Mastroianni) e uma jovem que passa a ser guardiã de Spade — e, é claro, assassinatos que ele não pode deixar de investigar em uma próspera cidade do interior, onde moram e conspiram nazistas não regenerados.

O diretor Scott Frank (O Gambito da Rainha, 2020) criou uma série viva e cheia de suspense. E Owen faz seu próprio Spade, um homem com um coração por baixo do seu imenso sangue-frio. (CJ)

A reportagem não encontrou serviços de streaming que estejam exibindo a série no Brasil.

18. Mr. Bates vs. the Post Office

‘Mr. Bates vs. the Post Office’ repercutiu entre o governo britânico ao levar um escândalo nacional para a tela da TV.

Raramente, uma série de TV consegue causar impactos tão claros sobre assuntos do governo. Mas foi o que aconteceu no início deste ano com esta brilhante minissérie britânica.

Ela trata do escândalo nacional dos correios do Reino Unido, que fez com que mais de 700 gerentes de agências postais fossem indevidamente acusados de adulterar sua contabilidade e cometer roubo e fraude, devido a uma falha no sistema de computadores.

Quando foi ao ar no Reino Unido, em 1º de janeiro, Mr. Bates vs. the Post Office trouxe imensas e imediatas repercussões. A série chegou a fazer com que o então primeiro-ministro britânico Rishi Sunak anunciasse a criação de uma nova lei para “absolver e compensar rapidamente as vítimas”.

Este drama em quatro partes da diretora Gwyneth Hughes reúne brilhantemente as histórias humanas das muitas vítimas inocentes — entre elas, o personagem-título, Alan Bates (Toby Jones), que se torna o líder dos chefes dos correios na luta por justiça — e apresenta o contraste com a burocracia desumana que eles enfrentam.

O impacto da série comprova que, por mais valor que tenham os documentários, uma dramatização, às vezes, pode transmitir uma história para a consciência pública de forma inigualável.

Será que Mr. Bates irá inspirar outras séries de TV a abordar escândalos institucionais da nossa época? Tomara que sim. (HM)

A reportagem não encontrou serviços de streaming que estejam exibindo a série no Brasil.

19. O Regime

Kate Winslet em ‘O Regime’: ‘engraçada e assustadora – no auge’.

Ao mesmo tempo engraçada e assustadora, Kate Winslet mostra que está no auge da carreira com esta comédia política sombria. Ela interpreta Elena Vernham, ditadora de um país fictício da Europa central.

No lado do absurdo, Elena canta a música Santa Baby durante seu discurso de Natal à nação e chama seus cidadãos de “meus amores”. E, no lado ameaçador, ela se apresenta como populista, mas é implacável na sua determinação de permanecer no poder, invadindo um país vizinho e prendendo seus adversários políticos. É como se ela fosse filha de Eva Perón (1919-1952) e Vladimir Putin.

Winslet equilibra elegantemente as cenas cômicas e maléficas da sua personagem e é rodeada por um elenco de estrelas, que inclui Matthias Schoenaerts como o soldado psicopata que se torna seu amante, Andrea Riseborough como seu assustado servidor e Hugh Grant em um único episódio, como o chanceler deposto por Elena.

O tom de O Regime é mais absurdo do que crítico, mas, no final, o tumultuado mundo político da série começa a espelhar o mundo real. (CJ)

O Regime está disponível no Brasil no Max e na Amazon Prime Vídeo.

20. O Problema dos 3 Corpos

‘O Problema dos 3 Corpos’: série de ficção científica traz a sequência ‘mais chocante do ano’.

Esta série de ficção científica causou muita sensação na sua estreia. É o novo projeto dos criadores de Game of Thrones, David Benioff e DB Weiss.

A série pode não ter se tornado exatamente o fenômeno que a plataforma de streaming esperava, mas mereceu fortes elogios pela sua inteligência e ambição criativa.

Baseada no romance do mesmo nome, do escritor chinês Liu Cixin (Ed. Cia. das Letras, 2016), O Problema dos 3 Corpos conta a história de um grupo de amigos cientistas que tentam descobrir o que está causando uma onda de suicídios na sua comunidade.

A história envolve cenas passadas durante a Revolução Cultural Chinesa (1966-1976), um misterioso jogo de realidade virtual e muitos outros detalhes.

No começo, a série é uma história alucinante, mas ela se baseia em uma premissa oportuna e brilhantemente envolvente: o que faríamos se soubéssemos que a raça humana seria destruída daqui a 400 anos?

O Problema dos 3 Corpos traz também a sequência mais chocante do ano na TV, comparável com o infame Casamento Vermelho de Game of Thrones.

A Netflix já anunciou que a série terá mais duas temporadas – e só. Esperamos que ela consiga manter o seu ritmo. (HM)

O Problema dos 3 Corpos está disponível no Brasil na Netflix.

Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Culture.

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Médico de Lula manda mensagem para Conselhão: “Presidente está muito bem”

Durante a abertura do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável (CDESS), o chamado “Conselhão”, nesta quinta-feira (12/12), o médico Roberto Kalil Filho, que faz parte do conselho, enviou uma mensagem direto do hospital reforçando que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está “muito bem”, após passar por novo procedimento nesta manhã. A reunião de hoje teria a participação do petista e foi marcada para discutir desenvolvimento sustentável e indústria.

O ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, anunciou, ainda no início do encontro, que tinha uma mensagem sobre a saúde de Lula, porque muitos conselheiros fizeram perguntas. “Uso aqui a fala que um conselheiro nosso, doutor Kalil, ele obviamente não está aqui hoje, mas fez questão de dizer pra reforçamos a mensagem que o presidente está muito bem.”

“[Lula] Fez um procedimento que é continuidade da terapia, do 1º procedimento de terça, evolução ótima, procedimento bem sucedido. Ele não está aqui conosco presencialmente mas acompanha toda a discussão, vamos despachar com Lula. Quero agradecer mensagens, orações, documentos enviados para a plena recuperação de Lula, logo logo estará aqui de novo, cobrando os ministros pra que a gente execute as ações todas”, completou Padilha.

O presidente Lula realizou uma embolização de artéria meníngea média por volta das 7h desta quinta-feira. De acordo com a equipe médica responsável pelo presidente, ele se recupera bem e deve ficar em “repouso relativo” nos próximos dias.

Antes disso, na última terça-feira (10), o presidente passou por uma “trepanação”, que é uma cirurgia em que são feitas pequenas perfurações no crânio. No caso de Lula, foram feitas entre as duas faces da meninge, seguidas da colocação de um dreno, por onde sai o sangue acumulado após a hemorragia.

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Post mente ao afirmar que governo vai cobrar imposto de donos de pets

Conteúdo investigado: Postagens nas redes sociais sugerem que o governo federal vai criar um imposto para donos de animais domésticos. Uma das peças apresenta foto do ministro Fernando Haddad segurando um cachorro e o título: “Cuidado donos de pets: Governo Lula quer criar impostos para donos de cães; valor pode chegar a R$ 740 por ano.” Publicações afirmam que a medida já foi adotada pela Alemanha e que também estaria sendo planejada pelo governo brasileiro.

Onde foi publicado: X.

Conclusão do Comprova: É falso que o governo Lula (PT) esteja planejando a criação de um imposto para tributar donos de pets. Os conteúdos de desinformação fazem menção ao Projeto de Lei 2230/2022, que não é de iniciativa do governo federal, e tampouco prevê a cobrança de taxa para tutores de cães e gatos.

De autoria do deputado federal Carlos Gomes (Republicanos-RS), a proposta cria o cadastro nacional de animais de estimação. O objetivo é formar uma base de dados unificada sobre pets, o que pode auxiliar na implementação de políticas públicas, como campanhas de vacinação.

A medida foi aprovada pelo Senado em 26 de novembro e, diante das alegações falsas sobre a iniciativa, o Senado Verifica, serviço de checagem de informações da Casa, se pronunciou, apontando que o projeto autoriza apenas a criação do cadastro.

O deputado federal Carlos Gomes fez postagem nas redes sociais esclarecendo o seu projeto e reforçou que não há previsão de cobrança de taxa ou imposto. “Evitar o abandono e fortalecer as políticas públicas para os animais. Esses são os dois principais objetivos do PL 2.230/2022, de minha autoria”, escreveu o parlamentar.

Relator da proposta no Senado, Mecias de Jesus (Republicanos-RR) aparece em vídeo com o deputado estadual Marcinho Belota (PRTB-RR) em que também explica a medida e nega a criação do imposto. Segundo o senador, o cadastro também pode ajudar tutores a encontrarem os animais, caso eles tenham se perdido.

“O PL, em nenhum momento, fala de criação de impostos e sim no controle populacional de cães e gatos”, diz a legenda.

Com o ministro Fernando Haddad figurando nas peças de desinformação, o Ministério da Fazenda também foi procurado para se manifestar sobre o assunto. Em nota, a pasta afirmou que postagens sobre a criação do imposto “tratam-se de conteúdo falso”.

O post também desinforma ao dizer que o Brasil estaria seguindo os passos da Alemanha. No país europeu há, de fato, um imposto para pessoas que têm cachorros. O tributo, cobrado pelos municípios, é de € 120 anuais (cerca de R$ 740). Nos conteúdos falsos disseminados no Brasil, os responsáveis alegam que o governo brasileiro vai utilizar o mesmo valor para o imposto. No entanto, como afirmado acima, não há menção a esse valor no PL, ou de qualquer outra cobrança.

O Comprova tentou falar com perfis que publicaram o conteúdo verificado aqui. No entanto, apenas um deles oferecia um canal de contato e ele não respondeu.

Para o Comprova, falso é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 10, foram mais de 352 mil visualizações em um dos vídeos e mais de 5,4 mil em outro. A terceira publicação, que trazia apenas foto e título sobre o assunto, alcançou mais de 2,9 milhões de visualizações.

Fontes que consultamos: Buscamos informações oficiais sobre o cadastro de pets na página do Senado, além de posicionamento do Ministério da Fazenda e declarações feitas pelos parlamentares responsáveis pela autoria e relatoria da proposta.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O Comprova já verificou outros conteúdos de desinformação relacionados a animais de estimação e constatou se tratar de uma sátira a montagem de vídeo em Lula diz querer roubar o cachorro de uma criança e mostrou ser enganosa a alegação de que Janja teria pedido a um militar da FAB para encenar a entrega de cachorro para ela. Na última semana, o Comprova mostrou ainda uma publicação enganosa que alegava que a Operação Carro-Pipa foi abandonada pelo governo federal e que também era enganoso um post afirmando que Simone Tebet havia deixado o governo e pedido o impeachment do presidente.

