Um município sustentável deve ter transporte público de qualidade, área verde ampla, coleta seletiva de lixo e baixo índice de poluição, entre outros itens. Tudo isso será lembrado hoje no Agenda Salvador, que será realizado na sede da Fieb a partir das 8h.
O evento, com inscrições gratuitas, é uma realização do CORREIO com apoio da Prefeitura de Salvador e da Câmara Municipal. Ricardo Voltolini, consultor em sustentabilidade, e José Guilherme Barbosa, superintendente do Sebrae de Mato Grosso, serão os palestrantes.Mas um município sustentável não depende somente das medidas tomadas pelo poder público citadas acima. Em Salvador e na Região Metropolitana, já se podem encontrar iniciativas de empresários e algumas instituições que saem na frente quando se fala em sustentabilidade. Uma dessas empresas é a Salve Terra, que, além de ter uma linha de produtos ecológica, adota ações sociais sustentáveis.
Malha PET
A empresa, criada pela artista plástica Márcia Menezes, vende peças de vestuário que usam malha PET como matéria-prima. O material é composto de 50% de algodão e 50% de poliéster derivado de garrafa PET. As estampas da grife são voltadas para a preservação do meio ambiente.
Além disso, Márcia usa as garrafas plásticas como matéria-prima para confeccionar pulseiras e colares, além de embalagens para presente. Sem loja física, a Salve Terra adotou pontos móveis de venda, preferencialmente ao ar livre, em eventos como a Feira da Cidade e o Boa Praça.
A sustentabilidade proposta pela empresa não se restringe aos seus produtos, mas faz parte da filosofia dos sócios, como diz um deles, Guilherme Menezes: “Nos preocupamos também com questões sociais e adotamos algumas ações em comunidades de Salvador. Ensinamos, por exemplo, donas de casa a fazerem sabão usando óleo de cozinha usado. E muitas delas, além de usarem o produto em casa, aproveitam para vendê-los”. Assim, a Salve Terra contribui para o meio ambiente, dando destino ao óleo usado, e ainda dá a oportunidade a famílias para que aumente sua renda.
Em Lauro de Freitas, o Grupo BB também tem contribuído para a sustentabilidade. A empresa, que fabrica brindes, adota, há cinco anos, uma linha de produtos premium, feitos a partir de fibra de coco. Resíduos de madeira, restos de móveis e caixinha de Tetrapak também funcionam como matéria-prima.
O produtos confeccionados a partir da fibra de coco correspondem a, aproximadamente, 20% das vendas da empresa. “Esses itens custam mais caro que aqueles feitos com plástico. Por isso, os clientes menores ainda têm uma certa resistência em adquiri-los. Mas as grandes empresas já estão se conscientizando porque adotam uma política de sustentabilidade”, diz Plinio Bevervanso, diretor presidente da empresa.
O coco usado para a fabricação dos produtos da BB é adquirido de cooperativas de catadores, o que estimula a geração de renda para muitas famílias. A empresa adotou também algumas medidas de cunho social, como o Liga da Esperança. “Entendemos que, para estar bem no trabalho, o funcionário precisa estar bem na vida pessoal. Então, mapeamos as escolas onde os filhos dos funcionários estudavam e fizemos um levantamento das carências delas. Vimos que as escolas precisavam de alguns materias e passamos a fornecer gratuitamente para eles canecas e outros itens”, diz Plinio.
Empreendedorismo
A organização não governamental Parque Social, apoiada pela prefeitura de Salvador, atua em comunidades como o Bairro da Paz e o Pelourinho disseminando o empreendedorismo. Uma das principais missões da instituição é promover a mobilidade social, segundo sua diretora-presidente, Rosário Magalhães.
“As pessoas que atendemos não recebem as coisas prontas, porque isso seria assistencialismo. Por isso, adotamos o programa Comunidade Empreende, de que as pessoas participam desde o início da implantação. Assim, o Parque Social respeita a cultura e a história daquela comunidade”, diz Rosário.
No Bairro da Paz, os participantes do Comunidade Empreende criaram equipamentos como muletas e bengalas para portadores de deficiência, usando materiais descartados em construções.
Os empreendedores baianos que desejam adotar medidas sustentáveis podem buscar orientação na Unidade de Inovação e Acesso à Tecnologia do Sebrae – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. A instituição auxilia o empreendedor a adotar ações voltadas ao meio ambiente, à segurança e à saúde no trabalho.
Eduardo Garrido, analista técnico do Sebrae, explica que a organização dispõe de um banco de prestadores de serviço que podem ser contratados pelos empreendedores interessados. “Esses prestadores de serviço podem prestar consultorias e auxiliar, por exemplo, a empresa contratante a distribuir melhor sua energia. Assim, haverá economia de dinheiro e a empresa estará contribuindo para preservar o meio ambiente”.
Fonte: Correio 24 Horas