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Post mente ao afirmar que governo vai cobrar imposto de donos de pets

Conteúdo investigado: Postagens nas redes sociais sugerem que o governo federal vai criar um imposto para donos de animais domésticos. Uma das peças apresenta foto do ministro Fernando Haddad segurando um cachorro e o título: “Cuidado donos de pets: Governo Lula quer criar impostos para donos de cães; valor pode chegar a R$ 740 por ano.” Publicações afirmam que a medida já foi adotada pela Alemanha e que também estaria sendo planejada pelo governo brasileiro.

Onde foi publicado: X.

Conclusão do Comprova: É falso que o governo Lula (PT) esteja planejando a criação de um imposto para tributar donos de pets. Os conteúdos de desinformação fazem menção ao Projeto de Lei 2230/2022, que não é de iniciativa do governo federal, e tampouco prevê a cobrança de taxa para tutores de cães e gatos.

De autoria do deputado federal Carlos Gomes (Republicanos-RS), a proposta cria o cadastro nacional de animais de estimação. O objetivo é formar uma base de dados unificada sobre pets, o que pode auxiliar na implementação de políticas públicas, como campanhas de vacinação.

A medida foi aprovada pelo Senado em 26 de novembro e, diante das alegações falsas sobre a iniciativa, o Senado Verifica, serviço de checagem de informações da Casa, se pronunciou, apontando que o projeto autoriza apenas a criação do cadastro.

O deputado federal Carlos Gomes fez postagem nas redes sociais esclarecendo o seu projeto e reforçou que não há previsão de cobrança de taxa ou imposto. “Evitar o abandono e fortalecer as políticas públicas para os animais. Esses são os dois principais objetivos do PL 2.230/2022, de minha autoria”, escreveu o parlamentar.

Relator da proposta no Senado, Mecias de Jesus (Republicanos-RR) aparece em vídeo com o deputado estadual Marcinho Belota (PRTB-RR) em que também explica a medida e nega a criação do imposto. Segundo o senador, o cadastro também pode ajudar tutores a encontrarem os animais, caso eles tenham se perdido.

“O PL, em nenhum momento, fala de criação de impostos e sim no controle populacional de cães e gatos”, diz a legenda.

Com o ministro Fernando Haddad figurando nas peças de desinformação, o Ministério da Fazenda também foi procurado para se manifestar sobre o assunto. Em nota, a pasta afirmou que postagens sobre a criação do imposto “tratam-se de conteúdo falso”.

O post também desinforma ao dizer que o Brasil estaria seguindo os passos da Alemanha. No país europeu há, de fato, um imposto para pessoas que têm cachorros. O tributo, cobrado pelos municípios, é de € 120 anuais (cerca de R$ 740). Nos conteúdos falsos disseminados no Brasil, os responsáveis alegam que o governo brasileiro vai utilizar o mesmo valor para o imposto. No entanto, como afirmado acima, não há menção a esse valor no PL, ou de qualquer outra cobrança.

O Comprova tentou falar com perfis que publicaram o conteúdo verificado aqui. No entanto, apenas um deles oferecia um canal de contato e ele não respondeu.

Para o Comprova, falso é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 10, foram mais de 352 mil visualizações em um dos vídeos e mais de 5,4 mil em outro. A terceira publicação, que trazia apenas foto e título sobre o assunto, alcançou mais de 2,9 milhões de visualizações.

Fontes que consultamos: Buscamos informações oficiais sobre o cadastro de pets na página do Senado, além de posicionamento do Ministério da Fazenda e declarações feitas pelos parlamentares responsáveis pela autoria e relatoria da proposta.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O Comprova já verificou outros conteúdos de desinformação relacionados a animais de estimação e constatou se tratar de uma sátira a montagem de vídeo em Lula diz querer roubar o cachorro de uma criança e mostrou ser enganosa a alegação de que Janja teria pedido a um militar da FAB para encenar a entrega de cachorro para ela. Na última semana, o Comprova mostrou ainda uma publicação enganosa que alegava que a Operação Carro-Pipa foi abandonada pelo governo federal e que também era enganoso um post afirmando que Simone Tebet havia deixado o governo e pedido o impeachment do presidente.

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FAPDF compromete projeto de C&T essencial para a conservação do Cerrado

GUARINO R. COLLI — Professor do Instituto de Biologia da Universidade de Brasília (UnB), coordenador do INCT Biota Cerrado; HERALDO VASCONCELOS — Professor do Instituto de Biologia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), vice-coordenador do INCT Biota Cerrado

A Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF) tem como missão, conforme descrito no Artigo 2º de seu Estatuto Social, “estimular, apoiar e promover o desenvolvimento científico e tecnológico do Distrito Federal, visando ao bem-estar da população, defesa do meio ambiente e progresso da ciência e tecnologia”. No entanto, em um momento crítico para a conservação do Cerrado — o bioma brasileiro mais ameaçado —, a FAPDF compromete o desenvolvimento do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) Biota Cerrado, um projeto voltado à pesquisa e à conservação da biodiversidade dessa região.

O INCT Biota Cerrado foi aprovado na rigorosa chamada pública CNPq nº 58/2022, viabilizada por parcerias entre o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPq, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e as Fundações de Amparo à Pesquisa (FAPs) estaduais. No entanto, a FAPDF se recusou a assinar o acordo de cooperação técnica com o CNPq, alegando restrições orçamentárias para 2025. Tal decisão inviabiliza boa parte das atividades planejadas do INCT Biota Cerrado, colocando em risco não apenas a execução das metas estabelecidas, mas também os compromissos assumidos com um programa público de relevância nacional.

Em expedição científica à Lagoa do Cassó, no município de Primeira Cruz, Maranhão, nossa equipe recebeu a notícia de que a FAPDF não repassará os recursos previstos e acordados para o projeto. Do orçamento total aprovado para o INCT Biota Cerrado, aproximadamente 50% deveriam ser repassados pela FAPDF. Esses recursos correspondem a cerca de 70% da verba de capital e 80% dos recursos de custeio, essenciais para a execução do projeto. A ausência desse aporte impossibilita a manutenção das atividades previstas, como inventários biológicos, estudos sobre mudanças climáticas, manejo integrado do fogo, restauração ecológica e engajamento público com ciência.

O impacto também afeta diretamente dezenas de pesquisadores, incluindo bolsistas de produtividade do CNPq e instituições de ensino e pesquisa em todo o Brasil. O INCT Biota Cerrado desempenha um papel fundamental na formação de uma nova geração de cientistas, capacitados para enfrentar desafios globais relacionados às crises climáticas e da biodiversidade. Sem os recursos da FAPDF, a capacitação de estudantes de graduação, pós-graduação e pós-doutorado será drasticamente comprometida. Esses estudantes se tornam agentes de mudança em um cenário que exige soluções inovadoras e baseadas em evidências para problemas globais como catástrofes climáticas, fome, pandemias e imigração. Interromper sua formação enfraquece a soberania científica brasileira e limita nossa capacidade de liderar respostas regionais e globais para esses problemas.

O Brasil tem enfrentado um processo de sucateamento de sua infraestrutura de pesquisa. Esse cenário afeta a coleta e análise de dados no campo e em laboratórios, além da preservação de acervos científicos. Ainda assim, o INCT Biota Cerrado tem avançado, graças ao apoio do CNPq e da Capes, que viabilizou a recuperação de equipamentos, a aquisição de insumos e a implementação de bolsas de estudo. A decisão da FAPDF, no entanto, compromete severamente essa trajetória.

O Cerrado tem papel crítico na regulação climática, no ciclo hidrológico e na fertilidade dos solos. Oferece serviços indispensáveis, como o abastecimento de água para as principais bacias hidrográficas do país, a proteção contra a erosão e o suporte à agricultura sustentável. Sua preservação não é apenas uma questão ambiental, mas também econômica e social, já que milhões de pessoas dependem diretamente de seus recursos. O INCT Biota Cerrado é essencial para catalisar ações para o uso sustentável desse bioma, gerar dados cruciais para a formulação de políticas públicas eficazes e ampliar o engajamento da sociedade na conservação da biodiversidade. Sem isso, o Brasil arrisca perder um de seus maiores patrimônios naturais, agravando o colapso dos serviços ecossistêmicos que sustentam a vida e a economia do país.

Concluímos com um apelo às autoridades e à sociedade: exortamos a FAPDF a reconsiderar sua decisão e honrar os compromissos firmados. A continuidade do projeto é crucial para garantir o futuro do Cerrado e o avanço da ciência no Brasil. É o momento de unir esforços para preservar nosso patrimônio natural e assegurar um futuro sustentável para as próximas gerações!

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Governo Lula anuncia medidas para aumentar a eficiência de estatais

O governo federal apresentou, nesta segunda-feira (9/12), um conjunto de medidas para fortalecer a governança e aumentar a eficiência das estatais federais. As iniciativas, debatidas em reuniões com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, visam alinhar as empresas às melhores práticas de gestão, ampliar sua contribuição para o desenvolvimento sustentável e reduzir a dependência de recursos do Tesouro Nacional.

As medidas foram formalizadas por meio de três decretos que buscam modernizar e coordenar a atuação das estatais:

1. Programa de Governança e Modernização das Empresas Estatais Federais: Focado em melhorar a gestão e fomentar inovação, o programa prevê formação contínua de dirigentes, compartilhamento de boas práticas e remodelagem de negócios.

2. Sistema de Coordenação da Governança e da Supervisão Ministerial das Empresas Estatais Federais (SISEST): Estrutura que reúne 16 ministérios e todas as estatais, oferecendo uma visão integrada de suas operações para otimizar processos e identificar oportunidades.

3. Revisão da CGPAR: Atualiza a Comissão Interministerial de Governança Corporativa, adaptando-a à Lei das Estatais (2016) e centralizando a organização no novo sistema coordenado pelo SISEST.

Em 2023, as 44 estatais sob controle da União foram responsáveis por 5,75% do PIB, registrando lucro de R$ 197,8 bilhões e distribuindo R$ 128,1 bilhões em dividendos. O governo busca, com as novas medidas, não apenas maximizar o retorno dessas empresas à sociedade, mas também promover um modelo de governança mais eficiente e sustentável.

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Trégua de Natal

Em dezembro de 1914, as armas foram substituídas por pinheiros nas trincheiras alemãs. Sem que ninguém lhes desse autorização, durante seis dias, os soldados instituíram uma trégua e celebraram a data com as forças “inimigas”, especialmente a britânica. Jovens, com saudades das famílias e enterrados em um conflito que provavelmente não fazia sentido algum para eles, os combatentes da Primeira Guerra Mundial organizaram torneios de futebol, cantaram hinos religiosos e até trocaram presentes. O episódio, conhecido como Trégua de Natal, jamais voltou a acontecer.

Cento e dez anos depois, nós, brasileiros, vivenciamos nossa pequena trégua natalina. Em uma época marcada por extremismos políticos, com direito a homem-bomba, tentativa de golpe militar, xingamentos mútuos e rasgos no tecido social por desacordos ideológicos, finalmente nos unimos por uma causa. A da moça que se recusou a ceder lugar a uma criança durante um voo.

Pela primeira vez em muitos anos, os usuários das redes sociais deixaram de lado esquerda e direita e marcharam em uma só direção. Eleitores de Lula e Bolsonaro; defensores e críticos das mudanças climáticas; “terraplanistas” e “terraredondistas”; cristãos e ateus; pais de crianças e pais de pets; os que dizem biscoito e os que falam bolacha. Todos, em uníssono, levantaram a voz contra a mãe que teria acusado de falta de empatia a passageira que (com toda razão, creio) não fez as vontades do menino mimado.

Nos posts intermináveis sobre o assunto, não houve quem desviasse o tema para dizer que a mãe só podia ser bolsonarista ou lulista. Ninguém estragou o clima com um FORA BOZO ou FORA LULE. Quando saiu de casa para voar de São Paulo para Belo Horizonte, a “moça da janela” jamais imaginaria que se tornaria um bastião da paz por se recusar a ceder aos apelos raivosos. Moça da janela, você nos proporcionou uma inimaginável trégua de Natal.

Na mesma semana da confusão, um motociclista foi arremessado de uma ponte por um policial militar de São Paulo. Treze membros da força de segurança estariam envolvidos na barbárie. O caso provocou comoção social. Até o governador Tarcísio de Freitas, um crítico da necessidade do uso de câmeras por policiais, mudou de ideia e resolveu defender as gravações — prometeu, aliás, instituir um monitoramento remoto para impedir que um agente desligue o dispositivo.

Nas redes sociais — a nova “voz do povo” —, o assunto também rendeu uma enxurrada de críticas à desumanidade do soldado. Porém, diferentemente do episódio do avião, os usuários voltaram a escolher um lado. Os comentários condenando a brutalidade do policial certamente foram mais volumosos. Porém, não houve unanimidade. “Quem defende quando um policial é morto?”, questiona um. “Botão de quem quer Lula na cadeia”, diz outro. “Dólar passou de R$ 6”, comenta alguém.

Se o que nos faz sair das trincheiras é uma baixaria no avião, em vez do arremesso de um homem como se fosse um saco de lixo, alguma coisa está muito errada. Precisamos, urgentemente, de uma trégua, mas pelo motivo acertado.

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Mercosul-UE, um acordo histórico de livre-comércio

Em um marco histórico para a integração econômica global, Mercosul e União Europeia fecharam, nesta sexta-feira, acordo de livre-comércio, após 25 anos de negociações. O anúncio ocorreu durante a cúpula do Mercosul, em Montevidéu, com a presença de líderes sul-americanos e da presidente do Conselho Europeu, Ursula von der Leyen.

O objetivo do acordo é facilitar o comércio entre os dois blocos, que têm PIB (Produto Interno Bruto) combinado de US$ 22 trilhões. O potencial é de atingir 718 milhões de consumidores. No caso do Brasil, o pacto pode elevar o PIB em 0,5% ao ano, conforme projeções do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

O acordo, no entanto, ainda não foi assinado. Precisa seguir um longo caminho de validação nos dois blocos econômicos (veja arte) e enfrenta resistência de país europeus, como a França e Itália.

Na UE, a aprovação passa pelo Conselho da União Europeia e pelo Parlamento Europeu, que reúne todos os países do grupo. Essa etapa é avaliada como a mais desafiadora, pois depende do consenso da maioria qualificada do bloco. O pacto precisa ser aprovado por, pelo menos, 15 dos 27 integrantes da União Europeia, representando 65% da população do bloco econômico, além de uma maioria simples no Parlamento Europeu.

Em nota, a União Europeia disse que o fim das negociações sobre os termos constitui apenas o “primeiro passo em direção à conclusão do acordo”. A França, país que tem protestado contra o acordo, tem articulado com outros países para barrar o acordo.

Em discurso na cúpula, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfatizou as mudanças nas negociações que permitiram fechar o pacto. “O acordo que finalizamos hoje é bem diferente daquele anunciado em 2019. As condições que herdamos eram inaceitáveis. Foi preciso incorporar ao acordo temas de relevância para o Mercosul”, destacou. “Conseguimos preservar nossos interesses em compras governamentais, o que nos permitirá implementar políticas públicas em áreas como saúde, agricultura familiar, ciência e tecnologia.”

As negociações entre Mercosul e União Europeia enfrentaram entraves, como disputas sobre tarifas agrícolas, questões ambientais e barreiras regulatórias. Segundo Lula, a versão final do acordo reflete avanços significativos para garantir equilíbrio nas relações comerciais e respeito às necessidades dos países do bloco sul-americano.

“Foi um trabalho árduo, mas conseguimos assegurar que as cláusulas do tratado reflitam os princípios de desenvolvimento sustentável e equidade comercial”, ressaltou. Ele também afirmou que o pacto será benéfico para a competitividade das economias do Mercosul e para a geração de empregos nos países membros.

“A União Europeia e o Mercosul criaram uma das alianças de comércio e investimentos maiores que o mundo tenha visto. Estamos formando um mercado de mais de 700 milhões de consumidores”, ressaltou Ursula Von der Leyen.

No Palácio do Planalto, o vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou que o acordo entre os blocos econômicos representará um grande avanço na economia brasileira. Segundo ele, as exportações do Brasil para a UE podem crescer 6,7% na agricultura, 14,8% nos serviços e 26,6% na indústria de transformação.

“Estamos falando de 27 países da União Europeia, os mais ricos do mundo, são muitas oportunidades. Pode ajudar a fazer o PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil crescer, as exportações brasileiras crescerem, a renda e o emprego, e também ajudar a reduzir a inflação. Então, é uma agenda extremamente positiva e, depois de anos e anos de negociação, finalmente se celebra o anúncio deste acordo”, enumerou Alckmin, também ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.

A ministra do Comércio Exterior da França, Sophie Primas, afirmou que o país lutará contra a conclusão. “O que está acontecendo em Montevidéu não é a assinatura do acordo, mas a conclusão política da negociação. Isso não vincula os Estados-Membros”, escreveu em sua conta na rede social X. “A França lutará em cada passo do caminho ao lado dos Estados membros que partilham a sua visão.”

Em Montevidéu, Ursula Von der Leyen mencionou a resistência francesa. Ela mandou um recado para os agricultores do país europeu que estão protestando contra o acerto. “Aos nossos agricultores: ouvimos suas preocupações e estamos agindo de acordo com elas”, declarou.

Mesmo no Mercosul há quem destoe. Caso do presidente da Argentina, Javier Milei. “O Mercosul, que nasceu com a ideia de aprofundar nossos laços comerciais, se converteu em uma prisão, que não permite que seus países membros aproveitara suas vantagens comparativas e potencial exportador”, disparou ele, que assumiu o comando da cúpula do Mercosul para o encontro do bloco, no ano que vem.

O presidente argentino tem representado um empecilho nos acordos internacionais, como foi no G20, em que ele resistiu até o último dia para aderir à Aliança Global contra a Fome e a Pobreza e também para assinar a declaração dos chefes de Estado.

No entanto, especialistas consultados pelo Correio analisaram que o interesse comercial, no acordo entre blocos econômicos, será maior. “Acho que o risco de empacar o acordo com a União Europeia por conta da Argentina é baixo. O agro argentino, tal qual o brasileiro, está muito feliz com a conclusão desse acordo”, acredita o cientista político, Leandro Consentino.

“Agora, há uma dificuldade inerente ao Mercosul com a Argentina. O Milei é um crítico muito forte do arranjo em que o Mercosul se tornou por conta da tarifa externa comum, por conta de todas as exportações argentinas e os acordos precisarem passar pelo crivo do Mercosul. Então, nesse sentido, internamente, a questão do Mercosul pode sofrer algumas dificuldades. O acordo em si, eu acho que ele vai ter adversários maiores”, acrescentou o especialista.

Especialista em direito internacional, Mariana Cofferri avalia que a aprovação do acordo, neste momento, traz protagonismo forte para o Brasil. “O anúncio do acordo Mercosul e UE traz ao Brasil uma vitória no campo da política externa internacional, principalmente diante do cenário de novo protagonismo brasileiro. O Acordo avança na cooperação política, ambiental e macro regional. Outro tema controverso que é trazido no acordo, que se alinha com o discurso internacional brasileiro, é de cooperação em governança global”, comenta.

Segundo Marcelo Godke, sócio do Godke Advogados e especialista em direito internacional empresarial, os tratados costumam gerar duas grandes consequências. “Primeiramente, a redução de impostos de importação e outras barreiras não tarifárias permitem que produtos de países mais competitivos entrem no mercado, o que pode ocasionar perda de empregos em setores menos competitivos”, diz. Contudo — ele acrescenta — em áreas em que um país apresenta maior competitividade, esses acordos possibilitam acesso a mercados antes inviáveis, favorecendo a exportação e reduzindo custos, o que aumenta a competitividade.

“Embora possam existir impactos negativos pontuais, como perdas de emprego em determinados setores, a liberalização comercial frequentemente resulta em crescimento econômico global. No entanto, setores com forte influência política, como o agrícola na França, podem gerar resistência a esses acordos, dificultando negociações em bloco. É por isso que os Estados Unidos, por exemplo, preferem negociações bilaterais, que geralmente oferecem maior êxito”, explica Godke.

A negociação entre blocos é mais complexa e frequentemente resulta em acordos abaixo do esperado. “A França, como membro da União Europeia, pode, em tese, barrar avanços em negociações cruciais entre blocos, mesmo quando o potencial benefício é enorme, abrangendo mais de 700 milhões de pessoas e trilhões de PIB”.

O advogado acredita que, apesar de setores específicos serem prejudicados, os benefícios gerais tendem a superar as perdas. “Acordos de livre-comércio negociados bilateralmente são geralmente mais eficazes e rápidos de implementar do que os realizados entre blocos, que podem levar décadas para serem assinados e colocados em prática. Penso que esse acordo é importantíssimo. Ele levou muito tempo, deu muito trabalho para ser concretizado, era preciso ver esses acordos efetivamente assinados e implementados”, conclui.

Para Marcelo Vitali, diretor da How2Go, o pacto representa um marco para empresas e consumidores. “Apesar de ainda dependermos da aprovação pelo Parlamento Europeu e de outros trâmites internos, há um otimismo no setor privado em relação aos benefícios que esse tratado pode proporcionar”, afirmou. “Consumidores terão acesso a produtos de maior qualidade e preços mais competitivos, enquanto novas oportunidades econômicas se abrem para ambos os lados. Estamos confiantes de que, em três ou quatro anos, veremos os frutos dessa integração se concretizarem”, frisa.

Segundo Vitali, o tratado simboliza mais do que uma parceria comercial: é uma oportunidade para fortalecer a cooperação internacional e abrir novas perspectivas econômicas para empresas e consumidores.

ECO-Acordo Mercosul

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Mercosul-UE, um acordo histórico de livre-comércio

Em um marco histórico para a integração econômica global, Mercosul e União Europeia fecharam, nesta sexta-feira, acordo de livre-comércio, após 25 anos de negociações. O anúncio ocorreu durante a cúpula do Mercosul, em Montevidéu, com a presença de líderes sul-americanos e da presidente do Conselho Europeu, Ursula von der Leyen.

O objetivo do acordo é facilitar o comércio entre os dois blocos, que têm PIB (Produto Interno Bruto) combinado de US$ 22 trilhões. O potencial é de atingir 718 milhões de consumidores. No caso do Brasil, o pacto pode elevar o PIB em 0,5% ao ano, conforme projeções do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

O acordo, no entanto, ainda não foi assinado. Precisa seguir um longo caminho de validação nos dois blocos econômicos (veja arte) e enfrenta resistência de país europeus, como a França e Itália.

Na UE, a aprovação passa pelo Conselho da União Europeia e pelo Parlamento Europeu, que reúne todos os países do grupo. Essa etapa é avaliada como a mais desafiadora, pois depende do consenso da maioria qualificada do bloco. O pacto precisa ser aprovado por, pelo menos, 15 dos 27 integrantes da União Europeia, representando 65% da população do bloco econômico, além de uma maioria simples no Parlamento Europeu.

Em nota, a União Europeia disse que o fim das negociações sobre os termos constitui apenas o “primeiro passo em direção à conclusão do acordo”. A França, país que tem protestado contra o acordo, tem articulado com outros países para barrar o acordo.

Em discurso na cúpula, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfatizou as mudanças nas negociações que permitiram fechar o pacto. “O acordo que finalizamos hoje é bem diferente daquele anunciado em 2019. As condições que herdamos eram inaceitáveis. Foi preciso incorporar ao acordo temas de relevância para o Mercosul”, destacou. “Conseguimos preservar nossos interesses em compras governamentais, o que nos permitirá implementar políticas públicas em áreas como saúde, agricultura familiar, ciência e tecnologia.”

As negociações entre Mercosul e União Europeia enfrentaram entraves, como disputas sobre tarifas agrícolas, questões ambientais e barreiras regulatórias. Segundo Lula, a versão final do acordo reflete avanços significativos para garantir equilíbrio nas relações comerciais e respeito às necessidades dos países do bloco sul-americano.

“Foi um trabalho árduo, mas conseguimos assegurar que as cláusulas do tratado reflitam os princípios de desenvolvimento sustentável e equidade comercial”, ressaltou. Ele também afirmou que o pacto será benéfico para a competitividade das economias do Mercosul e para a geração de empregos nos países membros.

“A União Europeia e o Mercosul criaram uma das alianças de comércio e investimentos maiores que o mundo tenha visto. Estamos formando um mercado de mais de 700 milhões de consumidores”, ressaltou Ursula Von der Leyen.

No Palácio do Planalto, o vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou que o acordo entre os blocos econômicos representará um grande avanço na economia brasileira. Segundo ele, as exportações do Brasil para a UE podem crescer 6,7% na agricultura, 14,8% nos serviços e 26,6% na indústria de transformação.

“Estamos falando de 27 países da União Europeia, os mais ricos do mundo, são muitas oportunidades. Pode ajudar a fazer o PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil crescer, as exportações brasileiras crescerem, a renda e o emprego, e também ajudar a reduzir a inflação. Então, é uma agenda extremamente positiva e, depois de anos e anos de negociação, finalmente se celebra o anúncio deste acordo”, enumerou Alckmin, também ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.

A ministra do Comércio Exterior da França, Sophie Primas, afirmou que o país lutará contra a conclusão. “O que está acontecendo em Montevidéu não é a assinatura do acordo, mas a conclusão política da negociação. Isso não vincula os Estados-Membros”, escreveu em sua conta na rede social X. “A França lutará em cada passo do caminho ao lado dos Estados membros que partilham a sua visão.”

Em Montevidéu, Ursula Von der Leyen mencionou a resistência francesa. Ela mandou um recado para os agricultores do país europeu que estão protestando contra o acerto. “Aos nossos agricultores: ouvimos suas preocupações e estamos agindo de acordo com elas”, declarou.

Mesmo no Mercosul há quem destoe. Caso do presidente da Argentina, Javier Milei. “O Mercosul, que nasceu com a ideia de aprofundar nossos laços comerciais, se converteu em uma prisão, que não permite que seus países membros aproveitara suas vantagens comparativas e potencial exportador”, disparou ele, que assumiu o comando da cúpula do Mercosul para o encontro do bloco, no ano que vem.

O presidente argentino tem representado um empecilho nos acordos internacionais, como foi no G20, em que ele resistiu até o último dia para aderir à Aliança Global contra a Fome e a Pobreza e também para assinar a declaração dos chefes de Estado.

No entanto, especialistas consultados pelo Correio analisaram que o interesse comercial, no acordo entre blocos econômicos, será maior. “Acho que o risco de empacar o acordo com a União Europeia por conta da Argentina é baixo. O agro argentino, tal qual o brasileiro, está muito feliz com a conclusão desse acordo”, acredita o cientista político, Leandro Consentino.

“Agora, há uma dificuldade inerente ao Mercosul com a Argentina. O Milei é um crítico muito forte do arranjo em que o Mercosul se tornou por conta da tarifa externa comum, por conta de todas as exportações argentinas e os acordos precisarem passar pelo crivo do Mercosul. Então, nesse sentido, internamente, a questão do Mercosul pode sofrer algumas dificuldades. O acordo em si, eu acho que ele vai ter adversários maiores”, acrescentou o especialista.

Especialista em direito internacional, Mariana Cofferri avalia que a aprovação do acordo, neste momento, traz protagonismo forte para o Brasil. “O anúncio do acordo Mercosul e UE traz ao Brasil uma vitória no campo da política externa internacional, principalmente diante do cenário de novo protagonismo brasileiro. O Acordo avança na cooperação política, ambiental e macro regional. Outro tema controverso que é trazido no acordo, que se alinha com o discurso internacional brasileiro, é de cooperação em governança global”, comenta.

Segundo Marcelo Godke, sócio do Godke Advogados e especialista em direito internacional empresarial, os tratados costumam gerar duas grandes consequências. “Primeiramente, a redução de impostos de importação e outras barreiras não tarifárias permitem que produtos de países mais competitivos entrem no mercado, o que pode ocasionar perda de empregos em setores menos competitivos”, diz. Contudo — ele acrescenta — em áreas em que um país apresenta maior competitividade, esses acordos possibilitam acesso a mercados antes inviáveis, favorecendo a exportação e reduzindo custos, o que aumenta a competitividade.

“Embora possam existir impactos negativos pontuais, como perdas de emprego em determinados setores, a liberalização comercial frequentemente resulta em crescimento econômico global. No entanto, setores com forte influência política, como o agrícola na França, podem gerar resistência a esses acordos, dificultando negociações em bloco. É por isso que os Estados Unidos, por exemplo, preferem negociações bilaterais, que geralmente oferecem maior êxito”, explica Godke.

A negociação entre blocos é mais complexa e frequentemente resulta em acordos abaixo do esperado. “A França, como membro da União Europeia, pode, em tese, barrar avanços em negociações cruciais entre blocos, mesmo quando o potencial benefício é enorme, abrangendo mais de 700 milhões de pessoas e trilhões de PIB”.

O advogado acredita que, apesar de setores específicos serem prejudicados, os benefícios gerais tendem a superar as perdas. “Acordos de livre-comércio negociados bilateralmente são geralmente mais eficazes e rápidos de implementar do que os realizados entre blocos, que podem levar décadas para serem assinados e colocados em prática. Penso que esse acordo é importantíssimo. Ele levou muito tempo, deu muito trabalho para ser concretizado, era preciso ver esses acordos efetivamente assinados e implementados”, conclui.

Para Marcelo Vitali, diretor da How2Go, o pacto representa um marco para empresas e consumidores. “Apesar de ainda dependermos da aprovação pelo Parlamento Europeu e de outros trâmites internos, há um otimismo no setor privado em relação aos benefícios que esse tratado pode proporcionar”, afirmou. “Consumidores terão acesso a produtos de maior qualidade e preços mais competitivos, enquanto novas oportunidades econômicas se abrem para ambos os lados. Estamos confiantes de que, em três ou quatro anos, veremos os frutos dessa integração se concretizarem”, frisa.

Segundo Vitali, o tratado simboliza mais do que uma parceria comercial: é uma oportunidade para fortalecer a cooperação internacional e abrir novas perspectivas econômicas para empresas e consumidores.

ECO-Acordo Mercosul

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